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  Jovens agora buscam estabilidade no trabalho

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Jovens agora buscam estabilidade no trabalho

Jovens brasileiros de 19 a 35 anos estão tendo a sua confiança minada pela combinação entre recessão, corrupção e violência

Por Folhapress

27 mar 2017 às 10:14

Conhecidos pela inquietude, os jovens da geração do milênio (nascidos entre 1982 e 1998) com trabalho com carteira e alta escolaridade estão tendo a sua confiança minada pela combinação entre recessão, corrupção e violência. Essa tendência, mais marcante no Brasil, é indicada por uma queda brusca na fatia dos profissionais com esse perfil que deseja mudar de emprego rapidamente.

No fim de 2015, 48% dos jovens brasileiros de 19 a 35 anos (também chamados de geração Y) esperavam trocar de trabalho em, no máximo, dois anos. No fim de 2016, essa parcela recuou para 34%. Embora menos radical, o movimento também foi percebido no mundo como um todo, onde esse percentual caiu de 44% para 39%.

Os dados fazem parte de pesquisas da consultoria Deloitte que analisam o perfil dessa geração há seis anos. A pesquisa mais recente ouviu quase 8.000 jovens em 30 países, 300 deles no Brasil. Os participantes são profissionais com, ao menos, ensino superior completo e que, em sua maioria, trabalham para empresas de maior porte (mais de cem funcionários).

“Parece que os choques que essa geração viveu recentemente geraram uma busca por mais estabilidade”, afirma Renata Muramoto, sócia da Deloitte Brasil.

Foto: Creative Commons
No fim de 2016, jovens que queriam trocar de trabalho em dois anos recuou para 34%

Crime, desemprego e corrupção foram elencados, nessa ordem, como principais preocupações dos jovens brasileiros de 19 a 35 anos entrevistados. Em países desenvolvidos, terrorismo e tensões políticas ocuparam o topo da lista (desemprego apareceu em quarto lugar).

Segundo Muramoto, as preocupações diferentes indicam que a recessão que o Brasil atravessa desde 2014 pode ter contribuído para uma tendência mais marcante de busca de estabilidade entre os jovens do país.

Para Daniela Diniz, diretora de conteúdo e eventos da consultoria GPTW (Great Place to Work), os jovens profissionais brasileiros estão se tornando mais realistas. “Eles estão vivendo o primeiro grande choque de suas vidas. É normal que busquem mais segurança”.

Segundo ela, enquetes que a GPTW faz em seu portal revelam que os profissionais brasileiros têm dado preferência a se manter no mesmo emprego e ser promovidos. Os jovens de até 34 anos representam 62% dos funcionários das 150 melhores empresas para trabalhar no Brasil (são mapeadas em uma pesquisa anual da GPTW).

Valorização
Os jovens profissionais brasileiros passaram a buscar maior estabilidade em suas carreiras, mas continuam a valorizar acordos flexíveis de trabalho, como a possibilidade de cumprir parte da jornada fora do escritório.

Segundo pesquisa da Deloitte, entre os brasileiros da geração do milênio (nascidos entre 1982 e 1998) que dizem ter alto grau de flexibilidade, 88% creem que isso os torna mais engajados às empresas. Uma fatia parecida (89% dos que se encontram nessa situação) afirma que benefícios desse tipo aumentam sua eficiência.

Para Renata Muramoto, sócia da Deloitte Brasil, os jovens da geração do milênio se tornaram “menos românticos”, mas continuam buscando maior autonomia. “O profissional que está na sua frente das 8h às 17h não é necessariamente o que vai dar mais frutos”.

Horário flexível e a chance de trabalhar parte do tempo de casa apareceram no topo da lista dos benefícios mais valorizados pelos brasileiros, segundo uma enquete recente da consultoria GPTW (Great Place to Work). Dos 1.127 trabalhadores ouvidos, 23% citaram esse tipo de arranjo como o fator que mais aumenta a atratividade de uma vaga. Bolsas de estudo apareceram depois, mencionadas por 17% do total. E, em terceiro, sextas-feiras mais curtas (elencadas por 14% dos entrevistados), que, normalmente, são compensadas por jornadas mais longas nos outros dias.

Para Daniela Diniz, diretora da GPTW, o maior conservadorismo da geração do milênio, que tem apostado mais em oportunidades dentro de suas próprias empresas, é também um reflexo do seu envelhecimento. “A impaciência, a inquietude e a insegurança eram traços muito citados sobre essa geração que tinham muito a ver com sua juventude”.