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Covid-19

Seis mil brasileiros ainda estão no exterior

Itamaraty será o responsável por providenciar a volta dessas pessoas em meio ao fechamento de aeroportos e limitações de voos pelo mundo

Por Agência Estado

10 de abril de 2020, às 07h18 • Última atualização em 10 de abril de 2020, às 09h08

Ainda existem seis mil brasileiros no exterior que pediram ajuda às embaixadas e aguardam posição do governo federal para retornar ao País. O número é do Itamaraty, responsável por providenciar a volta dessas pessoas em meio ao fechamento de aeroportos e limitações de voos pelo mundo por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

O jornal O Estado de S, Paulo conversou com cinco brasileiros que enfrentam essa situação, e todos relatam se sentir abandonados. “O clima é de pavor”, diz a jornalista Bia Campilongo, que tenta deixar a Itália, um dos polos da doença.

O guia turístico Adriano Leal está em um hostel na Tailândia e divide um quarto pequeno com oito desconhecidos. “Vivo de doações. Aqui é impossível me proteger contra o novo coronavírus”, relata o brasileiro.

As dificuldades enfrentadas aumentam a cada dia à medida que o sistema de saúde das cidades entra em colapso. A superlotação de hospitais, o aumento no número de mortos e a dificuldade da população local sair para fazer compras expõe ainda mais os estrangeiros.

Bia está em Lecce, no sul da Itália, e já teve quatro voos cancelados na tentativa de voltar ao Brasil. “São mais de R$ 10 mil presos em passagens aéreas”, revela. Hospedada em um apartamento, ela perdeu a conta do número de vezes que pediu ajuda para a embaixada brasileira. “A resposta deles é apenas de pedir para que a gente preencha infinitos formulários. Continuamos cobrando e nada.”

A Itália é um dos epicentros do coronavírus e já teve mais de 18 mil mortes por causa da covid-19. Bia está em um grupo de WhatsApp que conta com outros 47 brasileiros que tentam voltar do país europeu. “O clima aqui é de pavor.

As poucas pessoas na rua só andam de máscara e luvas. Tem mercado em que é proibido entrar sem proteção. As filas são imensas porque tem de respeitar a distância mínima. Tem um segurança controlando quantas pessoas entram por vez no mercado”, relata ao jornal O Estado de S. Paulo. “A polícia está em todo lugar, checando um por um para verificar a autorização para sair de casa. Para mim é muito complicado porque não falo italiano e as pessoas logo se assustam quando sabem que sou estrangeira. Aqui os policiais não falam inglês e percebem que não sou daqui, ficam nervosos, sem entender o que estou fazendo na rua. Se não justificar a saída, leva multa.”

Adriano é guia turístico e ficou sem trabalho por causa da pandemia. Ele conta que seu “carro-chefe era levar estrangeiros” para conhecer atrações da cidade. Ele ficou isolado na Tailândia e comentou sobre o olhar desconfiado da população local para estrangeiros. “Perdi o trabalho, toda a minha fonte de renda, e consegui chegar em Bangcoc. Minha intenção era ir para Luxemburgo e tentar trabalhar por lá. Mas minha passagem foi cancelada, não tive mais respostas. Estou vivendo de doações”, contou.

Ele buscou o consulado brasileiro para ser repatriado e voltar para sua cidade natal, Vitória da Conquista, na Bahia. “O consulado só manda informações rasas. É o mesmo comunicado de sempre. Eles não têm ideias de quando voltaremos.”

São 238 brasileiros listados pela embaixada que tentam resgate da Tailândia. Adriano divide um quarto de hostel com oito pessoas. Eles dormem em beliches apertados com um plástico vermelho cobrindo cada beliche para tentar diminuir o risco de contaminação. “O lugar está infestado de baratas.”

Nayara viajou para a Itália com a filha e uma tia no mês passado para visitar a irmã em Penitro, a uma hora de Roma. O retorno estava marcado para 17 de março, mas no dia 12, cancelaram.

Segundo Nayara, houve só um caso de coronavírus em Penitro até agora, mas todos estão cumprindo a determinação de isolamento social. A família pretende retornar para Salvador, mas ainda não tem data.

Nayara é funcionária pública em Aracaju e a tia e a mãe vivem na Bahia. “Minha mãe é idosa, faz uso de medicação, tem chorado.”

O corretor de imóveis João Neves, de 44 anos, tirou uns dias de férias com a intenção de ficar isolado do resto do mundo numa praia em El Salvador. O sonho de surfar em paz virou pesadelo.

Com a determinação de quarentena no país, teve de ficar trancado na pousada. João está em Playa Las Flores, a quatro horas de carro da capital San Salvador. Faz duas semanas que ele mantém contato com a embaixada brasileira.

São 149 brasileiros que estão na América Central. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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