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Economia

Juros: Taxas acompanham Treasuries e caem com risco de recessão global no radar

Por Agência Estado

23 de junho de 2022, às 17h46 • Última atualização em 23 de junho de 2022, às 22h46

Os juros fecharam a quinta-feira em queda, espelhando novamente o comportamento dos Treasuries, com recuo nos yields, mesmo com o dólar ganhando força ao longo do dia. O risco de recessão global, hoje alimentado por dados da economia americana e também na Europa abaixo do esperado, em meio ao aperto monetário pelos principais bancos centrais, segue estimulando a demanda pela renda fixa tanto aqui quanto lá fora e pressionando para baixo também os preços do petróleo.

As entrevistas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, de tom levemente “hawk”, foram consideradas de impacto neutro na curva, embora tenham esclarecidos pontos importantes do comunicado e da ata do Copom.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular a 13,51%, de 13,553%. A taxa do DI para janeiro de 2024 cravou a quarta sessão seguida de baixa, fechando em 12,99%, na mínima, e voltando a ficar abaixo de 13% pela primeira vez desde 1º de junho (12,975%). A do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,309% para 12,225% e a do DI para janeiro de 2027, de 12,234% para 12,18%.

As taxas não mostravam uma tendência clara no começo da sessão e um recuo mais firme começou a se desenhar no fim da primeira etapa, acompanhando as mínimas dos Treasuries. A taxa da T-note de dez anos passou a flertar hoje com os 3%, ante o nível de 3,15% ontem. Os PMIs norte-americanos abaixo do esperado deram força à ideia de que uma ação mais incisiva do Federal Reserve, necessária para combater a inflação, aumenta o risco para uma economia que parece já estar se enfraquecendo. Mais cedo, PMIs também fracos no Reino Unido e zona do euro já endossavam o pessimismo sobre o PIB global.

“O cenário é muito negativo. A expectativa para juro americano é que deva subir a pelo menos 3,75% até o fim do ano, mas há membros que defendem algo na faixa de 4% a 4,25%, o que na minha avaliação é algo mais prudente para garantir uma redução mais rápida da inflação”, comentou o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho.

O impacto do cenário externo acabou prevalecendo ante a piora de percepção de risco fiscal em função do ano eleitoral. Além do ‘bolsa caminhoneiro’ de até R$ 1 mil, agora o governo fala em incrementar o valor do Auxílio-Brasil de R$ 400 para R$ 600, retirando a compensação a Estados que reduzissem o ICMS sobre diesel e gás de cozinha.

Já as declarações dos dirigentes do BC reforçaram hoje a ideia de que o ciclo está no fim e depois disso a Selic deverá passar por um bom período de hibernação, antes de começar a cair. Guillen, do BC, afirmou que o cenário de Selic estável por todo horizonte relevante teria efeito de baixar a projeção de IPCA de 2023, atualmente em 4,0%, em 0,30 ponto porcentual. Ele reforçou que o BC está brigando por inflação em 2023 mais próxima do centro da meta (3,25%) do que sua projeção atual de 4%. Disse ainda que o BC foi claro “na estratégia para chegar ao redor da meta”. “Ao redor é menos que 4%”, detalhou.

Campos Neto esclareceu que o ano de 2024 ainda não está no horizonte relevante e estimativas sobre o ano foram incluídas no comunicado e na ata porque aumentaram as incertezas, o que pode ter influência no longo prazo. “Decidimos mostrar 2024 por transparência. A incerteza está acima do usual. Não estamos mudando horizonte relevante”, afirmou.

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