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Economia

Magazine Luiza conclui oferta de R$ 4,7 bi e atrai fundos tech à base acionária

Por Agência Estado

13 de novembro de 2019, às 14h15 • Última atualização em 13 de novembro de 2019, às 14h42

O Magazine Luiza colocou em seu caixa cerca de R$ 4,3 bilhões após concluir sua oferta subsequente (follow on), alcançando alta demanda no mercado. Mesmo que ainda de forma tênue, sua base acionária começa, aos poucos, a refletir a companhia que a família Trajano projetou: uma empresa de tecnologia.

A administração do Magalu foi para o exterior para as reuniões com investidores, o chamado roadshow, com o objetivo de atrair fundos dedicados ao setor de “tech” – e conseguiu trazer alguns. Uma das paradas foi São Francisco, nos Estados Unidos, coração da revolução tecnológica mundial. Uma das gestoras internacionais que ingressou na oferta foi T.Rowe, que investe em empresas como o Mercado Livre. Alguns fundos dessa gestora compraram ações, incluindo um dedicado a ações de tecnologia.

No total, a oferta chegou a R$ 4,7 bilhões, considerando uma oferta secundária de R$ 430 milhões com a venda de ações detidas pela família Trajano.

Da demanda pela oferta, 60% veio dos estrangeiros, mas na hora na alocação a equação se inverteu: os locais ficaram com 60% e o restante foi alocado com os gringos. Essa é a maior oferta de ações de uma empresa privada em 2019, ficando para trás apenas das ofertas do IRB Brasil Re, BR Distribuidora e Petrobrás.

Agora, com bilhões no caixa, a companhia está preparada para fazer frente a novos investimentos e empreitadas. Um dos focos será a entrega de serviços, no mote “Magalu as a service”. A área tem sido prioridade da empresa e a aproxima do que é feito pela gigante americana Amazon, que tem apertado os passos em direção ao Brasil e aumentado cada vez mais sua presença. Sem se incomodar, o Magalu pretende aumentar o leque de serviços oferecidos aos varejistas de seu marketplace, shopping virtual que reúne outros lojistas, como antecipação de recursos a receber e logística.

“O Magazine Luiza quer se consolidar como plataforma de consumo, seguindo os passos de Amazon e Alibaba. Oferecer o ‘Magalu as a service’ vem de uma proposta de diversificação de portfólio. É tudo parte do novo mindset do varejo”, explica o sócio-diretor da consultoria GS&, Caio Camargo.

No fato relevante divulgado ao mercado sobre a oferta pública, o Magalu informou que o dinheiro captado teria uma longa lista de propósitos. Dentre elas, a expansão da plataforma de marketplace, abertura de novas lojas e, ainda, aquisições.

Segundo analistas da Eleven Financial, a capitalização do Magalu para continuar seus investimentos em logística e atendimento deve continuar colocando a empresa como um diferencial no setor. “Acreditamos que a expansão de lojas e crescimento consistente de vendas em todos os canais, mais expressivo no marketplace que ainda está em estágio inicial, deve sustentar o posicionamento forte do Magazine Luiza”, segundo relatório enviado a clientes, assinado pelos analistas Giovana Scottini e Eric Huang.

Para Camargo, da GS&, a grande vantagem do Magazine em relação aos seus concorrentes é ter entrado na onda de tecnologia mais cedo que os demais. “Eles não são os únicos fazendo isso. Outros varejistas estão atirando para todos os lados”, ressaltou.

High tech

No final do ano, com o reforço da Netshoes, aquisição feita neste ano, o Magalu deverá ter mais receita com suas vendas no e-commerce do que com suas lojas físicas, feito que aqui no Brasil é novidade entre as varejistas tradicionais. É isso o que já começou a sinalizar o último resultado da varejista.

No fim de setembro, o marketplace do Magalu cresceu 300%, passando a responder por 26% do e-commerce total da empresa. Já as vendas online cresceram 96%, atingindo R$ 3,3 bilhões – 48% das vendas totais. A indicação é que, com os novos investimentos e com os ganhos adicionais de sinergias com a Netshoes, essa fatia até o fim do ano superará os 50%.

“Na divulgação do resultado do último trimestre vimos que o resultado cheio de Netshoes contribuiu para o fortalecimento do e-commerce e ampliação do sortimento que tem se mostrado essencial para o aumento do fluxo de clientes nas plataformas online”, afirmou a Eleven, no relatório.

Com a oferta, primordialmente primária, o Magalu galgou mais uma posição no ranking de valor de mercado das empresas listadas da B3.

Com a demanda da oferta foi colocado parcialmente o lote adicional e vendidas no total, somando o lote principal, 100 milhões de novas ações.

A família Trajano, por sua vez, vendeu 10 milhões de ações se aproveitando do apetite do mercado e embolsou R$ 430 milhões. A família, conforme o fato relevante sobre a oferta, poderia ter vendido até 20 milhões de ações na oferta, mas decidiu monetizar apenas a metade desse volume.

A oferta foi coordenada pelos bancos Itaú BBA, BTG Pactual, Bank of America Merrill Lynch, Banco JPMorgan, BB Investimentos, Bradesco BBI, Banco Morgan Stanley e Santander Brasil. Procurado, o Magazine Luiza não comentou.

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