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  Como formar o profissional desejado

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Especial educação

Como formar o profissional desejado

Confira os métodos adotados pelas instituições de Ensino Superior em favor da profissionalização do capital humano da RPT

Por Débora de Souza

30 nov 2018 às 16:21

Foto: Marcelo Rocha - O Liberal
A metodologia ativa, hoje adotada na maioria das instituições de Ensino Superior da RPT, desenvolve habilidades que vão além do domínio da técnica

O alto índice de desemprego no Brasil coloca instituições e alunos do Ensino Superior em alerta. Sim, os números negativos são reflexo da crise política e econômica instalada no país, no entanto, chamam a atenção para uma outra problemática: a transformação do próprio mercado de trabalho, exigindo mudanças na maneira de trabalhar, na forma de fazer negócios e de se relacionar com pessoas e empresas. “As profissões, como a conhecemos estão passando por transformações. Todos os cursos estão passando por transformações em suas diretrizes devido às tendências que estão vindo”, cita o diretor de operações do Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo), unidade Americana, Homero Colinas. “Além disso, estamos em uma região propícia às empresas, e mesmo quem já está na área, deve buscar atualização constante”, completa.

Foto: Marcelo Rocha - O Liberal
Diretora acadêmica da FAM (Faculdade de Americana), Célia Jussani

Para os alunos, optar pela instituição mais atualizada e que ofereça qualificação adequada pode significar boas chances de ingresso imediato no mercado de trabalho. E aí, não basta apenas a teoria. “O perfil do aluno hoje é muito diferente do aluno de dez anos atrás. Ele é mais dinâmico e espera que o curso também seja”, destaca a diretora acadêmica da FAM (Faculdade de Americana), Célia Jussani. Em 2008, a FAM mudou sua maneira de ensinar através da metodologia ativa. As aulas são focadas na prática das disciplinas, seja nos laboratórios ou em sala, através do estudo de casos reais relacionados à área do curso. “Não vamos nos distanciar da teoria porque ela é necessária, mas ‘puxamos’ mais a prática porque o aluno se interessa mais, se envolve e aprende muito mais”, explica.

Essa prática também já bastante difundida nos cursos tecnológicos, diz o diretor da Fatec Americana e coordenador da terceira região (Campinas-Sul) do Centro Paula Souza, Rafael Ferreira Alves. “Essa metodologia exige que o aluno interaja com a aula. Em sala de aula, ele recebe um caso-problema e busca solucioná-lo em grupos, nos laboratórios, na biblioteca. O conhecimento é construído de forma rápida, há interação com a disciplina, professor e grupos, e contato com o dia a dia da profissão”, explica.

A metodologia ativa, hoje adotada na maioria das instituições de Ensino Superior da RPT (Região do Polo Têxtil), desenvolve habilidades que vão além do domínio da técnica: a autonomia, a pró-atividade, o pensamento crítico, a articulação de ideias e capacidade de trabalhar em grupo.

Universidades apostam em central de estágio

Foto: Divulgação - Marketing Unisal
A In Pulso é destinada à pesquisa e gestão de projetos de alunos com potencial para criar novos negócios e empresas na cidade de Americana
Foto: Marcelo Rocha - O Liberal
FAM conta com o SIA que presta atendimento em Fisioterapia, Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Pedagogia à comunidade

Como parte da metodologia ativa, muitas instituições criam uma central de estágios para facilitar o ingresso de seus estudantes no mercado de trabalho. Parcerias com empresas, comércio e poder público são de grande importância para captação de oportunidades e uma forma de o aluno colocar em prática o aprendizado. No Unisal, a CEO (Central de Estágio e Oportunidades) oferece vagas aos estudantes desde o primeiro ano de faculdade, em diversas áreas. “São mais de 700 parcerias firmadas com empresas de Americana, Campinas e região. Os alunos contam com apoio do supervisor de estágio e psicólogo que assessoram, desde a elaboração do contrato ao plano de carreira do aluno, para que se desenvolva profissionalmente”, explica Homero Colinas. A In Pulso (Incubadora de Ideais e Projetos de Alunos) é destinada à pesquisa e gestão de projetos de alunos com potencial para criar novos negócios e empresas na cidade de Americana.

Além das parcerias, a FAM conta com o SIA (Serviço Integrado de Atividades) que presta atendimento em Fisioterapia, Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Pedagogia à comunidade. O agendamento é feito mediante encaminhamento da rede pública de saúde. “Os tratamentos são realizados pelos alunos dos últimos anos, supervisionados por professores, e serve como estágio para eles também”, observa a diretora acadêmica, Célia Jussani.

