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Covid-19

‘Não há vacina disponível para vender a empresas’, diz presidente da Drogasil

Em entrevista, presidente da maior rede de farmácias do Brasil afirma que grandes laboratórios só estão fechando acordos com governos

Por Agência Estado

19 de abril de 2021, às 08h04 • Última atualização em 19 de abril de 2021, às 08h37

Com 2,4 mil lojas, a Raia Drogasil (RD), maior rede de farmácias do Brasil, poderia lucrar com a vacinação contra a Covid-19 pelo setor privado. Porém, segundo o presidente da companhia, Marcilio Pousada, ainda não é hora de se pensar nessa possibilidade – até porque, segundo ele, não há estoque nos grandes laboratórios para compras que não sejam feitas por governos.

“Os laboratórios não têm vacina (para a iniciativa privada). Fui falar com a Pfizer, temos relacionamento centenário com a Janssen. Eles vão falar com o governo, que é o agente imunizador. Primeiro é o governo”, afirma Pousada.

Ele diz que entrar em disputa com a administração pública pode inflacionar o preço das vacinas – o que não é do interesse de ninguém neste momento.

Para o executivo, a vacinação poderia estar caminhando mais rápido no Brasil caso a pandemia tivesse sido encarada com a necessária urgência. “Deveríamos ter sido mais diligentes. Faltou cooperação e senso de urgência. Com a vacina, a economia anda – nisso concordo com o ministro da Economia (Paulo Guedes).”

Ele diz que o debate sobre a imunização pelo setor privado – por clínicas particulares, por empresas fazendo campanhas para funcionários ou pelas drogarias – deve ficar para o segundo semestre, depois da finalização da vacinação de todos os grupos prioritários.

O que o sr. acha da proposta de compra de vacinas por empresas privadas?

O Programa Nacional de Imunização (PNI) brasileiro é genial, poucos países do mundo conseguem vacinar na velocidade do Brasil – isso quando o PNI é bem organizado. Então, nós temos de apoiar o PNI. Não acho que seja hora de empresa vacinar, temos de vacinar os grupos prioritários, apoiar os esforços do governo. É isso o que os empresários têm de fazer agora.

E como a RD tem feito isso?

A gente se aproximou das prefeituras, a partir de agosto do ano passado, para ajudar os secretários municipais. Estamos transformando nossas lojas em postos para atender a população via sistema público na cidade de São Paulo. Quem vacina dentro do nosso espaço é o funcionário da prefeitura. Estamos super engajados em ajudar o governo a dar vacina, e não em sair comprando vacina.

Empresários querem comprar vacinas, mas há doses disponíveis para a iniciativa privada?

Os laboratórios não têm vacina (para a iniciativa privada). Fui falar com a Pfizer, temos um relacionamento centenário com a Janssen. Eles vão falar com o governo, que é o agente imunizador. Primeiro é o governo, depois são outras entidades. Temos de completar os grupos prioritários.

No futuro, a Raia Drogasil pode vender vacina?

Depois que o PNI tomar a decisão, as clínicas de imunização poderão ajudar com a vacina, tanto com vacina privada quanto ajudando o governo (a aplicar as doses compradas pelo setor público) – eu acho essa última opção a mais certa. Se a iniciativa privada for comprar vacina (agora), vai inflacionar o preço. Pode ser que no segundo semestre, depois que a vacinarmos todos os grupos prioritários – maiores de 60 anos, comorbidades, profissionais de saúde, da segurança pública e professores -, possamos começar a pensar nisso.

A pandemia trouxe aprendizados para o negócio da RD?

Trouxe duas coisas definitivas: a omnicanalidade, que é deixar o cliente escolher se vai à loja, se é atendido por telefone ou WhatsApp. E houve também uma ressignificação do que significa a farmácia, e isso ficou claro nos testes para covid como um hub de saúde. Temos pessoal treinado para fazer os testes, e fizemos 7% do total de testes de covid. Agora estamos com a campanha de vacinação de gripe.

O plano de abrir mais de 200 lojas ao ano continua em pé?

Vamos abrir 240 lojas por ano – fizemos isso pelo quarto ano seguido em 2020. Chegamos a 53 novos municípios, para um total de 403. O processo continua o mesmo, embora seja mais difícil e mais custoso. Mas seguimos com o guidance (objetivo) de 240 lojas. Já abrimos 40 no primeiro trimestre.

Qual é sua avaliação do desempenho do governo na pandemia?

O combate à pandemia não pode ser político, tem de ser técnico. Com a excelência do Brasil em aplicar vacinas, se a gente tivesse entrado com mais força e comprado vacina… Sabendo que iria ter esse problema de escassez em todo o mundo, deveríamos ter sido mais diligentes no passado. Faltou cooperação e senso de urgência. Com a vacina, a economia anda – nisso concordo com o ministro da Economia (Paulo Guedes). Agora temos de focar na vacina, para podermos voltar a pensar nas reformas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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