ligada ao PCC
Advogada de Sumaré é presa e expulsa do Paraguai
Prisão de Marcela Antunes Fortuna ocorreu durante investigações de mega-assalto à Prosegur; ela era um dos alvos de operação contra advogados do PCC
Por João Colosalle
03 maio 2017 às 21:28
Link da matéria: https://liberal.com.br/arquivo-de-noticias/cidades/sumare/advogada-de-sumare-e-presa-e-expulsa-do-paraguai-578856/
Um das principais lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital), a advogada Marcela Antunes Fortuna, de Sumaré, foi presa pela Polícia Nacional do Paraguai. Ela tinha mandado de prisão expedido na Operação Ethos, que revelou em novembro do ano passado a reorganização da facção.
Marcela, de 36 anos, foi encontrada na terça-feira vivendo em um apartamento com a família em Ciudad del Este, próximo à fronteira com Paraná. A prisão ocorreu no contexto das investigações do mega-assalto à transportadora Prosegur, na mesma cidade, no mês passado, cujo principal suspeito é o PCC.
Além dela, seu companheiro, Fernando Alves de Oliveira, de 33 anos, também foi preso. Nesta quarta-feira, eles foram expulsos do Paraguai e entregues à Polícia Federal brasileira, na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu (PR).
O jornal ABC Color, do Paraguai, afirmou que fontes da polícia informaram que Marcela vivia no local há cerca de quatro meses e que ela seria responsável por administrar os bens da facção criminosa.
A polícia teria chegado ao nome de Marcela após uma operação na penitenciária regional de Ciudad del Este, onde foram descobertos mensagens e telefonemas que remetiam ao nome da advogada.
Ao jornal ADN Paraguayo, da fronteira, o subcomandante da Polícia Nacional, Bartolomé Báez, afirmou que Marcela vivia com “tranquilidade” no local, inclusive, usando seus documentos originais. “É muito raro que uma pessoa que é procurada por vários delitos e considerada membro importante do PCC possa operar tranquilamente”, disse.
Assalto
O PCC é suspeito de participar do assalto à transportadora de valores Prosegur, no mês passado, em Ciudad del Este. O roubo, o maior da história do Paraguai, teria rendido R$ 40 milhões aos criminosos.
A quadrilha chegou a queimar carros e caminhões para impedir a aproximação de policiais durante o crime. Até agora, 17 pessoas foram presas suspeitas de participação no assalto. Um dos suspeitos, de Campinas, morreu em troca de tiros com policiais.
Por conta de sua posição de liderança na facção, a polícia paraguaia não descarta que Marcela tenha participação no planejamento do mega-assalto.
Liderança
Marcela é apontada como líder do “departamento jurídico” do PCC. Em novembro do ano passado, a Operação Ethos, deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo, revelou que a advogada ocupa posição na hierarquia intermediária da organização, abaixo do autointitulado diretor-presidente da facção Valdeci Francisco Costa, o CI, preso em junho em uma operação na região de Campinas.
Acima deles estão apenas os principais líderes do PCC, todos presos, entre eles, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
A participação da advogada é descrita como de alta importância nas atividades da facção. Caberia a ela, segundo documentos apreendidos pelos investigadores, interagir diretamente com o diretor-presidente “levando dados e resultados do andamento operacional” do grupo.
Apelidada de R1, ela e outra advogada também figuravam nos quadros do crime organizado como responsáveis pela gestão de mais de 40 advogados que prestariam assistência a presos do PCC em forma de serviços jurídicos, a chamada “Sintonia dos Gravatas”.
Marcela faz parte da subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Sumaré. Como endereço funcional, tem declarada no cadastro de advogados a rua da casa dos pais, no Jardim Bom Retiro.
Dos 54 alvos da Operação Ethos, apenas cinco estavam foragidos até agora, entre elas, a advogada.
Em defesa prévia apresentada no processo originado após a operação, a defesa de Marcela alega que não há provas que a liguem ao PCC.