Caráter e cooperativismo estão em evidência

Foto: Divulação
Diretor da Fatec Americana e coordenador da terceira região (Campinas-Sul) do Centro Paula Souza, Rafael Ferreira Alves

O domínio da técnica e a pró-atividade são dois dos principais requisitos para o ingresso e permanência no mercado de trabalho. Mas não para por aí, cada vez mais consumidores e empresas têm mantido olhos atentos ao caráter dos profissionais. “É preciso formação técnica e humana. Ter a capacidade de entregar resultados, de gerir situações e, principalmente, saber se relacionar com as pessoas. O caráter de um profissional está em evidência nas grandes empresas hoje. Honestidade, transparência e cooperativismo são coisas que o MEC não prevê na grade curricular, mas que o mercado exige”, observa Homero Colinas, diretor de operações do Unisal. Segundo ele, o Trote Solidário vem agregar à grade curricular nesse sentido. O projeto funciona da seguinte forma: os alunos dos primeiros anos “ganham” uma entidade ou projeto de ajuda humanitária da cidade ou região para “cuidar”. São 12 meses de acompanhamento e os estudantes podem criar e implantar projetos de melhoria às entidades e pessoas atendidas por elas.

Na Fatec, a parceria firmada este ano com a Diretoria de Ensino de Americana prevê a oferta de minicursos e palestras nas escolas da rede pública do Estado, no projeto Escola da Família, realizado aos finais de semana. “Os projetos serão elaborados e ministrados por nossos estudantes, para integrar alunos da rede pública e pais em várias áreas do conhecimento. É uma forma de retribuição à comunidade, já que 70% de nossos alunos vieram da rede pública”, comenta o diretor Rafael Ferreira Alves.

Foto: Débora de Souza - O Liberal
Diretor de operações do Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo), unidade Americana, Homero Colinas

Preparando o Ensino Médio

As instituições já não se prendem apenas ao Ensino Superior. O Ensino Médio há tempos se mostra um campo fértil para as faculdades, tanto para atrair futuros estudantes como para capacitar o capital humano da RPT (Região do Polo Têxtil). A FAM traz 11 opções de cursos técnicos que podem ser cursados por estudantes a partir do segundo ano do Ensino Médio, devidamente matriculados. Análises Clínicas, Eletroeletrônica, Eletromecânica e Segurança do Trabalho são alguns dos cursos oferecidos. “Ao fazer um curso técnico nessa fase, a pessoa chega mais preparada à faculdade, sabendo o que quer e para onde vai”, diz Célia Jussani, diretora acadêmica da FAM.

Já a Fatec Americana irá experimentar um novo modelo de formação integrada, em parceria com a empresa IBM. O curso prevê cinco anos de duração, sendo três dedicados ao Ensino Médio e dois ao Ensino Superior. “Os alunos terão aulas técnicas desde o início, nos laboratórios da IBM, em Hortolândia”, diz o diretor da unidade, Rafael Ferreira Alves. Ao todo serão 40 vagas com inscrições previstas para os próximos meses, junto ao vestibulinho das Etecs e Centro Paula Souza. “Fomos selecionados entre 70 Fatecs do Estado a receber esse projeto-piloto da IBM e estamos muito satisfeitos”, orgulha-se Alves.

Dialogar para preparar o futuro

Os dirigentes concordam que o diálogo com empresas e instituições é essencial para manter os cursos atualizados e, principalmente, para propor novos cursos como fez a FAM que, em fevereiro de 2019, terá o primeiro tecnólogo em Produção Audiovisual. “Tudo é convertido em vídeo e podcast. A internet trouxe uma nova forma de se comunicar e o mercado está de olho nisso”, comenta a diretora acadêmica, Célia Jussani. No ano passado a faculdade inaugurou o curso EAD (Educação a Distância) em Administração, um pedido do setor privado para formação de gestores. Confira as novidades para 2019:

FATEC (Faculdade de Tecnologia)

Gestão e Tecnologia serão o foco dos primeiros cursos de pós-graduação da Fatec Americana. Para 2019, a unidade oferece pós-graduação Lato Sensu em Gestão Avançada de Negócios e Segurança Cibernética. Em novembro, a Fatec Sumaré abrirá inscrições para três novos cursos de graduação: Transporte e Logística, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Designer de Produtos. “Todos são cursos bem específicos para nossa região”, explica Rafael Ferreira Alves.

UNISAL (Centro Universitário Salesiano de São Paulo)

Estudos de campo e a participação em seminários ajudam a fazer a leitura das mudanças no mercado de trabalho, comenta o diretor Homero Colinas. “Sentimos uma tendência em Saúde e Engenharia em nossa região. Há dois anos temos analisado as áreas para poder ampliar nossa grade de cursos e atender a população e economia local”, diz. São sete novos cursos com inscrições abertas neste vestibular: Farmácia, Biomedicina, Educação Física, Arquitetura e Urbanismo e as Engenharias Mecânica, Química e da Computação. “Estamos em uma região propícia às empresas, e mesmo quem já está na área, deve buscar atualização constante”, observa Colinas.

FAM (Faculdade de Americana)

O hospital veterinário, na região da Praia Azul, será um laboratório com oportunidade de estágio para os alunos do curso de Medicina Veterinária da FAM. A faculdade foi a primeira a oferecer o curso na RPT. “O hospital deve entrar em operação em 2019, com atendimento à população local de animais domésticos. A expectativa é quem em 2023 ele atinja seu pleno funcionamento com atendimento de animais de grande porte também”, explica a diretora. “Nosso mercado é bastante ativo e espera que as instituições de ensino e dos futuros profissionais também sejam ativos e que tragam um olhar, um projeto que acrescente”, ressalta a diretora acadêmica Célia Jussani.