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Economia

Ata do Copom, câmbio e exterior elevam inclinação da curva a termo de juros

Por Agência Estado

23 de março de 2020, às 18h14 • Última atualização em 23 de março de 2020, às 18h43

A forte inclinação, que já definia o formato da curva de juros pela manhã, persistiu durante a segunda etapa dos negócios, com a ponta longa fechando a sessão regular desta segunda-feira com alta em torno de 50 pontos sobre o ajuste de sexta-feira, e os curtos em baixa de cerca de 20 pontos. O aumento das apostas de corte da Selic após a leitura da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e com cenário de recessão à frente acabou por puxar os juros curtos para baixo e os longos, para cima, com alguns analistas não descartando a possibilidade de reunião extraordinária do Comitê.

Os vencimentos longos tiveram ainda influência negativa da pressão do câmbio e do estresse nos mercados internacionais, que cresceu com o Senado americano rejeitando o pacote de estímulo do governo Trump.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com 3,77%, de 3,962% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2022 passou de 5,614% para 5,590%. Nos longos, as taxas se aproximam novamente dos dois dígitos. A taxa do DI para janeiro de 2027 subiu para 9,48%, de 8,903%.

No comunicado, os membros do Copom haviam dito que naquele momento viam como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar. Porém, desde então o cenário econômico mudou para pior. O avanço do coronavírus ampliou restrições de mobilidade e o isolamento social, afetando a produção e os serviços. Aos que questionam se cortes de juros serão eficazes para amenizar os impactos sobre a demanda, na ata o colegiado afirma que discutiu o tema e concluiu que, embora neste momento seus efeitos sejam limitados, os mesmos serão relevantes para acelerar a recuperação, quando as restrições impostas pela pandemia começarem a arrefecer.

“Agora eu acho que virá mais um corte de pelo menos mais 0,50 ponto porcentual e não dá para descartar que esse corte ocorra em uma reunião extraordinária caso o quadro econômico piore”, disse o economista do ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal.

A precificação para a Selic em maio na curva, que chegou a ser de 100% de estabilidade logo após o Copom, hoje é de 100% para corte. São -35 pontos-base, o que indica 60% de possibilidade de redução de 0,25 ponto porcentual e 40% de probabilidade de queda de 0,5 ponto, segundo números do banco Haitong.

“A curva empinou com o BC abrindo a porta para cortes adicionais por causa do cenário do coronavírus. Além disso, a volatilidade do dólar ajudou também a puxar a ponta longa”, disse o gerente da Mesa de Reais da CM Capital, Jefferson Lima. A moeda fechou a segunda-feira na casa dos R$ 5,13.

Na visão dos analistas do Citi, os diretores não fecharam as portas a futuros cortes na Selic na ata apesar das incertezas. A previsão do banco é de mais dois cortes de 0,5 ponto porcentual, o que levaria a Selic para 2,75%. “Atualmente a curva precifica queda da taxa para a reunião de maio e depois uma quantidade de prêmio justa para o resto do ano. Se os mercados acreditarem que o BC vai cortar mais, como nós esperamos, muito desse prêmio vai desaparecer, favorecendo a ponta curta”, afirma relatório da instituição, que tem posição aplicada em DI janeiro de 2021, a 3,75%. “Os riscos para esta estratégia são uma postura mais conservadora do BC, maior desvalorização do real, queda aguda nos preços das commodities e aversão global ao risco”, diz o Citi.

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