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  Delator entrega à Lava Jato ‘recibo de propina’ via escritório de Romano

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  Delator entrega à Lava Jato ‘recibo de propina’ via escritório de Romano

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Lava Jato

Delator entrega à Lava Jato ‘recibo de propina’ via escritório de Romano

Engenheiro ligado à empreiteira Schahin entregou à força-tarefa da operação notas de pagamentos feitos a ex-tesoureiro do PT

Por João Colosalle

27 fev 2017 às 18:59

O engenheiro José Antonio Marsilio Schwarz, ligado à empreiteira Schahin, afirmou em delação premiada feita a procuradores da Operação Lava Jato que pagou R$ 200 mil em propina, em 2010, à campanha do ex-tesoureiro do PT, Paulo Ferreira.

O valor, segundo Schwarz, foi repassado por meio de um contrato firmado com o escritório do ex-vereador de Americana, Alexandre Romano, o Chambinho, também delator da Lava Jato. Além do depoimento, dado no dia 31 de janeiro, o engenheiro entregou também os “recibos da propina” – notas fiscais que mostram os valores pagos pela Schahin ao escritório de advocacia de Romano.

Os documentos da delação de Schwarz foram juntados ao processo da Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato, deflagrada em julho do ano passado, que investigava crimes de corrupção, cartel e lavagem de dinheiro nos contratos da Petrobras celebrado com o Consórcio Novo Cenpes, da qual a Schahin fez parte, para a construção do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, no Rio de Janeiro.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal identificaram o pagamento de R$ 39 milhões em propinas entre 2007 e 2012. Parte dos recursos movimentados pelos operadores foi repassada para agentes políticos ligados ao PT, segundo as investigações.

Entre os termos de colaboração premiada que ajudaram os procuradores na investigação da Abismo, o de Alexandre Romano revelou a participação do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira no esquema. Os pagamentos para ele ocorreram, segundo a investigação, por meio de familiares, um blog e até uma escola de samba do Rio Grande do Sul.

Foto: Geraldo Bubniak - Estadão Conteúdo
Valor foi repassado por meio de um contrato firmado com o escritório do ex-vereador de Americana, Alexandre Romano, o Chambinho, também delator da Lava Jato

RECIBOS. A delação de Schwarz confirma parte dos valores repassados ao ex-tesoureiro via Alexandre Romano. Segundo o engenheiro, Paulo Ferreira procurou a Schahin no início de 2010 para pedir uma contribuição “paralela” para sua campanha a deputado federal no mesmo ano.

O valor da contribuição seria de R$ 200 mil. De acordo com a delação, foi o ex-tesoureiro petista quem indicou o contato de Chambinho para que o pagamento fosse feito por meio do escritório Oliveira Romano Sociedade de Advogados.

Schwarz contou aos investigadores que o acerto com Romano foi feito no escritório do ex-vereador, em São Paulo. “Nessa reunião o declarante [Schwarz] avisou que fariam o pagamento de doação para campanha política para deputado de Paulo Ferreira, tendo se estabelecido como se dariam os pagamentos”, diz a delação.

Segundo o engenheiro, sequer foi feito um contrato com o escritório de Romano, “nem mesmo para simular prestação de serviços a pretexto de justificar os pagamentos”. “Alexandre Romano de fato chegou a oferecer uma prestação de serviços mas o declarante não deu andamento a essa possibilidade”, traz a declaração.

O engenheiro disse terem sido emitidas cinco notas fiscais, no valor de R$ 74.698,22 cada uma entre abril e agosto de 2010, mas apenas três teriam sido pagas, totalizando pouco mais de R$ 224 mil.

Foto: Reprodução
Engenheiro disse terem sido emitidas cinco notas fiscais, no valor de R$ 74.698,22 cada uma

ANDAMENTO. Por conta do acordo com o Ministério Público Federal, homologado no início deste mês pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Scharwz pagará multa de R$ 500 mil. O valor é bem menor do que o firmado pelo ex-vereador Alexandre Romano, que pagará R$ 6 milhões. Paulo Ferreira foi solto no dia 2 de fevereiro, após pagar fiança de R$ 200 mil.

O processo da Operação Abismo, no qual Romano foi denunciado pelo crime de lavagem de dinheiro, ainda está na fase de interrogatórios. Ainda não há prazo para julgamento.