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Cotidiano

Moçambique reporta 1º caso de poliomielite selvagem em quase 30 anos

Por Agência Estado

18 de maio de 2022, às 15h12 • Última atualização em 18 de maio de 2022, às 15h25

Moçambique registrou um caso de poliomielite por vírus selvagem pela primeira vez em praticamente três décadas, segundo anunciou nesta quarta-feira, 18, a Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença foi detectada em uma criança na região de Tete, no norte do país. É o segundo caso de pólio detectado este ano no Sul da África e acende o alerta para eventuais surtos. O primeiro foi em fevereiro, no Malauí, em um menor que começou a apresentar sinais de paralisia.

A doença é considerada erradicada nas Américas desde 1994 e, na África, desde 2020. Em países como Afeganistão e Paquistão, no entanto, a enfermidade ainda é endêmica. Em 2019, a OMS apontou as baixas coberturas vacinais como um dos dez principais problemas de saúde pública do mundo. Desde então a instituição vem alertando para os riscos de retorno das epidemias de pólio.

“A detecção de mais um caso de pólio na África é de grande preocupação”, afirmou o diretor-regional da OMS na África, Matshidiso Moeti, em um comunicado oficial. “Revela o quanto esse vírus é perigoso e como se espalha rapidamente.”

O sequenciamento genético revelou que o novo caso confirmado em Moçambique estaria relacionado a uma linhagem viral que circulou no Paquistão em 2019 e é também similar ao reportado no Malauí.

A pólio é provocada por um vírus que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia irreversível em poucas horas nos casos mais graves. Não há cura para a doença, mas a infecção pode ser prevenida pela vacinação. Nas últimas décadas, houve uma redução significativa no número de casos em todo o mundo por conta de grandes campanhas de imunização de bebês e crianças. Em 2020 a África chegou a ser declarada livre de pólio, depois de eliminar todas as formas de vírus selvagens do continente.

Recentemente, no entanto, a cobertura vacinal vem caindo e a OMS já emitiu vários alertas para uma possível volta da doença. O Brasil, que já chegou a ter uma cobertura vacinal de 95%, atualmente registra uma das mais baixas de sua história, 67%. Pelas contas da Fiocruz, pelo menos 500 mil crianças no País não estão vacinadas contra a poliomielite.

O número alto de pessoas desprotegidas fez com que a Organização Panamericana de Saúde (Opas) incluísse o Brasil na lista dos oito países da América Latina com alto risco da volta da infecção. A doença foi erradicada no Brasil em 1989 e, em toda América Latina, em 1994.

Na análise de especialistas, as causas para a queda da cobertura vacinal são variadas. Vão desde o sucesso da própria vacina e o desaparecimento dos casos da doença até problemas estruturais dos postos de saúde, passando por campanhas de grupos contrários à vacinação.

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