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  Baixa em doações cancela transplantes em hospital

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8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
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  Baixa em doações cancela transplantes em hospital

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Região

Baixa em doações cancela transplantes em hospital

HC, da Unicamp, deixou de fazer oito cirurgias por falta bolsas de sangue no início deste ano

Por Marina Zanaki

14 jan 2018 às 09:31

Foto: Divulgação - HC Unicamp
Hospital das Clínicas, da Unicamp, em Campinas é referência em atendimento de pacientes para cidades da RPT

A queda nas doações de sangue para o Hemocentro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) fez com que transplantes de órgãos precisassem ser cancelados no início deste ano. O Hospital das Clínicas, que é referência para cidades da RPT (Região do Polo Têxtil), depende do estoque de bolsas de sangue para poder realizar as cirurgias.

Períodos próximos a feriados e férias sazonalmente registram uma diminuição nas doações, mas este ano a situação está mais crítica. Segundo o Hemocentro, as doações de sangue caíram 25% em relação ao mesmo período do ano passado.

Coordenadora dos Transplantes Hepáticos do Hospital das Clínicas, Ilka Boin diz que desde o dia 31 de dezembro, oito cirurgias de transplante de fígado precisaram ser canceladas por conta da falta de bolsas de sangue. Os órgãos disponíveis para doação foram imediatamente transferidos a outros centros.

“Tivemos oito transplantes de fígado inviabilizados. Em algumas vezes eu recusei porque já sabia que não tinha, o Hemocentro tinha acabado de me falar que estava sem estoque. Os órgãos foram para outros centros, mas os nossos pacientes, que mereciam esse fígado, não puderam tê-lo”, lamentou a coordenadora.

“A doação de sangue é vital para que aconteçam os transplantes. Existem protocolos de estoque mínimo, dependendo do tipo de cirurgia”, disse Ilka.

DIFICULDADES. Diretor de Serviços de Coleta do Hemocentro, Vagner Castro disse que o centro recusou três cirurgias de transplante de fígado por causa do estoque baixo de sangue. O tipo sanguíneo com maior necessidade no momento é o O positivo.

Além do período de férias e feriados prolongados, a chuva também dificultou a ida aos pontos de coleta este ano, segundo Vagner. Outro ponto que pode afetar as doações nas próximas semanas é a vacinação contra febre amarela em 52 cidades do Estado de São Paulo – nenhuma delas, contudo, faz parte da região.

“Estamos também alertando as pessoas para doarem sangue antes de se vacinarem contra a febre amarela. Essa vacina utiliza vírus vivo atenuado, para quem está com a imunidade normal não tem problema, mas não sabemos se o paciente que receber o sangue vai estar com a imunidade baixa”.

DOAÇÕES. As prefeituras da região realizam campanhas de doação de sangue em parceria com o Hemocentro da Unicamp – no dia 20 de janeiro, por exemplo, haverá uma ação em Hortolândia. Contudo, também é possível se dirigir a um dos postos fixos de coleta. Na RPT, o Hospital Estadual de Sumaré recebe doações de sangue para o Hemocentro de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 12h.

O Banco de Sangue do Hospital Municipal de Americana recebe doação para as cirurgias que ocorrem no próprio local e em outras unidades de saúde do município. O horário de atendimento é feito de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30. O telefone para contato é o 3468-1739.

HC bate recorde de transplante em 2017

O Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) fechou 2017 com um recorde histórico de transplante de órgãos. A unidade realizou 485 cirurgias, maior número desde a inauguração em 1984. Para a instituição, esse aumento está relacionado a uma conscientização da população sobre a importância de doações, e tende a crescer a cada ano.

Em relação a 2016, houve um crescimento de 38% nos transplantes, que passaram 351 para 485. O transplante de fígados registrou o maior crescimento percentual, saltando de 47 em 2016 para 70 no ano passado, um aumento de 48%. Esse tipo de cirurgia possui a segunda maior fila de espera, ficando atrás apenas do transplante de rins.

Os transplantes renais também bateram recorde desde o início das atividades em 1984, com 148 cirurgias. O transplante de córnea lidera com o maior número de cirurgias no ano passado – foram 218.

Coordenadora dos Transplantes Hepáticos, Ilka Boin disse que o número recorde está relacionado a um aumento no número de órgãos disponíveis, mas ainda está abaixo do ideal. O principal entrave é superar a recusa familiar, já que a maior parte das doações é proveniente de pacientes que tiveram morte encefálica, quadro irreversível.

“Há ainda um pouco da recusa familiar, as pessoas não entendem o processo de doação. Quando entendem, no momento de perda é difícil tomar uma decisão dessas. Temos que trabalhar com a conscientização tanto da família quanto dos profissionais de saúde, nos cuidados do doador para que todos os órgãos sejam aproveitáveis”, afirmou.