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Economia

Balanços, exterior e feriado empurram Ibovespa para baixo

Por Agência Estado

30 de abril de 2020, às 11h20 • Última atualização em 30 de abril de 2020, às 12h12

A queda das bolsas internacionais e o fato de hoje ser o último dia de negociação na semana do Ibovespa empurram o índice para o campo negativo. A queda no lucro do Bradesco no primeiro trimestre também pesa sobre os negócios, com as ações do banco caindo quase 6,5% (PN), e influenciando as demais ações do setor na B3, que têm participação relevante na carteira. Perto das 10h40, Unit de Santander cedia 5,19%; BB caia quase 5%; e Itaú Unibanco perdia perto de 4%. A piora externa também pressiona o dólar para a faixa de R$ 5,43.

A despeito da alta do petróleo, Petrobras tinha declínio de mais de 2%, enquanto Vale recuava em torno de 3%.

O Ibovespa caía 1,90%, ais 81.588,09 pontos, chegando a perder cerca de dois mil pontos ante o fechamento da véspera (83.170,80 pontos). No entanto, ainda assim, o Ibovespa deve fechar o mês com a primeira alta depois de três meses seguidos de queda. Até o momento, acumula ganhos de 8,33% em abril.

O recuo na Europa e nos EUA reflete em parte a decisão do Banco Central Europeu (BCE), que optou por não elevar as compras de títulos, porém, manteve o juro como o esperado. Em entrevista, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que as medidas têm fornecido ajuda crucial em meio à crise do coronavírus. Somado a isso, indicadores considerados ruins do velho continente e dos Estados Unidos reforçam o quadro de fragilidade das economias por conta dos impactos da pandemia e as dificuldades a seguir.

O governo dos EUA informou há pouco o índice que mede os gastos com consumo no país, que cedeu 7,5% em março, ficando mais forte do que o declínio esperado de 5,0%. Já no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou a taxa desemprego na Pnad no trimestre até março, que ficou em 12,2%, vindo menor que a mediana de 12,4% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast (11,9% a 12,9%).

Apesar dos números considerados fracos, William Teixeira, head de renda variável da Messem Investimentos, pondera que o desempenho dos indicadores não chega a assustar, pois já se imaginava que viriam ruins. “Na zona do euro, a taxa de desemprego subiu, porém, menos que o esperado. Já o PIB italiano teve uma queda menor, o que também fora observado no PIB da Itália”, pontua.

A taxa de desemprego da zona do euro subiu de 7,3% em fevereiro, ficando no menor nível desde março de 2008, atingindo 7,4% em março. A previsão era 7,7%. Na Itália, o PIB caiu 4,7% no primeiro trimestre de 2020 ante o quarto trimestre de 2019, contra projeção de recuo de 5%. Lagarde, estimou hoje que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro pode encolher de 5% a 12% em 2020 como consequência da crise trazida pelo novo coronavírus.

“Por ser o último dia da semana aqui, o investidor deve evitar passar o fim de semana posicionado. É natural ter alguma correção, e não necessariamente pode ser vista como algum desfavorável”, avalia Teixeira.

Quanto aos balanços, sobretudo os do Brasil, cita que a tendência é os resultados do segundo trimestre trazerem números piores, já que captarão mais dias da quarentena imposta para conter a propagação do novo coronavírus. “Ainda não tem tanta influência da pandemia, pode ser que fiquem mais deteriorados”, diz.

O lucro líquido recorrente do Bradesco caiu 39,8% no primeiro trimestre deste ano, indo a R$ 3,753 bilhões ante o mesmo período de 2019. Em relação aos três meses anteriores, a queda foi ainda maior, de 43,5%. O presidente do banco, Octavio de Lazari, disse que ainda não é possível saber a extensão da crise provocada pelos efeitos do novo coronavírus, mas afirmou que a cauda será longa na inadimplência. Conforme ele, a crise será pior que 2008 e 2015-2016 para inadimplência. Afirmou ainda que o banco manterá a provisão para prorrogação de parcelas, a despeito da medida do Banco Central, podendo ser de mais 60 dias. A instituição pretende chegar ao fim do ano com 320 ou 330 agÊncias fechadas.

Já o American Airlines Group informou que obteve prejuízo líquido de US$ 2,241 milhões no primeiro trimestre de 2020, comparado a um lucro de 185 milhões no mesmo período do ano passado. O prejuízo ajustado por ação foi de US$ 2,65, frente ao ganho de US$ 0,52 por ação entre janeiro e março de 2019, frustrando expectativas.

A despeito do tom duro adotado hoje pelo presidente Jair Bolsonaro em relação à decisão de Alexandre de Morais, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal (PF), Teixeira acredita que isso terá pouca relevância nos negócios na B3. “É claro que atrapalha”. Segundo Bolsonaro, a decisão do magistrado quase provocou “uma crise institucional”.

Para o analista da Messem, o importante neste momento, para o mercado, é a condução da política econômica, comandada pelo ministro Paulo Guedes. “Essa lua-de-mel entre ele e o presidente é muito boa. Não sabemos o quanto vai durar, mas, por ora, isso é bem importante.”

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