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Mundo

Biden indica senadora negra como vice e busca voto nos dois extremos do partido

Por Agência Estado

12 de agosto de 2020, às 07h10 • Última atualização em 12 de agosto de 2020, às 14h01

O candidato democrata Joe Biden escolheu ontem a senadora Kamala Harris como vice de sua chapa na disputa pela presidência americana. Ela é a primeira negra a compor uma chapa presidencial e a terceira mulher a concorrer como vice nos EUA. Como Biden tem 77 anos, Kamala é considerada uma potencial sucessora de Biden em 2024, caso ele seja eleito.

Filha de pai jamaicano e mãe indiana, Kamala deve atrair o voto de minorias – negros e latinos -, mulheres e jovens. Em 2016, a ausência desse eleitorado, que tradicionalmente é cativo dos democratas, foi crucial na derrota de Hillary Clinton para Donald Trump.

Mas Biden também não pode abrir mão da percepção de ser um moderado, de olho em eleitores brancos e independentes, o que deu ainda mais força a Kamala. Senadora pela Califórnia, de 55 anos, ela é vista como uma política pragmática, centrista e disposta a flexibilizar opiniões para compor com o establishment democrata, o que dificultaria as tentativas de Trump de defini-la como “radical de esquerda”.

Biden disse que escolheu Kamala porque ela “está pronta para liderar” e “entende como ninguém o sofrimento dos americanos”. O ex-presidente Barack Obama foi um dos primeiros a elogiar a indicação. “Conheço Kamala Harris há muito tempo. Ela está mais que preparada para o cargo”, escreveu Obama no Twitter. As reações de outros democratas também foram positivas. “Kamala fará história como vice-presidente”, disse o senador Bernie Sanders. “É uma chapa histórica”, afirmou Hillary.

Kamala foi rival e crítica de Biden na disputa pela nomeação do Partido Democrata, nas primárias do ano passado, mas se aproximou dele nos últimos meses. Seu nome ganhou força com o surgimento dos protestos contra o racismo, em junho.

A senadora era criticada pela ala progressista do partido em razão de seu desempenho como procuradora da Califórnia, quando manteve uma atuação dura contra o crime, o que afetou principalmente os negros. Quando ocupou o cargo, Kamala não teria pressionado por reformas no sistema criminal e seria responsável pela condenação de um inocente.

Recentemente, porém, ela atenuou esta imagem ao se juntar aos protestos contra o racismo e pela reforma da polícia. Ao se tornar uma voz importante nas manifestações, ela parece ter diminuído o volume das críticas sobre seu passado como agente da lei.

Ao todo, ao menos 11 mulheres tiveram as fichas analisadas pelo comitê de campanha de Biden. Ontem, depois de avisar seus assessores que havia finalmente tomado a decisão, ele passou a tarde telefonando para as candidatas que não haviam sido escolhidas.

Aos 77 anos – Biden faz 78 em novembro -, o candidato democrata pode se tornar o presidente americano mais velho a tomar posse, um fato que colocou um peso ainda maior na escolha por três razões. A primeira é o risco de Biden precisar se ausentar da Casa Branca, ainda que temporariamente, para algum tratamento médico, a despeito de estar em boas condições de saúde.

A segunda vem do fato de Biden, também em razão da idade, ser visto por muitos como um presidente de um mandato só – o que leva a vice a ser imediatamente credenciada como virtual candidata democrata em 2024.

Além disso, Biden precisava sinalizar que está atento aos movimentos pela renovação do partido, que organizou as primárias com a maior diversidade da história, com duas mulheres em posição competitiva e o primeiro pré-candidato assumidamente gay.

Kamala preenchia ainda mais um requisito buscado por Biden: a proximidade. Durante o tempo em que foi procuradora da Califórnia ela ficou amiga de Beau, filho de Biden, que ocupava o mesmo cargo pelo Estado de Delaware e morreu em 2015.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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