ralph biasi
O último adeus a Ralph Biasi
Corpo seguiu para o Crematório Municipal de Campinas no início da tarde; políticos relembraram momentos icônicos do ex-prefeito
Por Mariana Ceccon
05 ago 2017 às 18:44 • Última atualização 05 ago 2017 às 18:45
Link da matéria: https://liberal.com.br/arquivo-de-noticias/cidades/americana/o-ultimo-adeus-a-ralph-biasi-636796/
Familiares e amigos do ex-prefeito de Americana Ralph Biasi deram o último adeus ao político na manhã deste sábado. O corpo foi levado ao Crematório Municipal de Campinas no início da tarde, encerrando o velório do peemedebista. Ralph faleceu na manhã desta sexta-feira, aos 69 anos, após passar 15 dias internado no Hospital Albert Eisntein em São Paulo, com problemas respiratórios. Em uma cerimônia mais íntima, o sábado foi inteiro dedicado a presença dos familiares e amigos mais próximos.
O primo de Ralph, Luiz Antonio Miante, de 68 anos, disse que na família o político era visto como um homem muito inteligente e visionário. “Ele era mais reservado, não era muito expansivo. Muito dedicado a irmã e as três sobrinhas”, comentou. “A casa antigamente era frequentada por políticos, pessoas que buscavam fortalecer uma relação com ele. Nos últimos tempos, no entanto, o Ralph continuava a ter uma rotina muito ativa, mas cuidando mais da sua vida particular”, lembrou. Muito emocionadas, a irmã de Ralph e as sobrinhas não quiseram falar com a reportagem.
Também participaram do velório neste sábado, vereadores de Americana, entre os quais Marco Antonio Alves Jorge, o Kim (PMDB) e o ex-prefeito do mesmo partido, Frederico Polo Müller, que comandou Americana entre 1993 e 1996. “Eu me filiei ao PMDB pelas mãos do Ralph, isso em 1975. Em 76 fiz parte do governo como diretor do Departamento de Promoção Social, Habitação e Saúde e sempre disse para ele que queria ser técnico. Mas hoje eu vejo que foi ali que fui contaminado pelo vírus da política. Posso dizer que fui prefeito depois e entrei no meio pelas mãos do Ralph”, comentou o ex-gestor.
“Inimigos” no Plenário, mas amigos na vida pessoal, Ralph Biasi e o ex-deputado Antonio Mentor (PT) também eram próximos. “Tivemos muitos embates. Ele foi um dos que criticaram muito a fundação do PT na época de militância estudantil ainda. Mas com certeza foi um político que muitos lembrarão, principalmente pela sua gestão de valorização da infraestrutura social”, comentou o petista. “Nos conhecemos no trem. Eu ia para Rio Claro onde fazia Ciências Sociais e ele ia para São Carlos onde cursava engenharia. Foram nessas viagens e nos movimentos estudantis da época que nos aproximamos”, pontuou.
Engenheiro civil e empresário, Ralph foi eleito em 1972, com 25 anos, e dirigiu a cidade entre 1973 e 1977 – é, até hoje, o prefeito mais novo da história de Americana. Filiado ao MDB e, mais tarde, ao PMDB, ele também é considerado o político americanense de maior prestígio. Além de deputado federal, foi nomeado ministro da Ciência e Tecnologia durante o governo do presidente José Sarney, em 1988.
Com uma antiga foto dos tempos de faculdade nas mãos, o ex-vereador Antônio Carlos Sacilotto (PSDB) lembrou durante o velório da época em que ele e Ralph Biasi dividiram uma república em São Carlos, sendo os únicos americanenses a cursar Engenharia Civil na Universidade Federal de São Carlos. “O Ralph nunca gostou muito da engenharia em si. Era o pior aluno da classe”, riu. “Ele sempre foi mais do lado da economia e desde sempre fazia campanha, dizendo que ia ser prefeito. Uma vez ele copiou uma prova minha e o professor nos chamou. Ele prontamente admitiu que ele havia copiado e, por isso, o professor reprovou ele direto e me deu zero. Uma coisa que a gente não esquecia”, relembrou.
Já na vida política Sacilotto lembrou que foi graças a Ralph que candidatou-se a deputado estadual e depois vereador. “Sempre continuamos muito amigos. O Ralph tinha uma personalidade muito marcante. Lembro dele me ligar dizendo que iria me visitar a noite e tocava a campainha depois da meia-noite. Muitas vezes minha esposa e eu já até estávamos de pijama, mas quando ele sentava no sofá a nossa conversa ia longe”, finalizou.