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Cotidiano

Rio constrói milhares de gavetas em dois cemitérios

Por Agência Estado

29 de abril de 2020, às 12h00 • Última atualização em 29 de abril de 2020, às 15h32

Com a pandemia do coronavírus, os Cemitérios de Irajá e Inhaúma, na zona norte do Rio, estão construindo milhares de gavetas para abrigar corpos. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo sobrevoou com um drone a região de Inhaúma na tarde desta terça-feira, 28, e constatou que pelo menos 30 blocos, de tamanhos variados, estão sendo erguidos. Cada um tem capacidade para centenas de mortos.

Em Irajá, o helicóptero da TV Globo também flagrou construções. São 24 blocos já erguidos e, assim como no caso do outro bairro, cada um pode abrigar centenas de corpos.

O Rio registrou, até a tarde desta terça, 738 mortes pela covid-19. Além delas, contudo, também há um aumento no número de óbitos por “causas indeterminadas” nos cartórios fluminenses. Foram 310 entre o fim de fevereiro, quando o País teve o primeiro infectado pelo coronavírus, e o último dia 18. O aumento é de 52 vezes em comparação com o mesmo período de 2019, quando apenas cinco foram registradas.

Além das causas indeterminadas, as mortes por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) também dispararam no Rio, segundo os registros cartoriais. Foram 130, contra seis no mesmo período do ano anterior. Ou seja, aumentaram 21 vezes.

Em meio a esse cenário, a prefeitura da capital fluminense publicou nesta terça uma medida que autoriza empresas funerárias a fazerem, elas próprias, os registros de óbitos, para evitar uma sobrecarga nos cartórios.

Procurada para dar o número exato de novas gavetas, a concessionária Rio Pax, que administra os cemitérios de Irajá e de Inhaúma, não respondeu aos pedidos do Estado.

Esgotamento

Última esperança dos pacientes de covid-19 que precisam de UTIs no Rio, o Hospital Doutora Zilda Arns Neumann, em Volta Redonda, no Sul Fluminense, enfrenta a crescente redução de vagas, causada pela transferência de infectados pela doença de outros municípios – incluindo a capital, a 130 quilômetros. O processo é veloz: em três dias, de sexta a segunda-feira, a taxa de ocupação de vagas foi de 51% a 77%.

Segundo relatos de profissionais que trabalham lá, o hospital tem três alas que somam 50 vagas. Restam poucos leitos vazios – no fim de semana eram seis, mas esse número varia com muita frequência por causa das mortes de internados. Na segunda-feira, eram 326 pacientes à espera de transferência para UTIs no Estado.

Profissionais de saúde, que preferem não se identificar, também reclamam da falta de equipamentos de proteção adequados. Sem os macacões do tipo mais indicado para ingressar nas UTIs e tratar de pacientes de uma doença altamente contagiosa como a covid-19, improvisam capotes ou mesmo macacões cirúrgicos, cujo grau de proteção é menor.

Ainda conforme esses funcionários, diante do risco de contaminação, colegas preferem deixar de trabalhar no hospital. As equipes estão desfalcadas: 12 profissionais pediram demissão em poucos dias, afirmam funcionários. Por isso, um técnico de enfermagem – que em condições normais seria responsável por dois pacientes – chegou a atender sete em seu turno.

A série de mortes lotou também o necrotério, com vagas para 27 corpos. A família da maioria dos mortos mora na capital e não tem condições financeiras de pagar o traslado do corpo.

Por isso, alguns cadáveres chegam a ficar cinco dias no necrotério. Diante da perspectiva de lotação dos necrotérios, o poder público providenciou contêineres frigoríficos para armazenar corpos.

Esgotos

Pesquisadores da Fiocruz detectaram a presença do novo coronavírus em esgotos de Niterói, na região metropolitana do Rio. O estudo não é suficiente para indicar se o vírus pode ou não ser transmitido pelas fezes. Ajuda, no entanto, a dar uma noção de como ele pode se espalhar, “permitindo identificar regiões com presença de casos da doença, mesmo os ainda não notificados no sistema de Saúde”.

“Este estudo confirma a importância da vigilância com base em águas residuárias como uma abordagem promissora para entender a ocorrência do vírus em uma determinada região geográfica”, aponta a virologista Marize Pereira Miagostovich, responsável pela pesquisa da Fiocruz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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