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Economia

Dólar sobe 4,6% em abril e tem quarto mês seguido de alta

Por Agência Estado

30 de abril de 2020, às 18h12 • Última atualização em 30 de abril de 2020, às 21h30

O dólar subiu 4,66% em abril, o quarto mês consecutivo de alta. No ano, a moeda americana tem valorização de 35,6%, e o real é a divisa com pior desempenho em uma cesta de 34 divisas. A pandemia do coronavírus, a perspectiva de mais cortes de juros e a turbulência política estão entre os fatores que fizeram o dólar testar níveis históricos este mês no Brasil. Mesmo com as fortes altas, há analistas prevendo que a divisa dos Estados Unidos possa subir mais e testar valores acima de R$ 6,00 nas próximas semanas, caso o cenário em Brasília piore.

Na semana que termina nesta quinta-feira, 30, o dólar acumula queda de 3,93%, a primeira de baixas desde o início do mês. Hoje, o dia foi marcado por uma realização de ganhos, após três quedas seguidas, movimento também observado nas outras moedas de países emergentes, em meio a nova rodada de divulgação de indicadores ruins na Europa e Estados Unidos. A compra de dólares foi estimulada ainda pela tradicional cautela antes de feriados, que fazem o investidor buscar refúgio em divisas fortes, especialmente neste momento de pandemia. O dólar à vista terminou a quinta-feira, dia que teve a definição do referencial Ptax de abril, em alta de 1,56%, a R$ 5,4387. O dólar junho, que passou a ser o contrato mais líquido a partir de hoje, subiu 2,84%, a R$ 5,4955.

“O real está no olho do furação, por conta do risco político e da covid”, afirma o economista sênior para América Latina da consultoria inglesa Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia. Ele comenta que o ambiente político piorou no Brasil, ajudando a depreciar ainda mais o real, em um momento que as perspectivas já não eram boas por conta do choque do coronavírus, que tem provocado frequentes cortes nas previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O economista projeta queda de 2,5% este ano, mas avisa que o número deve ser revisto.

Abadia prevê que o Banco Central vai cortar os juros em 0,50 ponto porcentual em maio, mas avalia que a própria disparada do dólar pode começar a ter impacto na inflação pela frente, limitando o espaço para novas reduções da Selic. No lado fiscal, o economista afirma não ter dúvidas de que as contas públicas brasileiras vão ter deterioração significativa pela frente e a dúvida é se a austeridade fiscal vai voltar ao foco do governo em 2021.

Nos últimos dias, vários bancos revisaram para cima suas projeções para o dólar no final do ano. O Morgan Stanley e o Asa Bank não descartam a moeda acima de R$ 6,00. O grupo financeiro ING vê a divisa voltando a casa dos R$ 5,80 nos próximos 30 dias e R$ 5,50 daqui a três meses. Intervenções do Banco Central, como a autoridade monetária tem feito diversas vezes nas últimas semanas, devem seguir fornecendo liquidez ao mercado, mas isso não deve impedir o real de testar novas mínimas, na medida em que os cortes de juros vão prosseguir, afirmam os estrategistas do ING.

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