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Economia

Dólar tem maior queda em sete meses com BC sinalizando alta de juros

Por Agência Estado

26 de janeiro de 2021, às 18h42 • Última atualização em 26 de janeiro de 2021, às 18h49

O dólar teve nesta terça-feira (26) a maior queda ante o real em mais de sete meses, recuando mais de 3%. A perda de força da moeda americana no exterior ajudou, mas o peso determinante hoje veio do mercado doméstico. O governo com discurso alinhado voltando a sinalizar responsabilidade fiscal e a ata da reunião do Banco Central apontando para a chance de os juros subirem mais cedo do que o previsto pelos economistas ajudaram a retirar pressão do câmbio.

Operadores relataram ainda entrada de fluxo externo hoje. Com isso, investidores desmontaram posições contra o real que vinham sendo construídas nos últimos dias, marcado por piora do risco fiscal. Assim, a moeda americana devolveu parte da valorização recente, que havia superado 6% apenas em 2021.

No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 3,30%, a R$ 5,3269 – foi a maior queda porcentual diária desde 2 de junho de 2020 (-3,34%). No mercado futuro, o dólar para fevereiro caiu 2,07%, a R$ 5,3570.

O dólar operou todo o dia em queda e, na mínima, ao final da tarde, caiu a R$ 5,31. A divulgação da ata da última reunião do Banco Central, vista como mais “hawkish” pelos participantes do mercado, ou seja, mais propensa a elevar juros, levou bancos como Itaú Unibanco, JPMorgan, Credit Suisse, Bank of America e Barclays a anteciparem as previsões de alta de juros no Brasil. Alguns, como o Itaú e o Credit, vendo chance de o movimento ocorrer já em março.

Para o gerente da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Archina Weigt, o fato de o Brasil ter cortado juros em ritmo mais forte que outros emergentes foi um fator essencial para o real ter tido pior desempenho que seus pares nos últimos meses. O México, que está no seleto grupo de países classificados como grau de investimento, tem taxa básica de 4,25%, enquanto o Brasil, quem tem classificação três níveis abaixo, está em 2%.

“Outros emergentes também reduziram muito os juros em 2020, mas pararam antes do Brasil”, disse Weigt, citando outros mercados, como Índia, com juro básico de 4%, e África do Sul, com 3,5%. Assim, o Brasil passou a não receber mais capital de curto prazo que buscava retorno alto. Se a alta de juros ajuda a retirar pressão do câmbio, a situação fiscal segue como um limitador para a valorização do real, disse o executivo do Travelex. É preciso respeitar o fiscal, disse ele.

Nesse sentido, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, falaram pela manhã em evento do Credit Suisse do compromisso fiscal do governo e do empenho em avançar com as reformas, inclusive as privatizações. Guedes disse que o auxílio emergencial pode voltar, mas dentro do teto e travando todo o resto do Orçamento.

“Temos que ver mais austeridade fiscal no Brasil este ano ou mercado vai continuar pressionado a dívida e a moeda brasileira”, avalia a estrategista global do JPMorgan Asset Management, Gabriela Santos. No ano passado, ela observa que houve grande tolerância com gastos fiscais mais altos, porque a economia mundial atravessava uma crise econômica de proporções históricas. “Em 2021, tem menos tolerância por gastos fiscais adicionais”, afirmou a estrategista do JP, em live do jornal Valor Econômico.

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