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Cotidiano

Escolas se preparam… para futuro carnaval

Por Agência Estado

08 de fevereiro de 2021, às 08h00 • Última atualização em 08 de fevereiro de 2021, às 08h32

Os sons, a movimentação, a quantidade de gente… Quem frequenta barracões de escola de samba diz que nunca viu um início de ano como este, sem a correria para terminar os últimos acabamentos e deixar tudo pronto para o desfile. É um momento histórico e triste. Adiado, o carnaval de São Paulo ainda não tem uma definição se será realizado no segundo semestre de 2021, como foi cogitado no setor. Segundo a Prefeitura, a decisão é condicionada à área sanitária e está sendo articulada com as instituições envolvidas.

O clima é de retomada com cautela, após meses de atividades presenciais quase paralisadas. As ruas internas das Fábricas do Samba ainda mantêm carros alegóricos e alegorias de carnavais passados, como um deus Ganesha com um braço só, a cabeça de um leão, uma grande coroa desbotada e esqueletos.

No barracão da Vai-Vai, cerca de 20 manequins desnudos estão guardados em um canto, enquanto as máquinas de costura seguem silenciosas e sacolas guardam fantasias de fevereiro passado que serão vendidas e doadas para escolas do interior. Só seis trabalham na confecção das fantasias piloto, que servirão de modelo para as que serão replicadas ali e em ateliês terceirizados.

Nesta época do ano, o galpão estaria repleto de mesas com até 50 pessoas na finalização de fantasias e adereços, enquanto o trabalho com carros alegóricos ocorreria debaixo de uma grande tenda, hoje desmontada. “Está sendo diferente, não tem a correria, a adrenalina”, conta Luciana Mazola, que trabalha no carnaval há 20 anos e até tatuou o escudo da Vai-Vai no antebraço.

Na pandemia, ela chegou a fazer cerca de 5 mil máscaras como alternativa de renda. “O próximo carnaval vai ser a superação de tudo. Tem pessoas que só sabem fazer isso”, comenta ela, que às vezes desfila, às vezes prefere observar o resultado do trabalho perto das arquibancadas. “Ver aquela multidão, olhando o que você fez, faz você lembrar de onde saiu, como foi feito, que passa em dezenas de países.”

Diretor de carnaval da escola, Gabriel Mello descreve o trabalho hoje como “devagarinho com constância”. Parte da equipe trabalhava na concepção do carnaval desde setembro, mas a transformação dos desenhos em fantasias começou há cerca de duas semanas. O samba escolhido será anunciado este mês. A ideia é manter os trabalhos. “Independentemente de quando for o carnaval, a escola tem de estar pronta”, comenta Mello. “A gente trabalha com uma previsão mínima e máxima para o desfile. Seja neste ano, seja no outro, estaremos aqui. O carnaval serve para a gente adoçar um pouco a vida, extravasar o que guardou o ano inteiro. Desta vez, vai ser o que guardou por mais de um ano.”

Na Acadêmicos do Tucuruvi, os trabalhos foram divididos em dois lugares para evitar aglomerações, deixando as alegorias no barracão e a confecção de fantasia na quadra da escola, em um momento em que não há ensaios. No local que costumava receber apresentações, as mesas de confecção ficam no espaço onde funcionava o bar, de frente para os instrumentos da bateria, ensacados.

Como em outros barracões, por lá também se costuma ouvir sambas-enredo durante os trabalhos. “É para acelerar o coração. A gente é movido à bateria”, conta o carnavalesco Dione Leite, sobre o retorno das atividades presenciais neste mês. “Estava todo mundo esperando muito tempo por esse momento. É muito melhor usar máscara, até tomar álcool em gel se precisar do que ficar sem trabalhar. Além da questão financeira, o que é mais agravante é a sanidade mental.”

Para Leite, o próximo carnaval será histórico. “Antes da pandemia existia um sonho. Veio a pandemia e congelou o sonho de todo mundo. Aí veio esperança (com a retomada paulatina)”, lembra. “Será um grande carnaval. Acredito que vai ser o maior carnaval de todos.”

Já a Unidos de Vila Maria adotou o escalonamento dos trabalhos, com equipes reduzidas. Como outras agremiações, há dificuldades e aumento de preços de matéria-prima, majoritariamente importada da China. “Está tudo mais caro e não se encontra a variedade de antes”, conta o diretor executivo Demis Melo. “Este ano vamos nos virar com material nacional.”

Diferentemente de outros o presidente da escola, Adilson José, é otimista quanto à realização dos desfiles ainda neste ano, mesmo com máscaras, adaptadas às cores e características das fantasias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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