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Economia

Dólar vai a R$ 3,98 com crise na Argentina, maior valor em mais de dois meses

Por Agência Estado

12 de agosto de 2019, às 18h10 • Última atualização em 12 de agosto de 2019, às 20h40

A segunda-feira foi de nervosismo no mercado de câmbio e o dólar chegou a superar R$ 4,00, influenciado pela Argentina e o temor da volta da esquerda ao poder no país vizinho. Pela tarde, os ânimos se acalmaram aqui, quando o peso reduziu o ritmo de alta após o banco central argentino injetar recursos no mercado e subir os juros, mas o clima de cautela prosseguiu. Além da crise no país vizinho, a tensão comercial entre os Estados Unidos e a China e a intensificação dos protestos em Hong Kong contribuíram para estimular a fuga de ativos de risco e fortalecer o dólar ante moedas emergentes. O dólar à vista fechou em alta de 1,09%, a R$ 3,9834, maior nível desde 28 de maio, quando terminou em R$ 4,02.

Com a inesperada vitória por ampla margem nas eleições primárias de domingo do candidato peronista Alberto Fernández, que tem como companheira de chapa a ex-presidente Cristina Kirchner, o peso despencou e o mercado brasileiro de câmbio foi pego de surpresa. Operadores relatam que pela manhã faltou dólar no mercado, pois não havia vendedores da moeda americana.

“Não tinha contraparte”, afirmou o chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressaltando que isso retirou a liquidez do mercado. Após a volta do almoço, com as notícias de ação do Banco Central da Argentina, que fez várias intervenções (vendas de títulos e de dólares) e ainda elevando os juros, a situação se normalizou um pouco. “Houve surpresas aqui, o mercado não tinha precificado totalmente a volta de Cristina Kirchner”, afirma. Por isso, primeiro houve uma reação forte, com o mercado precificando o pior cenário e, depois, houve uma reavaliação, com os agentes corrigindo exageros.

A Argentina é um dos mais importantes parceiros comerciais do Brasil e Velloni, da Frente Corretora, observa que a volta da esquerda ao poder pode levar a revisão de acordos comerciais e até colocar em risco o recente acerto entre o Mercosul e a União Europeia. Há ainda o temor de que a volta de Kirchner pode levar a Casa Rosada a dar novo calote nos investidores internacionais. A ex-presidente se recusou a negociar a dívida com os credores americanos, que apelidou de “abutres”. O banco americano Wells Fargo vê como “muito provável” a declaração de um default ou reestruturação da dívida.

Com o cenário externo mais adverso, o banco americano JPMorgan elevou a estimativa para o dólar no Brasil no final de 2019 de R$ 3,90 de R$ 4,00. Eventos positivos no mercado doméstico, como a expectativa de que a reforma da Previdência deve ser totalmente aprovada no Senado até outubro, estão sendo ofuscados por eventos no mercado internacional, principalmente a intensificação da tensão comercial entre China e Estados Unidos e agora a Argentina.

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