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Brasil

Só um terço dos brasileiros acha que país está preparado para combater o Covid-19

Visão mais pessimista sobre o combate da pandemia está na população mais jovem, de 18 a 29 anos

Por Agência Estado

21 de março de 2020, às 17h43 • Última atualização em 21 de março de 2020, às 19h07

Pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva indica que as pessoas entendem que o governo bate cabeça e não há discurso alinhado com governadores e prefeitos. Uma pesquisa realizada, na sexta-feira (20), pelo Instituto Locomotiva, obtida com exclusividade pelo Estado, mostra que só um terço da população brasileira acredita que o País está preparado para combater o coronavírus (Covid-19). Foram ouvidas 2.305 pessoas, por telefone, de todas as capitais do Brasil, além do Distrito Federal. “Apenas 3 em cada 10 brasileiros acreditam que o País esteja preparado para a pandemia”, diz Renato Meirelles, presidente da Locomotiva, empresa de pesquisa especializada na classe C.

A visão mais pessimista sobre o combate da pandemia está na população mais jovem, de 18 a 29 anos. Nesta faixa, 86% não acreditam que o sistema público de saúde consiga conter o avanço da doença. Já entre as pessoas acima de 60 anos, a crença é maior: 37% estão otimistas e 63% não.

“Há alguns fatores que pesaram na pergunta sobre o Brasil estar ou não preparado para a pandemia. O principal era se o sistema público de saúde está preparado para receber os doentes. E a impressão geral é de que não. As pessoas também acham que o governo está batendo cabeça entre eles e de que não há um discurso alinhado do presidente Jair Bolsonaro com governadores e prefeituras. E isso é um fator de preocupação”, explica Meirelles.

Outro ponto de dúvida é sobre o que é gripe ou pandemia. “A população acredita que outros países estão mais organizados para combater o coronavírus.”

A pesquisa mostra que 86% da população está muito preocupada com a epidemia. Outros 11% estão um pouco preocupados e apenas 3% não. A maior tensão com a doença se expressa em todas as faixas etárias de todas as cinco regiões do País. Foram ouvidas pessoas de 18 a 29 anos; de 30 a 39 anos; 40 a 49 anos; 50 a 59 anos e 60 para cima.

Para Meirelles, contudo, apesar da preocupação dos brasileiros, ainda não “caiu a ficha” das pessoas sobre a necessidade de fazer o confinamento. Isso fica claro na abordagem feita pela Locomotiva sobre a necessidade de fechamento das escolas e também sobre restringir o transporte público. Quase a totalidade da população, ou seja, 96,5% da população é a favor do fechamento das escolas. No entanto, 42,3% dos entrevistados defendem que os transportes públicos devem ser continuar funcionando.

“As pessoas não têm claro ainda o que é o confinamento. Não caiu ainda a ficha. Elas são favoráveis a fechar a escola, mas podem pegar ônibus. É contraditório. Isso também é difícil para outros países, como na Itália e Espanha. Mas se acentua aqui num país como tamanha desigualdade”, disse.

A maioria da população também defende o fechamento do comércio. A resistência é maior na população mais velha (de 50 anos para cima). Na abordagem, 84% são favoráveis; 15% preferem que as lojas fiquem abertas e 1% não soube responder.

Um terço dos entrevistados disseram que passaram a estocar produtos: 33% contra 67%.

Outro fator de preocupação de Meirelles é sobre a avaliação das pessoas sobre as famílias estarem preparadas contra a pandemia. Neste caso, também, 62% das pessoas dizem que suas famílias estão conscientes sobre o combate da doença. Outros 38%, não. O maior pessimismo, neste caso, está na população das regiões Norte e Nordeste: 53% e 49%, respectivamente dizem não estar preparadas. A faixa etária entre 30 e 39 anos também não tem perspectiva positiva sobre o tema.

A pergunta, neste sentido, teve dois direcionamentos, segundo Meirelles. Do ponto de vista de conhecimento das informações divulgadas sobre a doença e sob o ponto vista econômico. “Quanto tempo dá para ficar na própria casa com seu dinheiro? Sob o ponto de vista econômico, na baixa renda, 8 em cada 10 brasileiros não têm poupança. Por não ter reservas, literalmente essa faixa da população vai ter de vender o almoço para comprar a janta.”

Segundo Meirelles, para um trabalhador autônomo, essa situação complica ainda mais. “Não estou falando das pessoas empregadas e que podem perder o emprego. Aqui também estão os trabalhadores informais. Pessoas que, de fato, vão sofrer porque seu empregadores estão isolados.”

Na semana que vem, a Locomotiva vai divulgar pesquisa sobre raio x da economia. Ou seja, o impacto do coronavírus no bolso das pessoas e sobre a percepção de perderem seus empregos.

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