Americana
Sem reparos, Estrada Ivo Macris tem um buraco a cada 35 metros
Com histórico problemático, via de Americana tem condições que colocam em risco segurança de motoristas
Por George Aravanis
25 nov 2018 às 08:33
Link da matéria: https://liberal.com.br/arquivo-de-noticias/cidades/americana/sem-reparos-estrada-ivo-macris-tem-um-buraco-a-cada-35-metros-916428/
Não há placa de limite de velocidade nem radares na Estrada Municipal Ivo Macris, em Americana. E são totalmente dispensáveis. Os buracos cumprem a função. Em alguns casos, praticamente obrigam o motorista a parar. São 174 buracos, buraquinhos, crateras e deformações completas numa pista que não tem acostamento nem iluminação. Há relatos de gente que foi assaltada ao reduzir a velocidade.
Os defeitos no solo estão distribuídos em 6,2 quilômetros. Em média, é como se houvesse uma imperfeição no solo a cada 35 metros. A extensão da via foi informada pela Prefeitura de Americana, embora da placa que indica o início da estrada até o aterro sanitário sejam 7,5 quilômetros.
Todos os buracos contados pela reportagem do LIBERAL, porém, estão nos 6,2km iniciais, que vão da placa logo após a Basalto até o acampamento Roseli Nunes.
A prática é ainda pior que a matemática. Em alguns trechos, dez ou mais buracos atravessam a pista. É quase impossível passar por eles sem enfiar a roda numa panela de terra. Um desses pontos fica 1,3 km depois do início da pista.
Às vezes, é possível trafegar por até 900 metros sem encontrar um buraco. Para encontrar, logo em seguida, 20 ou 30 falhas acumuladas em cerca de 20 metros. É isso que obriga muita gente a fazer malabarismo e preocupa motoristas.
“Nas curvas os buracos estão fazendo o motorista jogar pra contramão. É questão de tempo para acontecer uma tragédia”, conta o assistente administrativo Luiz Oliveira, de 30 anos, que trabalha em Paulínia e usa a estrada diariamente.
Ele conta que quase foi assaltado há cerca de um mês, quando reduzia a velocidade para passar por uma cratera. O episódio aconteceu na altura do assentamento Milton Santos. Dois homens de moto o viram e o seguiram, mas ele jogou para a contramão e fugiu.
Uma semana antes, um amigo de Oliveira viu outro homem ser assaltado e perder a moto ali perto.
O leiturista Leonardo Mori, de 32 anos, também passa com frequência pela estrada. No mês passado, quase caiu por causa dos buracos e da terra que ele acredita ter caído de algum caminhão. “Tem uns cinco trechos em que está tudo esburacado”, diz.
Caminhões acima de três eixos, aliás, são proibidos na estrada, mas motoristas relatam que eles passam ali com frequência.
A prefeitura informou que a Gama (Guarda Municipal de Americana) fiscaliza o local diariamente. Nos últimos 30 dias, a reportagem foi três vezes à Ivo Macris, e em uma delas encontrou os patrulheiros. Segundo o governo municipal, vândalos retiram as placas, o que atrapalha. “A prefeitura já estuda a colocação de placas em locais que impeçam sua retirada.”
Dona de um bar há 17 anos à beira da estrada, Rosângela Lima Sampaio, de 48 anos, diz que já cansou de emprestar estepe e macaco para quem arrebentou pneus ali. E diz que a situação está cada vez pior.
Prefeitura leva caso para análise do MP
A discussão sobre a qualidade do asfalto na Ivo Macris começou no ano passado. Na época, a prefeitura anunciou ter identificado problemas na qualidade do pavimento colocado no local em 2010. Segundo o governo Omar Najar (MDB), o estudo sugere problemas na execução do projeto. A camada tinha entre 3 e 3,5 centímetros, disse o governo. Na última quinta, a prefeitura informou ter levado o caso ao Ministério Público.
O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) terminou a pavimentação na Ivo Macris em 2010. O departamento diz que fez o serviço combinado.
Afirma que o estudo anunciado pela prefeitura ano passado se trata de uma recuperação profunda e estrutural. E o que o DER diz ter feito foi um recapeamento com intervenções no sub-leito, que era o objeto do convênio firmado com as prefeituras de Americana, Cosmópolis e Paulínia – a Ivo Macris faz parte de um conjunto viário que passa por essas três cidades.
Segundo o DER, a falta de fiscalização e manutenção da via, aliado ao tráfego intenso, gerou o desgaste no asfalto. A responsabilidade de manutenção é da prefeitura.
A Estrutural, executora dos serviços, chegou a fazer reparos na via após as queixas da prefeitura, no ano passado. Foram obras emergenciais, para tapar buracos. O governo afirmou que mantém contato com a Estrutural para solicitar manutenção e melhorias. Procurada, a empresa não deu retorno.