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Consumo consciente: repensando os hábitos

Ações não implicam apenas mudanças no próprio estilo de vida, mas se propagam também para outros agentes da sociedade

Por Agência Estado

29 de outubro de 2019, às 10h05 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 10h38

O movimento do consumo consciente existe pelo mundo fora há mais de cem anos, mas por aqui ganhou força na primeira década deste século. Ele surgiu diante da constatação da limitação e finitude dos recursos naturais, como água, energia, alimentos e outras matérias-primas para atender às necessidades da população do planeta. Consumimos bem mais do que a natureza pode nos proporcionar, e isso vai resultar em escassez e falta desses recursos para as gerações futuras.

Por isso, o consumo consciente propõe repensar nossos hábitos e em um leque amplo de abordagem, da comida que comemos, das roupas que vestimos ao crédito que tomamos, ao lixo que descartamos. Mais ainda, são ações que não implicam apenas mudanças no próprio estilo de vida, mas se propagam para outros agentes da sociedade, ao escolhermos produtos e serviços de empresas que também se preocupam com o problema e adotaram normas mais responsáveis.

Além do cuidado com o futuro, o efeito mais prático e imediato da adoção de práticas desse consumo moderado é a economia para o bolso. As razões parecem ser convincentes para maior reflexão na escolha do que comprar, de quem comprar, quando comprar, como usar e descartar o que não serve mais.

Mesmo assim, a grande maioria dos brasileiros, 97%, têm dificuldade em colocar em prática o consumo consciente. É o que revela pesquisa recente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Entre os principais obstáculos para a vivência de hábitos mais responsáveis foram apontados o alto preço dos produtos orgânicos (37%) e entraves na separação do lixo para reciclagem (32%). Ao mesmo tempo, 30% reconhecem não conseguir reduzir a geração de lixo, enquanto outros 30% afirmam encontrar barreiras para engajar os vizinhos nesse movimento.

O estudo também mostra que no País a visão do consumo consciente está mais voltada para ao aspecto financeiro, porque para 41% dos entrevistados a adoção desse tipo de atitude e ser sustentável significam ter hábitos que evitem o desperdício e as compras desnecessárias.

Enquanto isso, 32% reconhecem a necessidade de reflexão sobre as consequências de uma compra, seja pelos impactos sociais, ambientais ou econômicos gerados na produção daquele produto. Outros 14% se preocupam com ações que resultem na economia de dinheiro e outros 11% admitem a correlação entre a economia de dinheiro e a preservação do meio ambiente.

Os participantes da pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) foram convidados a se autoavaliarem sobre a adoção do consumo consciente no dia a dia, em que a nota 1 corresponde a ‘nada consciente’ e 10 a ‘muito consciente’ – a média ficou em 7,7.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que, “embora muitos não consigam definir corretamente o que vem a ser consumo consciente, a percepção em relação às próprias ações no dia a dia é positiva”. Ainda assim, em alguns aspectos, essa autoimagem não corresponde totalmente à realidade, segundo ela.

O levantamento indica que existe a consciência de que as consequências das mudanças climáticas e do consumo desenfreado são um problema que diz respeito a toda a sociedade. Para 98% dos que responderam, o consumo inadequado ou excessivo dos recursos naturais do planeta gera impactos no meio ambiente. Desse total, 50% mencionaram as mudanças climáticas, 45% a falta de água e 42% a poluição e a baixa qualidade do ar.

Seis em cada dez entrevistados, ou 60%, acreditam que o consumo não consciente visa atingir a todos, e 92% admitem que a preservação do planeta a partir de atitudes concretas depende de toda a população. Já 46% consideram que a principal vantagem em adotar práticas sustentáveis é sentir satisfação em fazer algo positivo para o futuro, enquanto 43% citaram a sensação de dever cumprido.

A necessidade de fazer o consumo consciente se propagar pela sociedade é percebida pela grande maioria dos consumidores: 75% pesam na decisão de compra produtos fabricados por empresas que investem em projetos sociais e ambientais. Para 89%, um aspecto bem valorizado é conhecer a origem dos produtos que são consumidos, em especial os industrializados, 45%, os animais, 39%, e os orgânicos, 37%.

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