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Brasil

Em missa, padre pede respeito da polícia à Paraisópolis e promete ir a baile

Por Agência Estado

07 de dezembro de 2019, às 20h21 • Última atualização em 07 de dezembro de 2019, às 21h49

Maria Betânia Mendonça, de 61 anos, atou nove lenços negros em uma cruz de madeira, para cada uma das vítimas que morreram pisoteadas em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, após uma incursão da polícia, há uma semana. Na tarde deste sábado, 7, ela carregava a cruz nas vielas da comunidade e chamava conhecidos para a missa de sétimo dia em homenagem aos mortos, realizada a céu aberto em frente à paróquia do bairro.

“É pela memória deles, vim aqui confortar as famílias”, disse Maria, moradora de Paraisópolis há 43 anos. Ela estava atrasada, ficou em casa lavando roupa até o início da tarde, mas não deixou de prestar sua homenagem. “Eles estavam em um momento de lazer quando nos deixaram.”

Uma semana após as mortes, o Baile da Dz7, mesma festa que foi interrompida na madrugada do último domingo por uma incursão da polícia, deve ser reeditado. Organizadores pediram que todos viessem de branco ao mesmo local onde ocorreram as mortes para um novo baile funk.

Até as 19h30 deste sábado, a PM mantinha viaturas na entrada da favela em um esquema de segurança reforçado em relação à semana passada. Dentro da comunidade, não havia patrulhamento. A festa deve começar após as 22h.

Responsável por conduzir a missa, o padre Luciano Borges fez uma longa fala na qual pediu respeito da polícia à comunidade e ajuda de políticos para a condução da segurança da região. Entre as autoridades presentes estavam o vereador Eduardo Suplicy (PT) e o deputado federal Carlos Zarattini (PT).

O padre também disse que deseja ver os bailes funk em Paraisópolis “transformados” e disse que as festas “precisam ser estabelecidas com ordem”. Ele pediu que os eventos sejam pensados “de um jeito diferente” e levem em conta as reclamações de barulho.

“Nós queremos transformação em Paraisópolis, um tempo novo de paz”, gritou, em um dos momentos mais exaltados da missa, seguido de aplausos. “Que o funk tenha o seu devido lugar, seja respeitado e tenha respeito.”

Padre Luciano terminou a missa, por volta das 19h20, com um gesto de conciliação. Com o Baile Dz7 marcado para a noite de sábado, ele prometeu comparecer, mesmo com suas ressalvas ao evento. “Pela primeira vez, eu irei até lá”, disse.

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