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Brasil

Exposição às águas das enchentes exige cuidados imediatos

Especialista alerta que a leptospirose e a hepatite A são doenças que se podem contrair no contato com águas contaminadas das enchentes

Por Agência Brasil

20 de fevereiro de 2020, às 15h09 • Última atualização em 21 de fevereiro de 2020, às 09h04

Foto: Paulo Pinto - Fotos Publicas
Especialista ressalta que a leptospirose é uma doença que se pode contrair no contato com águas contaminadas das enchentes

As pessoas expostas às águas das enchentes que têm atingido várias regiões devem ficar atentas ao eventual aparecimento de sintomas como febre, náuseas e diarreia, o que pode ser sinal de leptospirose e hepatite A. Ante qualquer suspeita, um serviço de saúde deve ser procurado. Preventivamente, deve-se lavar com sabonete as partes da pele molhadas na inundação o mais rapidamente possível, embora isso nem sempre impeça o contágio.

“As águas de enchente, principalmente depois de ressecada, quando aquela lama um pouco mais densa, podem conter as bactérias que transmitem a leptospirose, principalmente por causa do contato prolongado com pele e mucosas. Após o contato com a água ou lama de enchente, seja no momento da chuva ou após, por exemplo, no processo de limpeza das casas, deve-se lavar bem todos locais que entraram em contato com essa água e/ou lama com água corrente e sabão, com isso a gente diminui o tempo de exposição e consegue minimizar o risco de infecção”, alerta o médico e sanitarista Alexandre Chieppe, diretor-médico da MedLevensohn.

O especialista ressalta que a leptospirose, transmitida pela urina de roedores, principalmente ratos, é uma doença que se pode contrair no contato com águas contaminadas das enchentes. Os primeiros sintomas aparecem, em média, uma semana após o contágio: febre alta, mal-estar, dor muscular, olhos vermelhos, tosse, cansaço, náuseas, diarreia, manchas vermelhas no corpo. Tambbém pode ocorrer meningite a partir da contaminação.

“No início da manifestação desses sinais, a doença, causada pela bactéria Leptospira, costuma ser confundida com outras enfermidades, como gripe, malária e dengue. Por isso, o teste sanguíneo rápido para confirmar o diagnóstico é fundamental para o início imediato do tratamento correto, feito com antibióticos, hidratação do paciente e medicamentos que aliviem dor e febre”, explicou o especialista.

“Quanto mais rapidamente ocorrer a administração dos remédios, menor será a possibilidade de evolução para quadro mais grave, que sempre exige internação hospitalar”, ressalta Chieppe. Ele ainda recomenda que não devem ser tomados analgésicos e antitérmicos que contenham ácido acetilsalicílico (Aspirina, AAS, Melhoral etc.), pois aumentam o risco de sangramentos”.

Hepatite A
A Hepatite A é outra doença infecciosa aguda que pode ser contraída devido ao contato com as águas de enchente. Atinge o fígado e é causada pelo vírus VHA, transmitido por via oral-fecal, ou de uma pessoa infectada para outra saudável ou, ainda, por meio de água contaminada. O sintoma inicial é febre. Depois, aparecerem dores musculares, cansaço, mal-estar, inapetência, náuseas, vômito, olhos e fezes amarelo-esbranquiçadas, urina mais escura e icterícia (coloração amarela da pele e/ou olhos, causada por um aumento na concentração de bilirrubina na corrente sanguínea). O primeiro sinal costuma manifestar-se, em média, entre 15 e 40 dias após o contágio.

O tratamento da enfermidade exige repouso e remédios para aliviar os sintomas, pois o próprio organismo combate o vírus, que pode demorar de um a seis meses para ser totalmente eliminado. O paciente não pode consumir álcool até três meses após o fígado voltar totalmente ao normal. Recomenda-se, ainda, separar pratos, copos, talheres e toalhas utilizados pelo paciente e manter higiene máxima nos banheiros, para evitar a transmissão às pessoas que vivem na mesma casa.

“O teste sanguíneo rápido também é fundamental, pois permite imediato tratamento adequado da Hepatite A, evita que se confunda com outras doenças e poupa o paciente de tomar remédios inadequados”, frisa o sanitarista, lembrando: “A administração de antibióticos quando desnecessária é nociva para o paciente e toda a saúde pública, pois é um dos fatores que têm contribuído para o surgimento de cepas resistentes de bactérias, de difícil combate”.

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