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Atenção

Aposentados devem ter cuidado especial com o 13º

Com assédio grande, motivos parecem não faltar para que de repente o aposentado nem veja a cor desse dinheiro

Por Agência Estado

07 de dezembro de 2019, às 06h30 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 10h09

Junto com o benefício de novembro, os aposentados e pensionistas do INSS estão recebendo a segunda parcela do 13º. A primeira foi paga com o benefício de agosto. E todo cuidado é pouco com esse dinheiro extra que chega agora ao segurado.

O assédio é grande sobre ele seja pela época de promoções, seja pelos gastos e a proximidade das festas de fim de ano, seja ainda pela necessidade de socorrer financeiramente seus familiares, filhos e netos. Motivos parecem não faltar para que de repente o aposentado nem veja a cor desse dinheiro.

O professor de Gestão Financeira da Faculdades Anhanguera, Marco Cordeiro, ressalta que o momento merece uma atenção especial. Ele lembra que no País nunca se teve a cultura da educação financeira, o que faz com que a geração atual de aposentados chegue a essa fase da vida sem ter tido orientação de como lidar bem com o dinheiro.

Foto: Divulgação
O uso mais indicado do 13º é livrar-se das dívidas, especialmente as de juros mais elevados

“Não se falava em dinheiro, não fomos preparados para pensar no futuro, guardar dinheiro, muito menos em ter a preocupação de fazer um planejamento financeiro. Tudo isso também contribui para que muitos cheguem a essa fase endividados”, diz ele.

Além da falta de orientação para o trato com o dinheiro, há particularidades desse momento da vida que tornam tudo mais difícil, os problemas ganham outras dimensões. Segundo Cordeiro, para entender melhor essa situação é preciso traçar um paralelo entre o estado emocional do aposentado com a sua vida financeira.

“Os idosos contam com um nível de carência muito forte, de solidão, tornam-se mais vulneráveis e muitos têm depressão.”

Ele explica que, nessas condições, o aposentado sente vergonha até mesmo de entrar numa agência, falar com o gerente, muito mais para renegociar uma dívida, acertar alguma conta, pedir um desconto em uma compra. “Às vezes é uma coisa tão simples, e um toque de alguém próximo pode ajudar a resolver essas questões mais básicas, mas ele se retrai, não compartilha com ninguém.”

AUXÍLIO

Por isso, para quem se encontra com essas dificuldades, sua orientação é para que comece por procurar auxílio na gestão financeira. Pode ser com um parente, um amigo, entidades de defesa do consumidor. Uma atitude dessas pode fazer a diferença. O ideal é se organizar, fazer o levantamento das despesas fixas e saber o quanto precisa para viver. Fazer ajustes, de modo a sobrar algum dinheiro.

“Não pode começar derrotado, e partir do princípio que não vai dar, que não é possível economizar. Sempre é possível”.

Cordeiro propõe uma virada de vida a partir de um planejamento financeiro, “não apenas em relação ao dinheiro, mas no aspecto de obter mais tranquilidade, buscar atividades físicas, passeios, enfim, aproveitar melhor a vida”.

Nesse momento em que chega o 13º, para os que estão endividados, o professor afirma que o mais indicado é livrar-se das dívidas, especialmente as de juros mais elevados. É hora de procurar o credor, de renegociar. Já quem se encontra em uma situação mais confortável, tem o orçamento equilibrado e decidiu partir para as compras, deve saber o que vai adquirir, pesquisar preços e condições e ter bem claro se o que será comprado será útil e bem aproveitado.

Valor do abono do segurado

Por lei, o abono anual dos segurados do INSS deve ser equivalente ao benefício integral de dezembro. A primeira parte foi paga entre agosto e setembro, e agora a diferença da gratificação natalina será repassada aos segurados.

Quem ganha pelo piso, por exemplo, deve ter recebido a primeira parcela de R$ 499 em agosto e está recebendo, de 25 de novembro a 6 de dezembro, a segunda parcela de mesmo valor. A quantia será creditada junto com o benefício de novembro (R$ 998), o que resulta num pagamento total de R$ 1.497.

O mesmo critério será usado para cálculo do valor a ser pago a quem ganha mais que um salário mínimo. A primeira parcela de 50% do benefício foi paga em setembro e a segunda parcela será paga agora, no início de dezembro.

Quem tem um benefício de R$ 3. 000, suponhamos, vai receber a segunda parcela de R$ 1.500, tendo um crédito integral de R$ 4.500, a partir do dia 2 de dezembro, de acordo com número final do benefício.

Quem tem direito a receber

Vão receber a segunda parcela do 13º o segurado do INSS que recebe aposentadoria, pensão por morte, salário-maternidade, auxílio-doença, auxílio-acidente, auxílio-reclusão ou salário maternidade.
Nos casos de aposentadoria ou pensão, o valor do 13º vai corresponder ao valor integral do benefício de dezembro para os que começaram a receber o benefício até janeiro deste ano.

Para os que se aposentaram a partir de fevereiro, o valor será proporcional. Quem se aposentou em fevereiro terá direito a 11/12 avos do valor correspondente ao benefício de dezembro; quem se aposentou em março, a 10/12 avos; em abril, a 9/12, e assim sucessivamente.

Vale ressaltar que quem se aposenta em novembro tem direito a 2/12 avos, e em dezembro a 1/12 avos do benefício. No entanto, o pagamento do 13º virá no mês de janeiro.

EXPECTATIVA DE VIDA

Aumento afeta o cálculo do benefício

A expectativa de vida dos brasileiros ao nascer aumentou 3,1 anos na última década, de uma média de 73,2 anos, em 2009, para 76,3 anos, dez anos depois, em 2018. Os dados fazem parte da Tábua de Mortalidade de 2018, com projeções de incidência de mortalidade no País, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na quinta-feira, dia 18.

O aumento da expectativa de vida de 2017, de 76 anos, para 76,3 anos, na passagem para 2018, embora à primeira vista insignificante, influencia o cálculo das aposentadorias, pelo uso de fator previdenciário, um mecanismo que desempenha duas funções.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) usa o fator previdenciário para tentar desencorajar a aposentadoria precoce dos trabalhadores, na medida em que sua utilização no cálculo achata o valor do benefício de quem se aposenta mais cedo. Esse achatamento, com o uso do fator, convém ao caixa do INSS, que, com o crescimento da esperança de vida dos brasileiros, terá de pagar os benefícios dos segurados por mais tempo.

Pelos cálculos da Conde Consultoria Atuarial, o trabalhador que se aposentar pelo INSS a partir de domingo, 1º de dezembro, precisa trabalhar cerca de dois meses mais, em média, para receber o mesmo valor de benefício a que teria direito calculado pela tabela anterior. Sem esse período adicional ao tempo de trabalho e, portanto de contribuição, o valor da aposentadoria passaria por uma redução de 0,64%.

Sob as regras da Nova Previdência, o fator previdenciário atualizado pelos dados da Nova Tabua de Mortalidade será usado para o cálculo de benefício de trabalhadores que em 12 de novembro, véspera da data do início de vigência da reforma previdenciária, haviam preenchido requisitos e condições para o pedido de aposentadoria por tempo de contribuição.

O fator previdenciário ajustado à Nova Tábua será usado também para o cálculo de benefício dos trabalhadores que se aposentarão por tempo de contribuição seguindo a regra de transição com pedágio de 50%.

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