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Seu valor

Cuidar do dinheiro exige maturidade

Maioria dos jovens deixa se levar pela falsa sensação que, por dominarem a tecnologia, estão preparados financeiramente

Por Agência Estado

23 de junho de 2019, às 09h46 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 10h41

Os jovens são bem mais receptivos às novas tecnologias na hora de cuidar de suas finanças. Mais antenados com as recentes modalidades para investir o dinheiro, levantar um crédito ou simplesmente manter uma conta corrente.

Não há maiores barreiras nem receio em fazer todas essas operações de forma remota, pela internet, sem conhecer o profissional ou mesmo ter uma conversa cara a cara com quem cuidará de seu patrimônio. Hoje, basta ter o aplicativo no celular para ir dando conta das tarefas financeiras.

Foto: Divulgação
Na hora de cuidar do dinheiro, a maturidade pode ajudar a equilibrar os gastos

Toda essa desenvoltura, no entanto, não lhes confere o passaporte de bons administradores de seu dinheiro. Em pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 47% admitem não ter o controle de suas finanças.

Várias das respostas foram surpreendentes para um grupo formado por entrevistados de 18 a 24 anos. Em uma geração, conhecida como Geração Z, que cresceu em ambiente digital, com acesso a grandes quantidades de informação, recursos tecnológicos e propensão ao auto aprendizado, 19% disseram não saber como fazer para administrar bem as finanças; 18% disseram sentir preguiça; 18%, não ter hábito ou disciplina, e 16%, não ter rendimentos.

Entre os que acompanham suas receitas e despesas, embora estejam conectados ao mundo digital, com os mais diferentes tipos de planilhas eletrônicas, 26% revelaram utilizar o tradicional bloquinho de papel para organizar o orçamento.

A grande maioria dos participantes trabalha (78%), sendo que boa parte (36%) com carteira assinada e 23% estão alocados em vaga informais, fazendo bicos ou atuando como freelancer. Ao mesmo tempo, 22% dos consultados afirmam não ter nenhum tipo de renda. Dos que recebem rendimentos, 52% disseram ter dinheiro guardado.

A modernidade também não apareceu quando a questão foi referente aos tipos de investimento feitos pelos jovens: 53% disseram guardar suas economias na caderneta de poupança, 25% em casa e 20% na conta corrente. Ou seja, em segmentos que rendem muito pouco ou quase nada. E isso quando eles têm à disposição aplicativos que podem sugerir e empregar o dinheiro de forma eficiente e rentável.

Entre os que possuem algum tipo de poupança, o fazem para a cobertura de imprevistos (33%), realização de uma viagem (21%) e compra da casa própria (19%). Os que não guardam, 51% alegaram que nunca sobra dinheiro, 22% que não têm disciplina e 19% que se sentem desestimulados e sem esperança de juntar um bom valor a longo prazo, já que sobra pouco a cada mês.

O estudo mostrou ainda que 65% dos entrevistados colaboram financeiramente com o sustento da casa. Considerando os gastos mensais pagos com o próprio dinheiro, nove em cada dez indicaram alguma despesa. Na primeira posição apareceu o item alimentação, com 51%. Na segunda, vestuário, com 43%; na terceira, produtos de higiene e beleza; na quinta, TV por assinatura e internet, com 31%; na sexta, contas de serviços básicos como água e luz.

Em relação aos hábitos de consumo, 56% admitem que costumam ceder aos impulsos quando querem muito comprar algo:quando isso acontece 47% perdem a noção de quanto podem gastar com o lazer; 34% querem ter um produto que a maioria de seus amigos têm. A forma como gastam o dinheiro, segundo 32% das respostas, leva a brigas com os pais ou marido ou mulher.

É relativamente elevado o número de jovens que já tiveram o nome negativado (37%). Entre as principais razões para a negativação foram apontados a perda do emprego (24%), falta de planejamento dos gastos (21%) e empréstimo do nome para terceiros (20%).

Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, “embora a crise econômica e o desemprego elevado ajudem a explicar as dificuldades financeiras dos jovens, é preciso ressaltar a importância de investir na formação e na educação financeira deles”. O executivo destaca que “essa geração tem a seu favor a familiaridade com a tecnologia e o pensamento lógico, além da fluidez ao transitar entre os ambientes físicos e online, e a aptidão de absorver e compreender novas formas de interação social mediadas pelos aplicativos e ferramentas online, bem como colocar ideias novas em prática”.

Outro indicativo de despreparo é a falta de visão em relação ao seu futuro financeiro: 75% não se preocupam nem fazem uma provisão para a aposentadoria. Entre os 25% que aplicam o dinheiro com esse objetivo, 26% afirmaram guardar na caderneta de poupança, 21% citaram o recolhimento ao INSS pelo patrão; e 21% optam pelos planos de previdência privada.

Costa disse que “os jovens precisam ter objetivos financeiros claros e aprender a controlar o imediatismo e os impulsos de consumo, evitando gastos excessivos desde cedo, isso para que possam alcançar as metas traçadas para o futuro”, afirma o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas.

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