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  Segurança impede homem de comprar comida para menino em shopping

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8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
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  Segurança impede homem de comprar comida para menino em shopping

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Brasil

Segurança impede homem de comprar comida para menino em shopping

Na última segunda-feira, 11, um homem tentou comprar comida para um menino em um restaurante da praça de alimentação do…

Por Agência Estado

13 jun 2018 às 17:28 • Última atualização 13 jun 2018 às 20:15

Na última segunda-feira, 11, um homem tentou comprar comida para um menino em um restaurante da praça de alimentação do Shopping da Bahia, em Salvador, mas foi impedido por um segurança do local. O momento foi gravado e publicado nas redes sociais, e o shopping está sendo criticado por racismo – o menino era negro e supostamente morador de rua.

“Eu tô querendo dar o almoço ao menino e o segurança tá falando que vai me tirar do shopping a força, vai tirar o menino. Eu vou pagar, ele vai comer. Eu queria ver se fosse seu filho que estivesse na rua passando fome, ele vai comer, vai comer sim. Quem tá pagando sou eu. Eu vou pagar, por que ele não vai comer? Você vai chamar quem você quiser e ‘bora’ ver se eu vou sair daqui”, disse Kaique Sofredine, homem que tentava comprar o lanche, no vídeo.

“Esse é meu trabalho”, justifica o segurança em outro momento do vídeo, enquanto fica na frente do restaurante impedindo a compra do alimento. Posteriormente, outros seguranças chegam ao local, e após muita discussão, o homem consegue realizar a compra.

Kaique publicou o vídeo no Facebook e se mostrou revoltado com o ocorrido. “Fui pagar um almoço pra uma criança e o segurança disse que ele não iria comer. Foi uma longa discussão até chamar o supervisor dele e. por fim, o supervisor deixar o menino comer no shopping”, escreveu ele no post.

No dia seguinte ao ocorrido, o Ministério Público da Bahia instaurou inquérito para apurar a ação do segurança para apurar a responsabilidade do shopping “em possível prática de racismo institucional”. O Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (GEDHDIS) determinou um prazo de dez dias para que o estabelecimento preste esclarecimentos.

“Depois de instruído (por meio da coleta de informações e depoimentos), o procedimento poderá resultar em uma recomendação, Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) ou até uma ação civil pública contra o shopping, inclusive por eventuais danos morais individuais ou coletivos decorrentes da atuação do segurança”, afirmou a promotora Lívia Vaz. Ela ainda explicou que a investigação na esfera civil não afasta a responsabilização criminal.

Em nota, o Shopping da Bahia pediu desculpas pelo ocorrido e informou que o funcionário “foi afastado de atividades relacionadas a atendimento público” e que foi “advertido e segue para uma nova rodada de cursos e adaptações”. Confira a nota na íntegra abaixo:

“O Shopping da Bahia vem a público, mais uma vez, pedir desculpas pelo ocorrido. Após uma reunião nesta terça-feira, o empreendimento decidiu pelo afastamento do profissional de atividades relacionadas a atendimento ao público. Mesmo não tendo nenhuma orientação do Shopping que suporte as ações tomadas pelo profissional, optamos por trabalhar a sua reabilitação. Além disso, ele foi advertido e segue para uma nova rodada de cursos e capacitações.

Reforçamos também que, neste momento, é necessário esclarecer diversos pontos que vem sendo abordados em torno do fato.

1 – Nossos seguranças recebem treinamentos periódicos, não apenas com conteúdo técnico, mas também conteúdo sobre o contexto social que vivemos. Em 2017, toda a equipe do empreendimento recebeu treinamento de autoridades nacionais em temas como racismo, diversidade e enfrentamento de temas de alta relevância para nossa operação. Entre os especialistas que estiveram com a nossa equipe, estão lideranças como o professor Hélio Santos, presidente do Instituto Brasileiro da Diversidade, e a vice-presidente do Fórum Nacional de Gestores LGBT, Bruna Lorrane.

2 – Não há e nem nunca houve nenhuma orientação para uma abordagem que fosse além de coibir ações de comércio informal e de pessoas (crianças e adultos) que tentam abordar clientes com pedidos de dinheiro, alimentos ou produtos. A decisão do cliente é soberana e tem que ser respeitada, sem nenhuma ação violenta ou que gere constrangimento. Atuamos em parceria diária com órgãos como Conselho Tutelar, Juizado de Menores, Instituto IRIS, Polícias Civil e Militar, e a orientação é sempre pelo cumprimento da lei e respeito aos direitos humanos;

3 – O shopping repudia qualquer acusação de racismo institucional, e temos orgulho da nossa relação com o povo de Salvador, suas matrizes culturais, étnicas e sociais.

Encerramos, pedindo mais uma vez, desculpas e lamentando o ocorrido. As desculpas são direcionadas a todos os que se sentirem tristes e ofendidos com o fato, mas especialmente aos envolvidos e suas famílias.”