caso leandro
Fiéis lavam escadaria da Basílica Santo Antônio de Pádua em protesto
Manifestação ocorre após a abertura de dois inquéritos que apuram as denúncias de abuso sexual e apropriação indébita contra o Padre Leandro
Por Paula Nacasaki
03 fev 2019 às 19:09 • Última atualização 04 fev 2019 às 07:44
Link da matéria: https://liberal.com.br/arquivo-de-noticias/cidades/americana/fieis-lavam-escadaria-da-basilica-santo-antonio-de-padua-em-protesto-954552/
Cerca de 120 fiéis lavaram a escadaria da Basílica Santuário Santo Antônio de Pádua em Americana na tarde deste domingo (3). A manifestação ocorre após a abertura de dois inquéritos que apuram as denúncias de suposto abuso sexual e apropriação indébita contra o ex-reitor da igreja, o Padre Leandro Ricardo. O evento foi organizado pelas redes sociais e pede da igreja uma resposta contra as suspeitas envolvendo o sacerdote.
Os fiéis se encontraram em frente a Basílica às 15h e lavaram os degraus da escada. Além disso, cartazes foram colocados no portão do local com dizeres contra o abuso e com questionamentos à Igreja.
Eles também discursaram sobre o momento atual, fizeram orações e pediram a saída do bispo diocesano, Dom Vilson de Oliveira, que é investigado por supostamente coagir outros padres a depor a favor de Leandro em uma investigação policial anterior, que apurava supostos abusos sexuais, e ainda suspeito de usar seu cargo para extorquir dinheiro de outros párocos.
A primeira a chegar no ato neste domingo, a aposentada Maria de Lourdes Trevisan, de 68 anos, se emocionou o falar da participação dos devotos. Ela, que por 40 anos participou das atividades da Basílica, espera que a Justiça seja feita.
“Fiquei com medo das pessoas não virem, se não viesse ninguém eu ia jogar água sozinha porque é muito triste o que está acontecendo. Essa água está saindo da alma das pessoas, esperamos a limpeza de tudo e que a justiça seja feita. Fiquei muito feliz e emocionada quando eu vi os fiéis chegando para lavar a escada”.
Um representante de vendas que não quis ter seu nome divulgado por medo de represálias espera que a Justiça investigue todas as acusações e, assim como os outros fiéis, aguarda uma resposta. “Nosso papel de leigo é assumir o papel de profeta, e nesse papel anunciar o evangelho e denunciar o pecado, o erro e, se ele existir, que as pessoas paguem. Nosso papel é pedir uma explicação, e lutar por uma igreja mais justa”.
A agente administrativa Fátima Aparecida Bruscagin, de 57 anos, anseia que todas as paróquias da Diocese de Limeira sejam investigadas, para que a “limpeza” proposta pelo movimento deste domingo atinja outras comunidades cristãs. “A gente ouve muitos comentários, não só dessa paróquia, de outras também, mas agora a ‘casa caiu’. Eu só peço que o Ministério Público investigue todas as paróquias pertencentes a diocese”.
A assessoria de imprensa da Basílica Santuário Santo Antônio de Pádua foi procurada para comentar a manifestação envolvendo os fiéis, mas não se manifestou.
Inquéritos
As investigações contra o Padre Leandro se baseiam em um dossiê anônimo que foi encaminhado ao gabinete da deputada estadual Leci Brandão (PC do B). Após análise, o documento foi conduzido ao Procurador-Geral de Justiça do Estado, Gianpaolo Smanio, por ter “prerrogativa de investigação”. O chefe do Ministério Público decidiu, no início do ano, enviar cópias às promotorias municipais, que solicitaram à Polícia Civil a abertura das investigações. Em Americana, o inquérito será presidido pelo delegado José Luiz Joveli, assistente da Delegacia Seccional.