Cultura
Antigo ‘lixão’ vira ponto de aulas de ecologia, capoeira e leitura
Projeto nasceu de uma ideia do Mestre Pernilongo, da Abadá Capoeira, que há mais de 20 anos faz campanhas ecológicas pelo Brasil e pelo mundo
Por Rodrigo Pereira
12 fev 2019 às 09:20 • Última atualização 12 fev 2019 às 19:49
Link da matéria: https://liberal.com.br/arquivo-de-noticias/cultura/antigo-lixao-vira-ponto-de-aulas-de-ecologia-capoeira-e-leitura-959465/
Há pouco mais de um ano, uma área pública que era usada para descarte irregular de lixo começou a ganhar vida em uma rua sem saída do Jardim Novo Horizonte, em Americana. Ali, começava a brotar o Projeto Sítio do Chicó, que hoje oferece gratuitamente aulas de capoeira, sustentabilidade e leitura para cerca de 30 jovens. Mantida por membros da própria comunidade local e por meio da venda de hortaliças que são plantadas pelos alunos, o grupo agora está recebendo doações de telhas e outros materiais de construção para dar seu novo passo: a construção de uma biblioteca comunitária.
O projeto nasceu de uma ideia do Mestre Pernilongo, da Abadá Capoeira, que há mais de 20 anos faz campanhas ecológicas pelo Brasil e pelo mundo. “Era um terreno que não tinha nada, um aterro, um lixão, comprei ali na frente para mudar e comecei a plantar. Fazia campanhas ecológicas, levava os alunos para plantar. Fomos fazendo e surgiu o projeto, no qual as crianças têm alimento, mandioca, limão, laranja, goiaba, banana”, conta o mestre capoeirista.
“Ele sabia que eu tinha um projeto de futebol no bairro, e eu também era aluno dele. Um aluno falou que ele tinha essa vontade e eu pensei: ‘vou pegar esses atendidos no projeto do futebol e vamos sugerir a capoeira”, relata o professor de Educação Física Renan de Angelo, de 33 anos, parceiro de Pernilongo na iniciativa. O nome do local foi inspirado no cachorro de Mestre Pernilongo, que não sai da área.
Junto à capoeira, foram agregadas atividades voltadas à sustentabilidade e ao meio ambiente. “Desde cuidar dos animais que tem lá – pato, galinha, ganso, passarinho – a fazer plantio, um sistema de agrofloresta, que é uma mistura de árvores nativas com vegetais e frutíferas”, acrescenta Renan.
Também fizeram uma quadra para as aulas de capoeira. “E toda semana ocorrem plantios de árvores, a cada 15 dias uma palestra, bate um papo com eles sobre lixo, meio ambiente e vamos fazer a biblioteca agora”, acrescenta o idealizador.
Segundo Renan, as atividades no local influenciam na melhoria de hábitos dos atendidos. “Todo mundo leva a borra do café e casca de ovo pra gente fazer adubo. Fazem separação de lixo reciclável e orgânico na casa deles. Trazem os pais para participar, que acabam oferecendo ajuda pra gente também”, explica.
FRUTO DA TERRA. As madeiras que serão usadas para fazer a cobertura da biblioteca foram compradas com a venda de alimentos que eles produziram no próprio Sítio do Chicó. “Com o dinheiro arrecadado, aproximadamente R$ 200, conseguiu comprar a madeira para fazer a cobertura. É toda uma ideia sustentável”, completa Renan.
Agora, eles estão aceitando doação de telhas usadas e outros materiais de construção para finalização da estrutura. O contato pode ser feito com Renan em (19) 99261-0511.