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Economia

Economia global deve crescer abaixo de 3%

Por Agência Estado

15 de agosto de 2019, às 07h01 • Última atualização em 15 de agosto de 2019, às 11h50

Apesar de a maioria dos economistas acreditar ser muito cedo para falar em recessão técnica global (dois trimestres consecutivos de PIB negativo), há sinais de que a atividade econômica possa crescer menos de 3% em 2020, patamar considerado crítico por especialistas.

O Itaú Unibanco, por exemplo, projeta uma alta de 3,2% na atividade global neste ano e de 3,1% em 2020. “Mas vemos chance de a economia ficar ainda mais fraca. Estamos no limite de uma recessão. Qualquer choque extra, pode levar o mundo a uma crise”, diz Roberto Prado, economista do banco.

As projeções de PIB ainda estão longe de um número negativo, mas um crescimento da economia global abaixo dos 3% é tido como ruim porque a China costuma distorcer os dados, puxando-os para cima com seus crescimentos superiores a 6%, explica Prado. “Um PIB global inferior a 3% indica que a economia está abaixo do seu potencial (ritmo de crescimento em que não gera pressão inflacionária), se aproximando de uma recessão”, acrescenta.

A opinião é compartilhada pelo estrategista-chefe do BTG Pactual Wealth Management, João Scandiuzzi: “Tecnicamente, não dá para falar em recessão global, mas a sensação é de crescimento abaixo do potencial”, diz.

Em julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu sua estimativa do PIB global para 2019 de 3,3% para 3,2%. Por enquanto, as projeções para 2020 são mais animadoras: alta de 3,5% – até junho, a estimativa do órgão era de 3,6%.

Economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif destaca que só o fato de se estar discutindo a possibilidade de a economia mergulhar em uma recessão já tem prejudicado o mercado.”Isso machuca o mercado, por trazer muita incerteza. O pano de fundo é muito preocupante. Como não se sabe para onde vai a guerra comercial entre China e Estados Unidos, não é possível saber quando a desaceleração vai parar”, diz.

Para Paulo Leme, professor de finanças da Universidade de Miami, não fosse a guerra comercial, seria possível manter o crescimento global ao redor de 3,2% nos próximos anos. “Se tudo mais fosse constante e congelássemos os atores, poderíamos ter um equilíbrio com crescimento razoável”, diz. Leme destaca ser contra uma redução na taxa básica de juros dos Estados Unidos para tentar alavancar a economia. “A inflação está dentro da meta. É muito preocupante responder com instrumento monetário algo que se pode evitar (uma desaceleração global acentuada pela guerra comercial).

Alemanha. A desaceleração global está em curso desde o ano passado, quando o PIB cresceu 3,6% – 0,2 ponto porcentual a menos que em 2017 – e seria uma fase natural dos ciclos econômicos não fosse justamente a guerra comercial, cujos impactos na economia real começam a se aprofundar.

A Alemanha foi o primeiro país a escancarar os efeitos do embate entre as duas maiores potências do mundo. Sua economia tem um alto grau de dependência de exportações de produtos industrializados, principalmente para a China. Em junho, as exportações alemãs caíram 8% e a produção industrial 5,2 % na comparação com o mesmo mês de 2018 – foi o maior recuo da indústria desde 2009.

A indústria automotiva, a principal da Alemanha, tem ainda puxado o desempenho para baixo por causa de adaptações a padrões mais rigorosos de emissões de poluentes.

Por enquanto, a desaceleração no país, cuja economia é a maior da União Europeia, está limitada ao setor industrial. Se atingir os serviços – responsáveis por gerar o maior volume de postos de trabalho -, pode se alastrar por toda a economia. “O mercado de trabalho, por enquanto, está indo bem, a questão é quanto de contaminação veremos”, diz Scandiuzzi, do BTG Pactual.

Brasil.O estrategista do banco afirma que o Brasil não deve sofrer muito com a redução do comércio global decorrente da desaceleração, pois ainda é um mercado bastante fechado. O freio no crescimento chinês, porém, tem derrubado o preço de commodities como petróleo e minério de ferro – importantes produtos para a economia brasileira.

O economista Livio Ribeiro, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas, lembra que o ambiente incerto e de pessimismo deve contaminar os brasileiros.
Zeina Latif acrescenta que esse clima pode reduzir o investimento estrangeiro direto no País. “Não existe deslocamento perfeito. Mesmo que a gente faça a lição de casa, sempre há contágio.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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