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  Com maior redução da década, nascimentos caem 6,4% na RPT

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8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
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  Com maior redução da década, nascimentos caem 6,4% na RPT

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Região

Com maior redução da década, nascimentos caem 6,4% na RPT

Para os especialistas, uma queda tão acentuada na natalidade está ligada à epidemia de zika vírus e consequentemente, microcefalia

Por Mariana Ceccon

15 nov 2017 às 08:15 • Última atualização 15 nov 2017 às 08:45

A RPT (Região do Polo Têxtil) teve entre 2015 e 2016 a maior redução na década no número de nascimentos registrados. De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira, a queda foi de 6,43%.

No ano passado nasceram 10.218 bebês na região. Em 2015, foram 10.921. Ao longo dos últimos 10 anos, a RPT teve outras reduções neste mesmo dado, no entanto a diferença de um ano para o outro nunca havia sido maior do que 1,25% (entre 2012 e 2013).

Para os especialistas, uma queda tão acentuada na natalidade está ligada à epidemia de zika vírus e consequentemente, microcefalia. O professor do Nepo (Núcleo de Estudos Populacionais) da Unicamp, Everton Lima, acredita que com a freada dos casos da doença este número deve voltar a se estabilizar.

Foto: Eduardo de Oliveira / Radis Comunicação e Saúde / Creative Commons
As principais mudanças ocorreram em Americana e Sumaré

“A hipótese mais provável é a zika, pois foi um assunto de alcance mundial e que realmente fez muitas mulheres repensarem a gestação e o risco. É uma doença que não faz distinção social e atinge todas as estratificações”, ponderou. “Na região, apesar de não termos muitos casos de zika, as contaminações por dengue acabam assustando”.

Lima também acredita que outros fatores como a escolaridade feminina, crise econômica e crescimento no número de divórcios influenciam este dado (leia mais abaixo).

“Os latinos, em geral, passam por várias crises econômicas ao longo dos anos, mas a fecundidade sempre foi alta.

Percebemos que o desejo de ter filhos e uma família ainda prevalece, mas o que mudou foi a quantidade”, comentou.

“Hoje, as mulheres têm tido crianças mais tardiamente e acabam parando no filho único, no máximo um segundo. É uma opção de investimento na carreira e intelecto”, finalizou.

As principais mudanças ocorreram em Americana e Sumaré. As duas tiveram uma redução de nascidos de 9,5%. Só em Americana, a última vez que nasceram tão poucos bebês foi em 2011. No ano passado foram 3.267 novos registros.

Número de divórcios cresce 22%

Os dados do IBGE mostram ainda que a quantidade de divórcios encerrados na Justiça, em primeira instância, na RPT, no ano passado, cresceu 22% em relação a 2015. Foram 1.358 registros em 2016. É o segundo número mais alto na década, perdendo apenas para 2014, quando a região teve 1.924 divórcios.

O número de casamentos, no entanto, manteve-se estável, recuando menos de 0,3%. No total 7.236 casais subiram ao altar, também o segundo maior número de casamentos, na última década.

Para o professor da Unicamp, Everton Lima, o cenário econômico também reflete nas formações familiares. “Na Europa ficou mais clara esta relação, principalmente com os estudos de impacto da crise global de 2008 e seus reflexos nos divórcios. Nos estudos populacionais só conseguimos dimensionar com mais precisão o impacto da crise brasileira em um período maior, já que as decisões de composição familiar são alteradas em mais longo prazo após a crise”, finalizou.