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Mundo

Argentina não tem plano B ao Mercosul, diz cientista político

Por Agência Estado

16 de agosto de 2019, às 15h12 • Última atualização em 16 de agosto de 2019, às 15h22

O cientista político Guillermo Rodríguez Conte argumenta que seria muito difícil para a Argentina fechar as portas ao mundo no comércio, em um eventual governo do oposicionista Alberto Fernández. “A Argentina não tem plano B ao Mercosul”, afirmou o analista, consultor na Prospectiva Consulting e professor em Buenos Aires. “O Brasil é grande, pode fazer um show sozinho, mas a Argentina não”, complementou. O assunto veio à tona nesta semana, após o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, ter dito na quinta-feira que se Fernández vencer e quiser fechar o Mercosul, atrapalhando o acordo com a União Europeia, o Brasil sairá do bloco.

As declarações de Rodríguez Conte foram dadas durante Webinar organizado pela GO Associados, em evento moderado por Gesner Oliveira, sócio desta consultoria e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP). Rodríguez Conte avalia que, após o resultado das primárias do último domingo, o presidente Mauricio Macri tem contra si um cenário “irreversível”. “É muito difícil que vá mudar” o quadro no primeiro turno, em 27 de outubro, aposta, dizendo que esta também tem sido a avaliação dos agentes dos mercados financeiros.

Fernández é um advogado portenho e professor universitário. Ele tem como atributos positivos sua moderação, avalia o cientista político. Por outro lado, deve assumir num contexto de engessamentos na política, diante da crise econômica, da dívida e dos conflitos sociais. Há ainda a dúvida sobre qual será o papel da vice de sua chapa, a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015). Mas o analista ressalta que o possível próximo presidente argentino figura bem mais ao centro, tendo inclusive se afastado da então presidente Cristina, para depois voltar a se reaproximar dela desde o fim de 2017.

Rodríguez Conte disse que as propostas de Fernández até agora incluem a redução da chamada taxa de referência, aquela que o governo paga aos bancos para reduzir a massa monetária; a recomposição salarial; o corte de impostos de economias regionais e da indústria para incentivar exportações; conter o dólar; desativar as operações de Letras de Liquidez (Leliq); e ainda reestruturar a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O candidato oposicionista agora favorito também fala em desatrelar da cotação do dólar tarifas como água e luz e os preços dos combustíveis.

Para o analista, a dívida argentina será um problema nos próximos anos. Ele lembra que o país terá, entre 2021 e 2022, que pagar mais de US$ 50 bilhões ao FMI. “Isso é impossível para Macri, para Fernández e para qualquer um que seja eleito em outubro”, comentou. Além disso, o cientista político ressalta a pressão trazida pelo quadro social, ao lembrar que 35% da população argentina atualmente se enquadra na pobreza. Ele ainda lembrou que boa parte dessa pobreza se concentra num raio de 10 quilômetros da sede do governo, na região metropolitana da capital.

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