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Brasil

Brasil ganha ‘Fóssil do Dia’ na COP-25 por responsabilizar ONGs por queimadas

Por Agência Estado

03 de dezembro de 2019, às 22h14 • Última atualização em 04 de dezembro de 2019, às 10h45

Na estreia do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na Conferência do Clima da ONU, em Madri, o Brasil foi “homenageado” com o Fóssil do Dia, prêmio irônico concedido por ONGs para os países que estão “fazendo o seu melhor para bloquear o progresso nas negociações” sobre o combate ao aquecimento global.

A “honraria”, organizada diariamente pela Climate Action Network (CAN), rede que reúne mais de 1.300 ONGs de 120 países, foi dividida entre Brasil, Austrália e Japão. O País foi incluído na ironia por causa da alta do desmatamento e das queimadas e também porque o governo, nas palavras da organização, tem feito ONG de “bode expiatório” pela destruição da floresta.

“Imagine a seguinte cena: um homem com uma arma invade um banco. Apontando para o gerente, ele diz estar endividado e exige que seus limites de crédito sejam aumentados, porque costumava ser um bom pagador antes de ter essa conta. Essa cena está acontecendo agora na COP-25. O gerente perplexo é a comunidade internacional. O agressor desesperado é o Brasil, que veio a Madri exigindo ser pago pela queima da floresta amazônica”, diz a CAN em sua justificativa do dia.

“O Brasil, o ex-campeão do clima que reduziu as emissões do desmatamento em 80% no passado. Brasil, de samba, caipirinhas e diplomatas experientes que negociavam acordos difíceis em COPs anteriores. Sob o governo de extrema direita e amante de Trump de Jair Bolsonaro, o Brasil está dizendo ao mundo aqui em Madri que não negociará até que seja pago para despejar mais CO2 na atmosfera. Esta, hum … tática de negociação criativa rendeu ao Brasil o primeiro fóssil do dia da CO-P25”, afirmou a CAN.

A rede cita ainda outras críticas feitas por ambientalistas do Brasil sobre o desmantelamento da política ambiental e do Fundo Amazônia, além do aumento da exploração ilegal de madeira na Amazônia e na violência contra povos indígenas.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que está em Madri desde o fim de semana para acompanhar as duas semanas de negociação chefiando a delegação brasileira, foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou sobre a brincadeira.

Austrália e Japão

A Austrália foi contemplada em razão das falas do primeiro-ministro, Scott Morrison, que disse recentemente na rádio nacional que os incêndios florestais que estão devastando não estão ligados às mudanças climáticas. “Além disso, ele disse não acreditar que se Austrália estivesse fazendo mais para lidar com o aquecimento global isso teria alterado os resultados de incêndios nesta temporada, apesar de a Austrália ser o terceiro maior exportador de combustíveis fósseis do mundo”, apontou a CAN.

“Em vez de tomar uma ação responsável sobre as mudanças climáticas, o primeiro-ministro deixou claro que estava enviando seus pensamentos e orações para aqueles que sofreram perdas. Esqueça a ação climática, apenas pensamentos e orações.”

Já o Japão foi lembrado por sua política de expansão e dependência de carvão. Nesta terça, lembrou a CAN, o ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Hiroshi Kajiyama, ao ser questionado sobre a recomendação do Gap Emissions Report do Programa da ONU para o Meio Ambiente sobre a eliminação do carvão no Japão, disse que é inflexível e que o país continuará usando o combustível fóssil.

“Num instante, o ministro Kajiyama desprezou a comunidade internacional e o Acordo de Paris. Em vez de mostrar um compromisso com o multilateralismo e o clima, o ministro Kajiyama demonstrou compromisso em destruir o planeta e colocar as pessoas em perigo”, disse a rede de ONGs

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