15 de agosto de 2019 Atualizado 09:42

  PVC reúne mitos e curiosidades da história do futebol brasileiro

  PVC reúne mitos e curiosidades da história do futebol brasileiro

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

  PVC reúne mitos e curiosidades da história do futebol brasileiro

Compartilhe

livro

PVC reúne mitos e curiosidades da história do futebol brasileiro

Sabe a escalação do Santos de Pelé, talvez o verso mais conhecido do futebol brasileiro? Está na sequência errada. Sabe…

Por Agência Estado

19 maio 2018 às 21:00 • Última atualização 21 maio 2018 às 09:04

Sabe a escalação do Santos de Pelé, talvez o verso mais conhecido do futebol brasileiro? Está na sequência errada. Sabe o carrossel holandês que encantou o mundo na Copa do Mundo de 1974? Não rodava tanto assim. E aquela história de que a derrota da seleção brasileira em 1982 acabou com o futebol arte no País está no capítulo “A Grande Mentira”.

Esses e muitos outros “esclarecimentos” do que se lê sobre futebol no Brasil foram feitos pelo jornalista Paulo Vinícius Coelho em seu novo livro, “Escola Brasileira de Futebol”, lançado pela editora Objetiva.

PVC contou em entrevista ao Estado que a ideia da publicação veio do jornalista Matinas Suzuki Jr., e que ele topou o desafio de analisar a evolução do futebol no País sob o ponto de vista do jogo e não dos grandes personagens. É um trabalho minucioso e mesmo assim ficou com algumas lacunas em aberto, especialmente nas décadas de 1930, 1940 e 1950.

“Espero que seja uma espécie de pontapé inicial, porque é impossível saber no Brasil quando nasceu o 4-2-4, quando virou 4-3-3 só olhando para as escalações dos jornais ou para as biografias. Sempre se contou a história do futebol sob o ponto de vista dos grandes heróis ou dos grandes fracassos. Nunca do ponto de vista do jogo”, disse.

Para investigar esse passado, PVC conversou com ex-treinadores, ex-jogadores, reviu diversas partidas, leu o que pôde e também puxou da memória tudo o que viveu desde que iniciou a trabalhar com jornalismo esportivo, há mais de 20 anos.

Juntou tudo isso, colocou no papel, comparou, analisou, bateu informação e notou que muito do que era falado não fazia muito sentido. A formação tática do Santos de Pelé, por exemplo. Qualquer apreciador do futebol que viveu a década de 1960 fala de ponta a ponta: Gilmar, Lima, Mauro e Dalmo; Zito e Calvet; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

Ao analisar o posicionamento do Santos daquela época, PVC notou que os jornais e os radialistas, se olhassem para a formação tática, deveriam escalar a equipe da seguinte maneira: Gilmar, Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.

Antes que comecem a atirar as primeiras pedras, ele avisa. “Não é um documento, não é para ser dogma. As pessoas podem ver de maneira diferente”. Dito isso, ele complementa e lembra que esse Santos imortalizado pela crônica esportiva atuou com essa escalação em apenas dez partidas, com nove vitórias e uma derrota. O único tropeço foi diante do Botafogo em 1963, em jogo válido pela Taça Brasil.

O livro também mostra que a “Laranja Mecânica”, a Holanda de 1974, aquele time que ninguém parecia ter posição definida e rodava por música, na verdade, apenas invertia os pontas. Também pôs fim ao mito de que o futebol arte brasileiro acabou após a eliminação diante da Itália na Copa de 1982. Para isso, lembra das seleções brasileira de 1974 e 1978 que batiam e jogavam em uma retranca de dar inveja a qualquer Dunga.

BASTIDORES – Entre as formações táticas e a evolução do estilo de jogo no Brasil, PVC também conta histórias curiosas e relembra técnicos fundamentais para as mudanças do futebol do País como Flávio Costa, Rubens Minelli, Tim, Ênio de Andrade, Carlos Alberto Parreira, Telê Santana, Vanderlei Luxemburgo até chegar em Tite.

Em meio a esses treinadores, o jornalista puxa pela memória acontecimentos engraçados, como o dia em que o torcedor do Palmeiras, durante uma confusão dentro de campo, mordeu o cachorro da Polícia Militar. Ou quando o então técnico da seleção brasileira Carlos Alberto Silva pensou que conseguiria enganar algum adversário ao escalar o zagueiro Ricardo Rocha com a camisa 10 durante torneio pré-olímpico.

Tem também o elogio contrariado de Telê Santana para Macedo, em 1991. Durante treino coletivo no estádio do Morumbi, o então jogador do São Paulo inverteu bola para Müller, que invadiu a área e marcou o gol. O treinador parou a atividade e disse: “Isso que é futebol, Macedo. Não aquela m… que você costuma fazer”.

No entanto, entre todas as histórias, a que prende o leitor nas páginas é a que mostra os bastidores do 7 a 1. A reunião no centro do gramado que Felipão promoveu com uma meia dúzia de jornalistas, entre eles PVC, e também o momento que os jogadores, dentro do avião, após o jogo contra a Colômbia, viram Neymar entrar deitado, imóvel, em uma maca são registros preciosos que explicam um pouco sobre o maior fracasso brasileiro em Copas do Mundo.

“Ele chegou até com uma cara boa. Estava sedado, sem dor, sorria. Mas todos os outros jogadores viram. Foi como se estivesse materializada a chance da derrota”, relembrou Carlos Alberto Parreira em passagem do livro.

“Escola Brasileira de Futebol” é documento fundamental, contado em riqueza de detalhes que impressiona. Como o próprio PVC diz, não é uma bíblia, mas é dá perfeita compreensão de como a bola rola no País que se autodenomina do futebol. Se povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la, essa nova publicação deixará os 7 a 1 para sempre nos livros.