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Economia

Empregados da Ford fazem protestos em SP e BA para cobrar ajuda de governos

Por Agência Estado

13 de janeiro de 2021, às 06h59 • Última atualização em 13 de janeiro de 2021, às 09h57

Funcionários das unidades da Ford em Taubaté (SP) e Camaçari (BA), que serão fechadas de acordo com o plano estratégico anunciado na segunda-feria pela montadora, fizeram manifestações na porta das fábricas e cobraram ajuda de autoridades locais para evitar demissões em massa.

Em assembleia na manhã desta terça-feira, 12, os funcionários da planta de Taubaté, no Vale do Paraíba, definiram o início de uma vigília por tempo indeterminado, com a intenção declarada de impedir a entrada e a saída da fábrica, tanto de pessoas quanto de materiais. Grupos vão se revezar a cada seis horas.

Segundo estimativas do Sindicato dos Metalúrgicos, o fim das atividades da montadora de motores representa um impacto de cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos. A unidade emprega 830 trabalhadores diretos e 600 terceirizados.

Os trabalhadores estavam de licença remunerada quando receberam a notícia do fechamento da fábrica. “Começamos a achar as coisas estranhas, pois na sexta-feira fomos avisados que na segunda não era para ninguém vir trabalhar”, conta Walter Donizeti Antunes, que há 10 anos trabalha na área de cabeçotes.

Prestes a se aposentar, Marques Lauber, que tem 26 anos de empresa, também foi surpreendido pela notícia. “É difícil acreditar, depois de tanto tempo aqui.” Oficialmente, a licença de todos os trabalhadores da Ford em Taubaté vai até sexta-feira. Até o momento, a montadora não se manifestou sobre um novo acordo com os funcionários.

A prefeitura de Taubaté lamentou o fechamento da unidade da Ford na cidade e a dispensa dos funcionários. Em comunicado oficial, prometeu apoio da administração municipal aos trabalhadores. Está previsto para hoje um ato dos trabalhadores na Câmara Municipal da cidade.

Equipamentos novos

Na fábrica de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, os trabalhadores se reuniram em assembleia, por quatro horas, no estacionamento da unidade, e depois se reuniram em frente da Prefeitura da cidade. Na região, 6 mil empregos diretos e indiretos devem ser fechados.

Procurado, o prefeito Antônio Elinaldo (DEM) afirmou, por meio da assessoria, que todas as secretarias vão trabalhar para reduzir o impacto econômico que deve se estabelecer no município. Foi marcada para hoje uma carreata até a governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador.

Segundo os trabalhadores, novos robôs e máquinas haviam chegado recentemente à fábrica, o que aumentou a surpresa diante da decisão da montadora de deixar o País. Com o investimento em equipamentos, a última coisa que passou pela cabeça do operador de linhas Tiago Santos, de 31 anos, foi o fechamento da fábrica. “Ficamos e estamos todos muito surpresos. Eles deram folga para a gente por causa de um feriado local, aproveitaram e retiraram os equipamentos. Hoje (ontem), deram com a porta em nossa cara”, disse.

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim afirmou que a ideia é cobrar “comprometimento do Estado”. “Não podemos aceitar isso assim. Fomos surpreendidos da pior maneira, nós precisamos de respostas.” O grupo, com cerca de 2 mil funcionários, chegou à unidade por volta das 5h30, horário em que o turno é iniciado, e encontrou as portas fechadas. Os funcionários da fábrica de Camaçari afirmaram que até o momento não foram informados sobre qualquer reunião para acertos de contas e fim dos contratos.

Depois de encerrar em 2019 a produção de caminhões em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a Ford comunicou anteontem que vai fechar neste ano as demais fábricas no País: Camaçari (BA), onde produz os modelos EcoSport e Ka; Taubaté (SP), que produz motores; e Horizonte (CE), onde são montados os jipes da marca Troller.

A montadora diz que tomou a decisão após anos de perdas significativas no Brasil. A multinacional acrescentou que a pandemia agravou o quadro de ociosidade e redução de vendas na indústria. “A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, afirmou, em nota, Jim Farley, presidente da Ford.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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