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Covid-19

‘Desemprego é crise muito pior do que coronavírus’, diz Bolsonaro

Por Agência Estado

22 de março de 2020, às 23h00 • Última atualização em 23 de março de 2020, às 09h43

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite deste domingo que a crise de emprego originada pela paralisação de boa parte da atividade econômica nos Estados é “muito pior do que o próprio coronavírus vem causando no Brasil e pode causar ainda”. “Mais importante que a economia é a vida. Mas nós não podemos extrapolar na dose. Com o desemprego aí, a catástrofe será maior”, declarou o presidente ao programa Domingo Espetacular, da Record TV.

Na entrevista, Bolsonaro chamou “parte” dos governadores de “verdadeiros exterminadores de emprego”, em uma crítica às medidas de restrição de movimento e fechamento de comércios tomada por alguns chefes de Executivos estaduais, como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ). E, dirigindo-se aos mesmos alvos, pediu: “Não exterminem empregos, senhores governadores, sejam responsáveis.”

Segundo o presidente, “a grande mídia” e governadores estão “de olho” na sua cadeira e querem tirá-lo do poder “de qualquer maneira”. “Se puder antecipar minha saída, eles farão isso daí. Mas da minha parte não terão oportunidade disso.”

Questionado sobre o que Palácio do Planalto está fazendo para se prevenir contra casos de desabastecimento, Bolsonaro respondeu que o governo está se preparando ao comprar “equipamentos hospitalares” e “fazendo videoconferências, conversando”. Ele disse que teria ainda hoje, ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, videoconferências com prefeitos de 20 grandes cidades.

“Estamos fazendo o contato direto com os prefeitos porque é lá que o povo vive, e não na fantasia de alguns governadores”, acrescentou. Ele também afirmou que o trabalho do governo federal é “acalmar a população e evitar que o pânico chegue no meio da população”.

Logo no início da entrevista, Bolsonaro partiu para a ofensiva contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). “As pessoas que reclamam de mim, que não tomou (sic) providência, como por exemplo aí o senhor governador de São Paulo, têm que lembrar que no dia 23 de fevereiro ele estava na Sapucaí, no Rio de Janeiro. (Dias depois) Ele estava no lançamento da CNN (Brasil) com 1.300 pessoas do seu lado.”

“Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus”, afirmou Bolsonaro. “Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa.”

H1N1

O presidente disse que a previsão do governo federal é que o número de mortes provocadas pela pandemia do novo coronavírus no Brasil não supere a quantidade de óbitos causados pela gripe H1N1. Segundo o presidente, foram 800, contudo, não ficou claro a que período ele se referia para citar este último número.

Na atualização mais recente feita pelo Ministério da Saúde a respeito do número de casos e mortes pela covid-19 no País, feita na tarde deste domingo, o Brasil já tem 1.546 casos de pessoas contaminadas com o novo coronavírus e 25 óbitos. Em relação aos dados divulgados na véspera, são 418 casos a mais, um aumento de 37%, e mais sete mortes, um crescimento de 39%.

Bolsonaro afirmou que a população brasileira não deve entrar em pânico com a pandemia. “Você não pode comparar o Brasil com a Itália. Você sabe quantos habitantes temos por quilômetro quadrado na Itália? São 200 habitantes por quilômetro quadrado”, disse. “No Brasil, são 24 (habitantes por km²), há uma diferença enorme entre esses países.” Ele prosseguiu comentando que “esses vírus acontecem ao longo do tempo no mundo todo”.

Perguntado sobre medidas destinadas a empresas e trabalhadores, o presidente citou o não recolhimento da parcela federal do Simples, linhas de crédito, o adiantamento das duas parcelas do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS e uma linha de crédito “enorme” a juros baixos na Caixa Econômica Federal como exemplos de “uma série de medidas vão fazer diferença”.

Já sobre o perigo que a covid-19 representa para áreas pobres com alta densidade populacional, como favelas, Bolsonaro comentou sobre uma comunidade no Rio de Janeiro que tem “um número de tuberculose muito alto”. “Entrando o vírus lá, com toda certeza nessa comunidade vai ter muita gente que vai perder a vida, porque vai ser agravada por esse vírus. O cuidado que tem que ter: evitar a circulação”, respondeu.

Uma das tônicas da entrevista foram os ataques de Bolsonaro a governadores, a quem ele chegou a chamar de “exterminadores de emprego”. O presidente alegou, no entanto, que não ataca nenhum governador. “Nós não podemos politizar isso daqui (o combate à pandemia). Só falei isso (sobre os governadores) porque eles me atacam constantemente”, disse.

Alvo de panelaços diários em diversas capitais do País desde a última terça-feira, Bolsonaro atribuiu os protestos a supostos incentivos pela TV Globo e pela revista Veja. Segundo ele, trata-se de “uma campanha deslavada, descomunal, absurda contra um chefe de Estado que simplesmente teve coragem de cortar propaganda dessas grandes empresas”. “Não estou preocupado com a minha popularidade”, disse.

Em sua mensagem de encerramento, o presidente pediu “fé” e “orações” no combate ao coronavírus. “Isso passa. Não tem como evitar, no momento não tem vacina, não tem remédio.” Logo em seguida, porém, Bolsonaro voltou a exaltar os testes para avaliar a cloroquina para tratar a covid-19.

Ele apontou que a hidroxicloroquina, cujo uso original se destina ao tratamento de malária, artrite e lupus, está em falta nas farmácias. De acordo com o presidente, a indústria farmacêutica conseguirá repor o medicamento nas lojas “a partir de segunda ou terça-feira”. “Há problemas, mas a Anvisa está em contato com nosso semelhante nos Estados Unidos buscando saber até que ponto o reuquinol (nome comercial da hidroxicloroquina) pode ser constatado como importante para a cura de quem vier se acometer do Covid-19”, finalizou o presidente.

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