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Mundo

Corte de Haia mantém prisão perpétua para ‘açougueiro dos Bálcãs’

Por Agência Estado

09 de junho de 2021, às 07h35 • Última atualização em 09 de junho de 2021, às 11h11

O Tribunal Penal Internacional da ex-Iugoslávia confirmou nesta terça-feira, 8, a condenação à prisão perpétua do ex-líder militar servo-bósnio Ratko Mladic, condenado por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos durante a Guerra da Bósnia (1992-1995). O veredicto é final e não cabe recurso.

Apelidado de “açougueiro dos Bálcãs”, o ex-general de 79 anos havia sido condenado, em primeira instância, em 2017, por seu papel no massacre de Srebrenica, o pior na Europa desde a 2.ª Guerra, quando mais de 8 mil pessoas foram assassinadas na cidade da Bósnia-Herzegovina, em julho de 1995. O massacre ocorreu durante guerra civil da ex-Iugoslávia que, entre 1992 e 1995, deixou mais de 100 mil mortos e 2,2 milhões de refugiados. Segundo estimativas, mais de 50 mil mulheres foram estupradas.

“Este é um dia histórico, não só para nós, mães, mas também para os Bálcãs, Europa e mundo”, declarou Munira Subasic, presidente de uma das associações de “mães de Srebrenica”. Mladic “é um monstro que não se arrependeu do que fez, mesmo depois de 26 anos.” O presidente americano, Joe Biden, declarou que “o julgamento histórico mostra que quem cometer crimes horríveis será responsabilizado”.

Mladic foi condenado em 10 das 11 acusações – entre elas limpeza étnica, terrorismo, tomada de reféns e ataques ilegais contra civis, especialmente croatas e muçulmanos. Os cinco juízes do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia – criado pela ONU 25 anos atrás – também atenderam ao pedido do procurador da ONU, Serge Brammertz, para incluir genocídio, acusação que sua defesa considerava infundada.

O “açougueiro” comandava milícias sérvias que se opuseram à independência da Bósnia e lutaram para anexá-la à Sérvia. Ele liderou a conquista de Srebrenica, cidade então designada como zona de segurança pela ONU e protegida por soldados de paz holandeses – que portavam apenas armas leves.

Sob o comando do general, durante dez dias, foram separados e depois expulsos idosos, mulheres e crianças. Todos os homens e jovens em idade de lutar foram levados a florestas da região, executados e jogados em valas comuns – cerca de 1.200 vítimas não foram identificadas até hoje.

Mladic foi condenado por uma série de acusações, incluindo ataque e assassinato de civis durante o cerco de 43 meses na capital da Bósnia, Sarajevo. Ele sempre afirmou que estava apenas cumprindo ordens militares e não manifestou nenhum remorso durante o processo.

Mladic, que serviu no Exército iugoslavo, foi nomeado comandante do Exército sérvio na Bósnia em maio de 1992. Após ser acusado pelo massacre de Srebrenica e por crimes de guerra, Mladic a princípio viveu abertamente no quartel-general militar sérvio, mas depois se escondeu e continuou fugindo. Ele foi capturado em 2011 e enviado a Haia para ser julgado.

O último recurso no caso Mladic ocorre em um momento de crescente fervor entre os grupos nacionalistas sérvios que estão empenhados em reescrever a história do conflito, negando acusações de crimes de guerra e banindo referências ao episódio nos livros escolares.

Criminosos de guerra condenados estão sendo saudados como heróis. Na Sérvia, uma residência estudantil leva o nome de Radovan Karadzic, ex-líder político servo-bósnio que cumpre prisão perpétua por crimes de guerra. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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