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Economia

Após encerrarem ontem perto dos ajustes, taxas voltam a cair hoje

Por Agência Estado

03 de julho de 2020, às 18h13 • Última atualização em 03 de julho de 2020, às 18h38

A ausência dos mercados referenciais em Wall Street nesta sexta-feira sugeria juros futuros de lado na sessão, mas o que se viu foi a retomada da queda dos vencimentos de médio e longo prazos, tendo praticamente o alívio no câmbio como único referencial. Após encerrarem ontem perto dos ajustes, as taxas hoje voltaram a cair mesmo em meio a revisões pessimistas para a área fiscal e com noticiário e agenda, em geral, fracos. Os juros curtos continuaram ao redor da estabilidade, sem alterações na divisão do quadro de apostas para a Selic. Desse modo, a curva fecha a semana com importante redução de inclinação, tendo as taxas longas recuado bem mais do que as curtas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou na máxima de 2,88%, de 2,912% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 5,633% para 5,55% (mínima) e a do DI para janeiro de 2027, de 6,543% para 6,44%.

“O mercado está hoje sem liquidez e sem novidades”, resumiu o gerente da Mesa de Reais da CM Capital Markets, Jefferson Lima. Os volumes negociados foram menos da metade da média diária dos últimos 30 dias.

Enquanto a ponta curta teve queda de cerca de 10 pontos-base na semana, a longa perdeu quase 40 pontos de prêmio desde o fechamento da sexta-feira passada, tendo recuado todos os dias esta semana com exceção de ontem, quando o mercado ensaiou uma realização e este trecho encerrou estável. Segundo profissionais nas mesas de renda fixa, o quadro político se acalmou e isso tem dado grande contribuição para o fechamento da curva, além, claro da melhora de apetite pelo risco no exterior que marcou a semana. No entanto, nos últimos dias tem chamado a atenção a escalada de casos de covid nos EUA e seu potencial comprometimento da retomada da economia. Hoje o país voltou a registrar mais de 50 mil casos nas últimas 24 horas.

A desinclinação da curva também tem desafiado o crescente risco fiscal doméstico, com deterioração rápida das expectativas para as contas públicas. O Itaú Unibanco anunciou hoje revisão de sua projeção para o déficit fiscal este ano de 10,2% para 11% do PIB (R$ 800 bilhões) e o JPMogran foi além, esperando que o saldo negativo atinja 16,5%.

Operadores afirmam que tudo estaria já nos preços e destacam a defesa da equipe econômica de que as medidas emergenciais tenham caráter temporário e da necessidade de retomada das reformas após a pandemia. “Temos que voltar aos trilhos e continuar com as reformas e a consolidação fiscal do País. É muito importante nos comprometermos com o teto de gastos para além de 2022”, disse nesta tarde o futuro secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, em videoconferência organizada pelo Itaú BBA. Funchal deve assumir o comando do Tesouro daqui a uma semana e meia.

As boas chances de que a Selic não tenha mais cortes é outro fator a deslocar os vendedores para a parte mais longa em busca de prêmios. Na precificação da curva, de -11 pontos-base para a Selic em agosto, a chance de manutenção da taxa básica é de 56% contra 44% de probabilidade de corte de 0,25 ponto porcentual.

Por fim, como o Banco Central está autorizado a comprar títulos no mercado secundário a qualquer momento, há maior segurança em ficar exposto ao risco prefixado. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, reforçou hoje que a intervenção só ocorrerá em caso de disfuncionalidade, como acontece no mercado de câmbio, mas que o BC está “totalmente pronto” para agir. “Não há impedimento legal, podemos intervir em títulos daqui a 5 minutos se precisar.”

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