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Brasil

Sanitarista defende campanha de sarampo para adultos jovens para conter surto

Por Agência Estado

13 de agosto de 2019, às 12h45 • Última atualização em 13 de agosto de 2019, às 14h43

Sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz e ex-diretor de Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, o pesquisador Cláudio Maierovitch avalia que a estratégia para contenção do sarampo em São Paulo deve ser ampliada e envolver campanhas de imunização para grupos mais vulneráveis, sobretudo adultos jovens.

O sanitarista considera que a vacinação de bloqueio, feita para imunizar pessoas que tiveram contato com suspeitos de ter a infecção, é uma abordagem indispensável, sobretudo nos primeiros casos. “Mas, passada a fase inicial, quando os números aumentam bastante, ela precisa vir acompanhada de outras medidas.” Com um grupo muito grande de pessoas suspeitas com a doença, conta, a tarefa de buscar pessoas que tiveram contato com o paciente fica mais difícil. “Quando não se pega o caso do início, dá um trabalhão traçar a trajetória. Se perde o fio da meada.”

Maierovitch afirma que a política adotada em São Paulo de vacinar adultos jovens em postos volantes foi acertada, assim como a recomendação da imunização entre bebês com menos de um ano. Na praxe, a vacina contra sarampo é indicada apenas para crianças com 12 meses e um reforço aos 15 meses.

Doença infecciosa transmitida por tosse, espirro e saliva, o sarampo é altamente contagioso, pode levar à morte e provocar sequelas anos depois da infecção. A estimativa é de que uma pessoa infectada tenha capacidade de contaminar 40 pessoas próximas. A transmissão ocorre mesmo antes de a pessoa apresentar o sintoma, o que dificulta a identificação. “É muito difícil de se controlar rapidamente. Se o paciente busca o serviço de saúde, há o risco de ele contaminar o profissional que o atende, as pessoas na sala de espera.”

Os números mostram que, no surto atual, a população mais suscetível tem entre 25 a 29 anos. Em seguida, vêm crianças até quatro anos, e o grupo entre 20 a 24 anos. Para Maierovitch, o ideal, nesse estágio do surto, seria manter a vacinação das crianças menores de um ano e se fazer campanhas chamadas de “resgate” nos grupos mais afetados. Nessa estratégia, integrantes de terminada faixa etária são convidados a ir até postos e mostrar a carteira de vacinação. Aqueles que não tiverem sido imunizados, que tiverem dúvidas de sua condição ou tiverem perdido o documento recebem uma dose do imunizante, por precaução.

A população de 25 a 29 anos, tem grande risco de ter recebido apenas uma dose da vacina. Ou de nunca ter sido imunizado contra a doença, conta Mairerovitch.

Tradicionalmente, o período de maior risco para o sarampo é nos meses de frio. A transmissão geralmente perde força a partir de setembro. A vacina usada no País é produzida por Biomanguinhos. Este ano, serão preparadas 26 milhões de doses. Desse total, 12 milhões já foram entregues. De acordo com o laboratório, diante de um pedido do Ministério da Saúde, seria possível pensar em alternativas para adaptação da produção. Nos últimos cinco anos, a produção de vacina de sarampo variou de forma expressiva.

Durante o surto de febre amarela, Biomanguinhos teve de reduzir a produção de vacina contra sarampo para ampliar a produção da vacina contra febre amarela. Mensalmente, o Ministério da Saúde encaminha para Estados o equivalente a 2,5 milhões de doses de vacina contra o sarampo. Diante da expansão de casos de sarampo em São Paulo, foram encaminhadas 4,3 milhões de imunizantes para o Estado.

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