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ELEIÇÕES 2024

Maria Giovana quer tornar DAE uma empresa pública e contratar ‘caça-vazamento’

Segundo pedetista, medidas buscariam reduzir tanto a perda quanto a falta de água; candidata foi sabatinada pelo Grupo Liberal

Por Gabriel Pitor

26 de setembro de 2024, às 08h00 • Última atualização em 26 de setembro de 2024, às 09h41

A candidata a prefeita de Americana, Maria Giovana (PDT), quer mudar a estrutura do serviço de saneamento municipal: sairia de cena o DAE (Departamento de Água e Esgoto), uma autarquia da prefeitura, e assumiria os trabalhos uma empresa pública a ser criada com o nome de Sanam. A nova companhia teria administração indireta e seria responsável por contratar uma empresa para “caçar” vazamentos na rede.

As propostas foram apresentadas nesta quarta-feira (25), no segundo dia das sabatinas do Grupo Liberal com os postulantes ao cargo máximo do Executivo americanense, que foi ao ar nas rádios Zé (FM 76,3) e Gold (FM 94,7) e nas páginas do LIBERAL no Facebook e no YouTube.

Maria Giovana tem 32 anos e é sanitarista – Foto: Leonardo Matos/Liberal

Para estabelecer a Sanam, a pedetista deseja enviar um projeto de lei para a câmara. A empresa pública teria um caixa próprio, ao invés de estar vinculado ao orçamento da prefeitura, e passaria por auditorias. Já a admissão de uma terceirizada para encontrar grandes vazamentos seria, segundo a candidata, uma medida emergencial para reduzir tanto a perda quanto a falta de água.

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Maria Giovana tem 32 anos e é sanitarista. Essa é a segunda vez que ela tenta o cargo. Na primeira, em 2020, foi a segunda mais votada, com 29.562 votos. Ela também foi vereadora de 2017 a 2020 e tentou por duas vezes o cargo de deputada federal, primeiro pelo PCdoB, em 2018, e depois pelo PDT, em 2022.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista, que pode ser assistida na íntegra no site do LIBERAL. As sabatinas com os candidatos à Prefeitura de Americana terminam na sexta (27) com Ricardo Pascote (União Brasil). A transmissão é das 20h15 às 21h15.

LIBERAL | Se você for eleita prefeita de Americana, qual vai ser a sua primeira medida?

Vou fazer uma intervenção administrativa no HM (Hospital Municipal). Não dá para esperar enquanto vidas estão sendo perdidas por negligência, então minha primeira ação será uma intervenção para que eu possa tirar a Santa Casa de Chavantes [OS responsável pela gestão] o quanto antes.

LIBERAL | Ainda sobre essa questão da Chavantes, você tem feito recorrentes críticas à gestão do hospital. Qual a sua insatisfação com a OS e o que fazer para melhorar?

A Chavantes é uma empresa que já tem atos criminosos consolidados aqui em Americana, como a prisão de uma funcionária que estava roubando medicamentos nossos. Também tivemos uma morte por negligência de uma senhora que sequer teve atendimento, ficou na fila de espera por mais de 12h em uma cadeira de rodas. Recebo inúmeras famílias que dizem que perceberam negligência no cuidado de seus entes queridos. Então, vi uma piora muito considerável no atendimento dos últimos dois anos. Como gestora de saúde, sei quanto custa um hospital. Um hospital privado em Americana, que faz em média 600 cirurgias, custa R$ 10 milhões. A Chavantes já recebeu mais de R$ 400 milhões. É um valor muito acima mesmo considerando os prontos atendimentos. É um contrato irresponsável, duvidoso e, sobretudo, tenho um descontentamento com o serviço prestado.

LIBERAL | Mas sem a OS, como melhorar o atendimento no HM, candidata?

Não vejo uma possibilidade de não termos uma OS no hospital, porque temos a Lei de Responsabilidade. Não tem como a gente abrir um concurso público para suprir todos os cargos de médicos e toda assistência que a gente precisa, então a minha crítica neste momento é com a empresa em si. Vejo dois caminhos: um consórcio, o que vai demandar tempo, ou continuar com uma OS, mas é preciso ter uma forte atuação administrativa da prefeitura.

LIBERAL | Neste ano, sua coligação conta, inclusive, com o PT, partido que tem bastante rejeição por quem é de direita, que é a principal linha política do povo americanense. Por que, mesmo com essa resistência, incluir o PT em sua coligação? E de qual forma a senhora avalia que essa parceria pode impactar na sua candidatura?

