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BALANÇO

Bolsa despenca e ouro e dólar disparam por efeito coronavírus

Em cenário de incertezas, investidores fogem ou evitam os mercados de maior risco, como o de ações

Por Agência Estado

07 de março de 2020, às 08h10

O agravamento do temor com os impactos do avanço global do coronavírus sobre o crescimento econômico mundial sacudiu os mercados em fevereiro. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, que já vinha em clima de mal-estar alimentado por essa incerteza em janeiro, teve o humor azedado de vez e levou um tombo. Fechou o mês com desvalorização de 8,43%, resultado que espichou a perda acumulada no ano para 9,92%.

O aumento de insegurança com a rápida propagação do coronavírus por diversos países, incluído o País, em que a doença entrou em cena pela primeira vez, redobrou o fôlego do dólar, que disparou. Cotado por R$ 4,48 para venda na sexta-feira, a moeda americana acumulou valorização de 4,57%, ocupando o segundo lugar das aplicações mais rentáveis mês. O ouro liderou com alta de 5,53%.

Foto: Divulgação
A moeda americana acumulou valorização de 4,57%, ocupando o segundo lugar das aplicações mais rentáveis mês

Em boa medida, o movimento da bolsa brasileira refletiu, além da pressão vendedora do investidor doméstico, a queda de outros mercados acionários no exterior. Ações de principais empresas brasileiras são negociadas na forma de recibos no mercado internacional e influenciam a trajetória das ações no mercado interno.

Em cenário de incertezas, como o cristalizado pelo avanço do coronavírus, investidores fogem ou evitam os mercados de maior risco, como o de ações, sobretudo de países considerados emergentes, como o Brasil, em busca dos chamados portos mais seguros para aportar seu capital, como o dólar, ouro e títulos do Tesouro americano.

INVESTIDORES DOMÉSTICOS

Esse movimento de saída de recursos do mercado de ações em direção a ativos mais seguros pegou no contrapé investidores domésticos que vinham migrando da renda fixa para a variável atrás de rentabilidade mais atraente. Mas os solavancos na bolsa são apenas uma amostra da reação de investidores e do mercado ao sentimento de incertezas. “O mercado é muito emocional e reage rapidamente”, diz o agente de investimentos Eduardo Santalucia, referindo-se à agilidade de ação dos investidores.

Investidores e mercado ficaram mais ariscos e tensos à medida que a doença passou a expor mais claramente as consequências negativas de seu avanço na economia. Além da desaceleração da atividade global, como preocupação geral, temem-se efeitos mais imediatos, como o estrangulamento das cadeias globais de produção por falta de peças e insumos, e suspensão de eventos e viagens internacionais.

A perspectiva do surgimento de gargalos na dinâmica da cadeia produtiva tem prejudicado, por exemplo, ações de empresas que dependem de importação de peças, as exportadoras de commodities e siderúrgicas, além das de empresas aéreas e turismo, no setor de viagens.

É nessa toada movida pelas dúvidas com os impactos econômicos do coronavírus que a bolsas de valores andou de marcha à ré, deixando pelo caminho boa parte da valorização acima de 30% obtida em 2019, e o dólar disparou, batendo seguidos recordes nominais de valorização. Chegou ser cotado acima de R$ 4,50 por dois dias, embora tenha recuado abaixo dessa linha no fechamento.

A moeda americana atrai a compra de investidores em cenário de nervosismo nos mercados porque é vista como refúgio e proteção ao patrimônio em tempo de incertezas.

RENDA FIXA

Quem atravessou fevereiro sem sobressaltos, longe das turbulências nos mercados, foi o investidor na renda fixa, que teve, a seu favor, ainda uma inflação aparentemente mais comportada. É o que sugere o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), divulgada dia 21, que apontou uma inflação prévia de 0,22% em fevereiro. A oficial do mês, calculada pelo IPCA, está estimada em 0,15% e será conhecida em 9 de março.

Comparado com a inflação projetada para o mês, o rendimento nominal da maioria das aplicações de renda fixa mais conservadoras, como caderneta, fundos de renda fixa e DI, deve embutir ganho real.

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