28 de março de 2024 Atualizado 20:58

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Além das metas

É preciso implementar políticas para retenção do talento feminino

Dia Internacional da Mulher tem o tema "Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de Covid-19"

Por Redação

07 de março de 2021, às 11h38

Amanhã, 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher, data representada pela luta das mulheres na igualdade dos direitos civis. Desde 1909, quando o marco foi definido, muita coisa mudou, mas em relação aos cargos de liderança nas empresas, as desigualdades persistem. De acordo com o Ministério da Economia, as mulheres detêm 42,4% das funções de gerência, 13,9% de diretoria e 27,3% de superintendência. Ou seja, quanto mais alto o nível dentro de uma companhia, menos elas estão presentes.

Segundo o 30% Club Brasil, movimento que milita pelo aumento da presença de mulheres em Conselhos, hoje as mulheres ocupam apenas 11% dos assentos nos conselhos das cem empresas mais negociadas na Bolsa e que compõem o índice IBrX 100, enquanto 60% das empresas já têm pelo menos uma representante feminina no conselho.

Ainda é preciso maior empenho das empresas para chegar a uma equidade de gênero realmente nobre – Foto: RF._.studio no Pexels

Para Simone Vicente, superintendente de Gente e Gestão & Operações da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), ainda é preciso maior empenho das empresas para chegar a uma equidade de gênero realmente nobre, sendo importante a disposição de fazer algo para além do básico, do contrário os números demoram muito a mudar.

“Há a necessidade de mais medidas práticas como oferecer treinamentos e criar uma cultura inclusiva, permitindo trabalho com horários flexíveis, uma vez que as mulheres ainda são mais responsáveis pelos filhos, por exemplo, e precisam se dividir entre maternidade e vida profissional. Ou seja, é essencial investir em ações que ajudem a vencer barreiras de gênero e promovam uma cultura abrangente em todos os âmbitos das companhias, a começar do incentivo das altas lideranças, que precisam estar comprometidas com essa política”, avalia.

EQUIDADE NA PRÁTICA
Mas há empresas que trabalham desde cedo na mudança de sua cultura organizacional, no intuito de promover a diversidade e a inclusão dos ambientes, como é o caso da própria Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), com 57% da força de trabalho feminina e 48% de mulheres em altos cargos de liderança.

Entre o número total de 1.910 colaboradores na Instituição, 813 são homens e 1.097 são mulheres, sendo que 22 delas assumem lugares de liderança, entre cargos nas áreas de coordenação (10), gerência (9) e superintendência (3).

O sexo masculino representa 52% da presença em grandes funções, com 24 deles nas mesmas posições – 9 coordenadores, 10 gerentes e 5 superintendentes. “No quesito equidade de gênero, sabemos que estamos no caminho certo, mas queremos chegar aos 50% para garantir total isonomia”, destaca Simone.

De acordo com a superintendente, a receita para instigar os valores de diversidade nos funcionários da empresa está na organização de planos de negócios bem estruturados, sem deixar de lado a representatividade de todos os grupos.

“Esses planos são idealizados por diferentes representantes, unindo afinidades e diversidades, na ideia de assegurar o bem-estar de todos os colaboradores com projetos e ações que garantam o conforto e a segurança de cada um deles, dentro do cenário da instituição”, explica. Além disso, a FIDI conta com um time no RH voltado exclusivamente para a diversidade de gênero.

“Uma vez implementadas, essas políticas devem ser aplicadas e reavaliadas regularmente para ponderar sua eficácia. Quando isso é combinado com o compromisso real da liderança sênior, somente então ocorrerá uma mudança transformacional real”, completa.

Mulheres são líderes melhores durante crises, diz estudo

Com foco na pandemia, para o Dia Internacional da Mulher deste ano, a ONU Mulheres definiu como tema “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19”.

Segundo a organização, o sexo feminino constitui a maioria dos trabalhadores da linha de frente do coronavírus, ao mesmo tempo em que ocorreu um aumento da violência doméstica, de atividades de cuidado não remuneradas, além de ter sentido ainda mais os impactos de exercer múltiplos papéis neste período de crise, se desdobrando entre trabalho remoto, serviços domésticos e maternidade.

Um exemplo disso é Viviane Pinheiro, líder da unidade FIDI em Várzea do Carmo, que atuou na linha de frente do Hospital de Campanha do Ibirapuera, entre os meses de maio e setembro de 2020.

Responsável pela gestão da equipe operacional de tomografias computadorizadas e raios-x, a colaboradora se dividia entre o árduo trabalho de atender pacientes com suspeita de Covid-19 e as duas filhas que, no início da campanha, tiveram que ficar afastadas da mãe, por receio da contaminação.

“Chegamos a atender até 150 pacientes por dia e presenciávamos casos extremos. Eram muitas emoções e precisávamos sempre nos manter fortes para atender aqueles que tanto precisavam de nós em um momento tão delicado. Quando chegava em casa, minha família também precisava de mim e percebi o quanto as mulheres precisam se desdobrar em tantas, sem perder o equilíbrio, para que tudo continue funcionando”, conta.

EFICIÊNCIA
Nesse contexto, segundo pesquisa realizada pela Harvard Business Review, mulheres em cargos de liderança mostraram ser mais eficientes durante a crise sanitária que afetou praticamente todas as empresas, ao apresentarem mais resultados positivos e contribuírem de maneira mais expressiva para o engajamento dos trabalhadores.

O estudo avaliou 454 homens e 366 mulheres entre março e junho de 2020, e demonstra que, nesse período de adaptação por conta da Covid-19, as mulheres expressaram maior conscientização e preocupação sobre os medos e inseguranças dos colaboradores, e passaram mais confiança em planos e estratégias.

De acordo com Simone, uma boa liderança necessita de empatia, escuta ativa e humildade, que, conforme o mesmo levantamento, são características apresentadas majoritariamente por mulheres. Segundo ela, as habilidades socioemocionais, também conhecidas como “Soft Skills”, constroem um arsenal de novas ferramentas que melhoram os relacionamentos nas organizações.

“Gestores devem saber como se conectar com as outras pessoas, como estabelecer confiança e evitar ou minimizar conflitos, além de promover a pluralidade de pensamentos nas companhias, uma vez que é exatamente das diferenças que nascem as inovações”, aponta a especialista.

Publicidade