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  Áreas de baixa renda têm mistura de classe

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  Áreas de baixa renda têm mistura de classe

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Região

Áreas de baixa renda têm mistura de classe

Periferias de Sumaré e Hortolândia, que integram a ‘Cordilheira da Pobreza’, estão ganhando cada vez mais famílias de classe média

Por Marina Zanaki

17 set 2017 às 08:30

As áreas de concentração de famílias com baixa renda na RMC (Região Metropolitana de Campinas) – onde está inserida a RPT (Região do Polo Têxtil) -, a chamada “Cordilheira da Pobreza”, estão cada vez mais heterogêneas e atraindo pessoas de classe média. A observação consta do atlas “Diversidades Socioespaciais na Virada para o século XXI”, organizado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Além disso, o corredor que concentra a mais alta renda está ficando cada vez mais elitizado e homogêneo. Ele foi chamado no documento de “Cordilheira da Riqueza”, e essas duas tendências estão relacionadas, segundo pesquisadores.

O atlas foi elaborado pelos pesquisadores José Marcos Pinto da Cunha e Camila Areias Falcão, do Nepo (Núcleo de Estudos de População). Foram utilizados os dados dos censos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2000 e 2010. O trabalho atualiza um primeiro atlas que foi organizado pela Unicamp em 2006 e que trazia informações das décadas de 80 e 90.

Foto: Arquivo / O Liberal
Estudo da Unicamp foi realizado com base em dados dos censos de 2000 e 2010 do IBGE

A “Cordilheira da Pobreza” é composta pelas periferias de baixa renda de cidades como Hortolândia e Sumaré. Cunha levantou algumas hipóteses sobre a presença cada vez maior de pessoas com média concentração de renda nessas regiões, como, por exemplo, o fato das áreas nos locais valorizados estarem cada vez mais caras.

Isso ocorre por uma elitização dos condomínios de luxo na “Cordilheira da Riqueza”, que compreende uma faixa que vai de Vinhedo até Paulínia, passando por Campinas e Jaguariúna. “Outra hipótese que levantamos é o fato da população dessas regiões pobres ter envelhecido e ter acumulado bens, o que acaba mudando o local. Há também o efeito de políticas habitacionais, como o programa “Minha Casa, Minha Vida” que pode estar colocando famílias de classe média nessas regiões, e há também a possibilidade de a infraestrutura estar melhorando. Esse tipo de melhoria pode ser que demore, mas acaba chegando”, disse o pesquisador. “Esses fatores podem estar atuando em conjunto”, concluiu o professor.

Dentro da RMC, os municípios de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste formam uma região separada e quase independente, segundo Cunha. Ele apontou como exemplo o fluxo de pessoas que moram em Santa Bárbara d’Oeste mas que seguem para Americana para trabalhar, o chamado movimento pendular. Nessas três cidades, quase não há esse tipo de movimento em relação aos outros municípios.

“Posso dizer com certo grau de segurança que essas cidades formam uma realidade bastante especial, estabelecem pouca relação com Campinas e não estão muito ligadas aos fluxos metropolitanos. Nem sempre essa tendência é uma realidade concreta, pode ser um reflexo do campo político”, afirmou Cunha.