Americana
Líder da Igreja da Maconha tem 2ª condenação na Justiça
Ras Geraldinho foi condenado a 12 anos e 3 meses de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico; ele nega os crimes
Por George Aravanis
08 fev 2018 às 09:34
Link da matéria: https://liberal.com.br/arquivo-de-noticias/cidades/americana/lider-da-igreja-da-maconha-tem-2a-condenacao-na-justica-744234/
A Justiça de Americana condenou Geraldo Antonio Baptista, o Ras Geraldinho, fundador da “Igreja da Maconha”, a 12 anos e 3 meses de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico. É a segunda condenação semelhante contra o homem de 58 anos, preso em 2012. Em 2013, a Justiça determinou que ele ficasse atrás das grades por 14 anos, pena que foi reduzida depois para 10 anos e 3 meses. O réu nega os crimes e diz que a droga era usada em rituais religiosos. Seu advogado no primeiro caso quer discutir no STF (Supremo Tribunal Federal).
A nova sentença, do mês passado, condena Geraldinho e mais quatro pessoas, inclusive a namorada do acusado e o filho dela. Segundo um advogado que representou Geraldinho neste processo, o réu continua na cadeia por causa da condenação de 2013. A SAP (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária) não respondeu se o fundador da 1ª Igreja Niubingui Etiope Copic de Sião do Brasil, que ficou conhecida como “Igreja da Maconha”, está preso.
O juiz André Carlos de Oliveira baseou a decisão do mês passado em acusações referentes a três operações policiais na chácara na Praia dos Namorados onde funcionava a sede da igreja. As batidas policiais ocorreram nos dias 30 de junho de 2010, 22 de junho de 2011 e 13 de dezembro de 2011.
Em todas ocasiões, diz a Justiça, havia pés de maconha na chácara. Segundo a Justiça, Geraldinho plantava e mantinha a droga no local, que era consumida até por adolescentes, o que resultou no agravamento da pena do líder da igreja. Em um dos casos, foram apreendidos 30 pés de maconha.
O juiz André Carlos de Oliveira entendeu que a igreja era pretexto. “(…) associaram-se de modo tal que indicaram os seus nomes para a referida Igreja, com atribuições pessoais, meramente ilustrativas (como confirmaram interrogatórios), o que daria à chácara a possibilidade de ser tomada como igreja para uso seguro de maconha”.
Ainda de acordo com a sentença, em uma das ocasiões foram apreendidos R$ 103 na chácara. Isso confirma, diz o juiz, que havia sugestões para “doação” ou “pagamento de taxas”.
Os cinco réus negaram à Justiça ter cometido crimes. Exceto Geraldinho, todos respondem em liberdade. A reportagem falou com Luís Carlos Siqueira Bueno, que representou Geraldinho. Ele diz que o réu é inocente, mas afirmou que não vai cuidar mais da defesa. A reportagem não conseguiu falar com o advogado que ficou com sua defesa.
Alexandre Khuri Miguel, que defendeu Geraldinho no primeiro processo, disse que trabalha para conseguir a anulação das penas no STF (Supremo Tribunal Federal), com base no argumento de liberdade religiosa.
Além de Geraldinho, Vinicius de Oliveira Mendes foi condenado a 12 anos e oito dias. José V. Ali Junior, Marlene Silvana Martim (companheira de Geraldinho) e Samir Gabriel Martim, filho dela, foram condenados a nove anos e quatro meses por tráfico e associação ao tráfico.
Rafael Sanches, advogado de Vinicius, disse que ainda não analisou a decisão, mas que pretende recorrer. Ana Carolina Pereira Leite, defensora de José Veraldo, disse que não foi notificada. A reportagem não conseguiu falar com Marlene e com Samir ou com suas defesas.