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Coronavírus

OMS decreta pandemia, aversão ao risco cresce e taxas futuras disparam

Por Agência Estado

11 de março de 2020, às 18h01 • Última atualização em 12 de março de 2020, às 10h14

A oficialização por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que o surto de coronavírus é uma pandemia resgatou o modo pânico nos mercados, empinando a curva de juros doméstica a partir do meio da tarde. O movimento penalizou principalmente as taxas longas, que fecharam a sessão regular com alta de mais de 70 pontos-base – perto de 90 nas máximas do dia. Mesmo o trecho curto não passou ileso, ainda que, em tese, estas taxas deveriam estar mais comportadas na medida em que a decisão da OMS eleva o risco de haver uma recessão global e a necessidade de medidas de estímulo monetário por parte dos bancos centrais. Ainda assim, na curva a termo, a precificação mostra que a aposta de queda da Selic arrefeceu e a de manutenção no patamar de 4,25% no Copom de março passou a ser majoritária.

A acelerada zeragem de posições na etapa vespertina catapultou os volumes e no fim da sessão regular nenhuma das principais taxas da ponta curta se sustentava abaixo dos 4%. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a 4,215%, de 3,899% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 encerrou na máxima de 5,03%, de 4,521% ontem. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 7,60%, de 6,842% ontem, e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 7,311% para 8,02%.

A quarta-feira já era movimentada pela manhã. O corte inesperado de juros pelo Banco da Inglaterra deu alívio aos mercados e, no Brasil, a divulgação do IPCA de fevereiro (0,25%) acima do teto das estimativas (0,21%) coletadas pelo Projeções Broadcast não afetou a percepção de que a inflação de 2020 ficará perto, ou até abaixo, de 3%. No começo da tarde, as expectativas por um detalhamento do plano fiscal nos Estados Unidos em resposta ao coronavírus acionou o modo cautela, atualizado para modo pânico depois do anúncio da OMS.

A oficialização da pandemia eleva os risco à mobilidade e de aumento do número de zonas de restrições e quarentenas, piorando ainda mais as preocupações com a demanda e canais de produção. Com isso, os investidores redobraram as atenções sobre medidas imediatas das autoridades para conter os danos.

Renan Sujii, estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, afirma que cresceu o risco de vermos o quadro de coronavírus visto da Itália se repetir na Alemanha e França, o que, junto com a crise do petróleo, “bagunça ainda mais o cenário”. “Para os juros, a situação é dúbia. O viés externo é deflacionário e deve fazer o Banco Central voltar atrás em sua decisão de interromper o ciclo de afrouxamento monetário. A chance de o dólar contaminar a inflação caiu muito e é um risco que o BC deve estar disposto a correr”, avaliou.

Apesar disso, cálculos do Haitong Banco de Investimentos apontam precificação de queda da Selic de apenas 9 pontos-base na curva no Copom da próxima semana, o que significa 65% de chance de estabilidade e 35% de corte de 0,25 ponto – ontem, era perto de 80%. Vale ponderar que esse quadro pode estar um pouco “poluído” por movimentos mais técnicos do que com base em fundamentos.

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