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Cotidiano

Mulher mantida em cárcere pelo marido usa bilhete para denunciar situação

"Não tenho como sair, estou (...) sendo torturada psicologicamente, moralmente e passando por constrangimentos", escreveu

Por Agência Estado

09 de julho de 2020, às 17h11 • Última atualização em 09 de julho de 2020, às 17h36

Sem poder sair de casa sozinha nem pedir ajuda por telefone, uma mulher de 46 anos escreveu um bilhete para denunciar o próprio marido, de 49, que segundo ela a vigiava e ameaçava havia oito anos. Ela mostrou o bilhete ao filho, que o fotografou e levou à delegacia. O marido foi preso na quarta-feira (8) por policiais da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) Oeste, em casa, em Campo Grande (zona oeste do Rio), sob acusação de cárcere privado, cuja pena varia de dois a cinco anos de prisão.

Mulher aproveitou uma distração do marido, durante uma visita do filho, para mostrar a ele um bilhete – Foto: Divulgação – Polícia Civil RJ

Segundo a delegada Mônica Areal, responsável pela investigação, o marido vigiava a mulher inclusive durante as visitas do filho do casal, para que ela não o denunciasse. Na quarta-feira, porém, ela aproveitou uma distração do marido, durante mais uma visita do filho, para mostrar a ele um bilhete no qual denunciava a situação. “Não estou podendo falar contigo pelo meu zap (Whatsapp). Estou sendo coagida pelo Henrique. Ele fica o tempo todo atrás de mim vendo o que faço e me ameaçando. Não tenho como sair, estou (…) sendo torturada psicologicamente, moralmente e passando por constrangimentos horríveis”, escreveu a mulher. O filho fotografou o bilhete e levou a imagem à delegacia.

À Polícia Civil, o filho afirmou que havia desconfiado de algo errado entre os pais porque, quando visitava o casal, a mãe permanecia muito calada e retraída. Um outro familiar acompanhou o filho à delegacia e também relatou suspeitas. Mas nenhum deles fazia ideia do que estava acontecendo.

Quando a polícia chegou à casa, o suspeito demorou a abrir a porta, mas não resistiu à prisão e permaneceu calado, segundo a polícia. Já a mulher estava muito nervosa: “Ela mal conseguia falar. Contou que tentou fugir, mas não conseguiu. Procurou a delegacia (por telefone), mas não conseguiu formalizar a queixa (porque tinha que ir pessoalmente). Ela vivia tão oprimida, tão dominada pelo marido que, no momento da prisão, ficou quietinha, calada num canto da porta. Deu pra perceber o nível de dominação que ele tinha sobre ela”, afirmou a delegada ao portal G1. “Ela não falava sem autorização dele. Só depois que o prendemos ela nos contou o que acontecia. Ela tentou se libertar dele, mas acabou sendo espancada, e também sofria muitas ameaças”, disse à imprensa.

A Polícia Civil ainda investigará as denúncias de violência física contra a mulher e, se confirmar, indiciará o marido também pelas lesões corporais. Além disso, a pena pelo cárcere privado pode aumentar para de dois a oito anos de prisão.

Segundo a polícia, até esta quinta-feira, 9, o marido não tinha advogado. A reportagem não conseguiu localizar representantes dele para se pronunciar sobre as acusações.

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