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Brasil

‘Quando ganhei meu benefício, cadê o RG?’

Por Agência Estado

22 de julho de 2019, às 08h51 • Última atualização em 22 de julho de 2019, às 11h03

Estudante de Sociologia e assessor parlamentar na Câmara Distrital de Brasília, Emerson Franco não teria enfrentado tantas barreiras para estudar e trabalhar, dentro e fora do presídio, se não fosse a dificuldade de acesso à documentação na prisão. Hoje com 30 anos, após passar seis em regime fechado e mais um no semiaberto, o jovem se considera um vitorioso.

O último obstáculo foi conseguir deixar o presídio. A pena já tinha vencido, porém, o jovem não conseguiu ser solto, pois não tinha documento de identidade. “Demorei a vir para o semiaberto porque, quando ganhei meu benefício, cadê a minha identidade? Ela estava vencida, por erro na digital. Então, até eu conseguir tirar uma nova, foram mais de três meses, uma coisa que poderia ter sido resolvida lá dentro (do presídio). Demorou até me levarem escoltado até um cartório”, conta.

Outra dificuldade vivida na cadeia foi comprovar que tinha concluído o Ensino Médio. Depois que conseguiu, Franco voltou a estudar, dessa vez para passar no vestibular. Enquanto se preparava, alfabetizava outros presos. Por causa do empenho, foi acusado de motim. “Comecei a reunir a galera que queria estudar. Fui para o castigo por alfabetizar na cadeia. Passava 23 horas trancado”, lembra.

No fim de 2016, Franco deixou a prisão. Ele fora preso pelos crimes de assalto à mão armada, corrupção de menores, formação de quadrilha, tráfico de drogas, furto, desacato a autoridade e resistência a prisão e associação ao tráfico de drogas.

Virou palestrante. Em 2017 prestou o Enem e conseguiu bolsa de estudo para estudar licenciatura em Sociologia. “Hoje quero conversar e educar os tatuados, os considerados problemáticos, os vistos como loucos pela escola. Ensino a se posicionar, a ler Paulo Freire, a mostrar que o que vai mudar a vida deles é a educação”, afirma.

Franco diz que, na cadeia o chamado público dos sem-documento sãos os presos que vieram de outros Estados, geralmente em busca de trabalho, mas que se meteram no mundo do crime. “São os irmãos retirantes. Como a Defensoria Pública é sobrecarregada, eles passam todo o tempo de encarceramento sem documento. Tem gente que só quer estudar, mas não tem nenhum documento. Tem gente que está com o tempo de cadeia vencido, mas nem sabe onde está seu processo”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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