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Cotidiano

Pelo Brasil, hidroxicloroquina encalha

Milhões de comprimidos do remédio, que não tem eficácia comprovada contra Covid, estão encalhados em armazém do Ministério da Saúde

Por Agência Estado

02 de março de 2021, às 13h05 • Última atualização em 02 de março de 2021, às 13h42

Aposta do presidente Jair Bolsonaro contra o novo coronavírus (Covid-19), milhões de comprimidos de hidroxicloroquina estão encalhados em armazém do Ministério da Saúde, além de hospitais e municípios em todo o País.

O produto foi doado por Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, e pela farmacêutica Sandoz. Embora não haja comprovação científica sobre a eficácia do medicamento, o presidente o tem recomendado como forma de enfrentar a pandemia.

Joinville, em Santa Catarina, recebeu, em setembro de 2020, o maior lote entregue pela gestão Eduardo Pazuello na Saúde: 160 mil comprimidos de hidroxicloroquina – de um total de cerca de 3 milhões de unidades estocadas. Mais de cinco meses depois, apenas 1,26 mil comprimidos foram usados (menos de 0,8% do total) e a prefeitura quer devolver o que resta.

O Ministério da Saúde tem cerca de 2,5 milhões de unidades de hidroxicloroquina encalhadas. Encurralado por investigações sobre omissão na pandemia e pressão por recomendar tratamento ineficaz, Pazuello tem dito que jamais recomendou esses medicamentos. Como revelou o Estadão, esta versão chegou a ser apresentada pelo ministro à Polícia Federal, em depoimento dentro de inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em resposta via Lei de Acesso à Informação, porém, a Saúde reconhece que o uso da hidroxicloroquina tornou-se prioridade ao tratamento da covid-19 a partir do segundo semestre de 2020. Antes, o governo apostou na cloroquina, antimalárico de composição similar.

A diferença entre um produto e outro é que enquanto a hidroxicloroquina disponível no País foi doada, no caso da cloroquina o governo turbinou a produção própria, por meio do laboratório do Exército.

O Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre (RS), vinculado ao ministério, usou 1,2 mil comprimidos em 4 meses. Tem ainda cerca de 18,3 mil e o diretor do grupo, Cláudio Oliveira, também planeja devolver todo o estoque ao governo federal.

A segunda cidade que mais ganhou a hidroxicloroquina é Lages, também em Santa Catarina. O município recebeu 63 mil comprimidos, em setembro, e 57 mil unidades continuam encalhadas. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 20 municípios e hospitais receberam doação de hidroxicloroquina, mas poucos levaram mais de 10 mil unidades.

Diferentemente de outras cidades, a também catarinense Pinhalzinho (SC) informou que já usou todos os 3 mil comprimidos doados e pediu novo lote a Pazuello. Outras prefeituras não responderam aos questionamentos da reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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