15 de agosto de 2019 Atualizado 09:42

  O perigo mora na cápsula

  O perigo mora na cápsula

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

  O perigo mora na cápsula

Compartilhe

Revista L

O perigo mora na cápsula

Acompanhados por profissionais, os inibidores de apetite podem ser bonzinhos. Mas quando não, viram verdadeiros vilões

Por Núria de Oliveira

06 nov 2015 às 07:29 • Última atualização 20 jan 2017 às 18:55

A vontade de *Janaina era emagrecer. Simples assim. Com apenas 18 anos e um metabolismo “nada amigo”, como ela disse, encontrou um profissional de saúde picareta para lhe dar um receituário de femproporex. “Ele me deu. Nem me examinou, nem nada”, recorda. O primeiro dia foi o pior. Não conseguia parar de falar, seus dentes batiam e o coração estava disparado. “Não conseguia dormir porque não parara de pensar. Emagreci mais de sete quilos em duas semanas”. Feliz com os quilos perdidos, decidiu parar de tomar o remédio. O efeito rebote veio com tudo e ela ganhou quase 12 quilos. “Nunca mais na minha vida quero tomar remédio outra vez para emagrecer”, conta, agora com 28 anos.

O fato é que histórias como a de Janaina são comuns. A dela só rendeu alguns números a mais na balança, mas custou a vida de Juliana Paula Silva, 26, que suicidou após ingerir sibutramina, remédio moderador de apetite que teve o uso restrito, segundo nova determinação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgada em outubro.

Inibidor só com receita!

A nutróloga Liliane Oppermann diz que o perigo é a aquisição sem prescrição médica. Se o local vender o inibidor de apetite sem solicitar a receita, o cliente deve desconfiar na mesma hora. “Além disso, este tipo de remédio pode ser perigoso justamente quando é consumido sem acompanhamento médico. Isso porque, o indivíduo não sabe se possui algum tipo de restrição, pode não estar se alimentando de forma correta, pode estar tomando em horas erradas ou doses erradas”, comenta.

Segundo a médica, esses medicamentos possuem muitos efeitos colaterais (confira a lista de itens). O caminho correto é consultar um especialista para ver a real necessidade de fazer o tratamento. “O remédio é mais indicado para pessoas obesas e acima do peso. Se ingeridos com esse acompanhamento e de forma correta, podem sim ter benefícios, pois realmente auxiliam na perda de peso do paciente. Porém, o medicamento não é milagroso. O uso apenas dele, com uma rotina inadequada, sem dúvidas é perigoso”, alerta.

Efeitos colaterais

– Insônia
– Tontura
– Náuseas
– Dor de cabeça
– Dores musculares
– Dor nas articulações
– Cólicas menstruais fortes
– Boca seca
– Prisão de ventre
– Modificações no apetite sexual

É tarja preta!

Liliane explica que a forma correta de ingerir estes inibidores é acompanhado com uma rotina saudável. Além de atividades físicas, o médico passa um cardápio para ser seguido à risca. Todo o cuidado é pouco, já que o remédio tem tarja preta. “Existe um limite de dose por dia, e, caso o tratamento não faça efeito em quatro semanas, o médico deve suspender a receita”, destaca. O medicamento costuma ser usado apenas de estímulo no início do processo. Com o cardápio cada vez mais na rotina do paciente, a ideia é suspender os remédios para seguir por um processo mais natural.

Propaganda negativa

A busca pela perda de peso rápida entre os jovens se deve, segundo a nutróloga, às matérias chamativas na internet que influenciam bastante o uso do medicamento sem prescrição médica. “Como existem muitas matérias sensacionalistas que garantem o resultado da sibutramina, por exemplo, sem ao menos citar os perigos que ela pode trazer, os jovens se pegam a isso e querem comprar achando que vão acontecer milagres no corpo”.

Fonte: nutróloga Liliane Oppermann