Busquei, a todo momento, parceiros que estivessem de acordo com o nosso plano de governo. Na minha visão política, a polarização serve para destruir famílias e tenho feito grandes esforços para mostrar isso. A polarização serve geralmente aos ‘senhores da política’, que estão aí há muito tempo e que já tiveram a sua chance. Então, me coloquei de forma muito firme de ser uma candidatura de centro. Fiz um convite a todos os partidos de Americana para que, quem entendesse que o nosso projeto é o melhor para Americana, seja bem-vindo a estar conosco e esses foram os partidos. Nós somos uma candidatura de centro que está buscando o diálogo.

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LIBERAL | Recentemente, a senhora publicou uma foto com o governador Tarcísio de Freitas, que já declarou apoio publicamente ao candidato Chico Sardelli (PL). Qual foi a intenção com essa foto?

A ideia dessa foto e buscar uma conversa, é mostrar para o eleitor americanense que eu vou ser uma prefeita que vai buscar os melhores projetos, buscar conversar com quem tiver de conversar para viabilizar o que a gente está propondo. Tive uma oportunidade de estar com ele, fomos muito claros que o apoio dele é para outro candidato, mas ele falou que tem o compromisso de fazer por Americana. Nós entendemos que era importante mostrar para o eleitor indeciso de Americana que a gente tem capacidade política, que a gente está dialogando e que as portas estão abertas para a gente efetivar os projetos.

Candidata do PDT foi sabatinada por profissionais do Grupo Liberal – Foto: Leonardo Matos/Liberal

LIBERAL | Você fala em transformar o DAE em uma empresa pública. O que mudaria na prática? E quais melhorias isso traria?

É a Sanam. Vou fazer isso logo no início do nosso mandato. Já enviar uma lei para a câmara e tenho certeza que a gente consegue o apoio para extinguir a autarquia e criar uma empresa pública. A autarquia dá brecha para muita politicagem e cargo político. Ela também dá brecha, por exemplo, de retirar o dinheiro destinado à agua e ao esgoto para aplicar na prefeitura. Uma empresa pública tem um rigor maior, então os cargos são totalmente técnicos, existem auditorias constantes e de forma alguma o dinheiro pode sair do que ele deve ser usado.

LIBERAL | Essa empresa pública aumentaria a tarifa?

A empresa tem o controle da prefeitura, então estou assumindo que no meu mandato não vamos aumentar a tarifa de água.

LIBERAL | E essa falta de água que você cita está relacionada a vazamentos? Se sim, como resolver?

Totalmente relacionada. A gente perde empresas por conta da insegurança hídrica e porque não tratamos o esgoto. Por R$ 600 milhões a gente troca a rede e existem muitos lugares onde a gente consegue pegar esse dinheiro emprestado a juros baixos.

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LIBERAL | Você fala em estabelecer um prazo máximo de 72 horas para atendimento de vazamentos de água. No entanto, sabemos que há uma demanda muito grande para esse serviço, que também exige outras ações, como remendo de asfalto. Como garantir o atendimento dentro desse prazo?

Nossa primeira ação será contratar uma empresa de ‘caça-vazamento’, porque hoje o desperdício de água está em 53%. Quando a gente faz essa varredura, a gente consegue com uma empresa séria estabelecer prazos muito menores do que hoje. Claro, não é de um dia para o outro que a gente vai conseguir resolver todos os vazamentos em 72 horas, mas entendo que dentro de um prazo de seis meses a um ano a gente já consiga.

LIBERAL | No final do ano passado, a senhora divulgou que foi diagnosticada com esclerose múltipla. Inclusive, na época, disse que chegou a se afastar da política para priorizar a saúde, devido a fortes dores musculares e de cabeça, muitas vezes incapacitantes. E atualmente, como a senhora está de saúde? Essa situação pode limitar suas ações como prefeita, caso eleita?

A esclerose múltipla sem tratamento passa a ser muito incapacitante, né? Eu sofria com muitas dores mesmo. Eu descobri em novembro. Em outubro, foi aprovado um medicamento novo que entrou no Brasil, já está no SUS [Sistema Único de Saúde], que estou tomando hoje e consegue segurar 99% da progressão. Então, posso dizer que sou da primeira leva de pessoas diagnosticadas que está usando esse medicamento muito avançado e que promete dar uma qualidade de vida. Hoje me sinto muito melhor. Das últimas três candidaturas que disputei, sinto que estou no meu melhor momento.

LIBERAL | Reiteradamente, é resgatada a história da reestruturação feita na rede municipal de saúde em 2016, com a participação da senhora, que trabalhava na prefeitura naquela época. Conforme foi divulgado, a ideia era dar outra utilidade para alguns postos de saúde, inclusive a UBS do Centro, que por fim foi inativada e agora a senhora promete reabrir. Outras unidades também acabaram fechadas após essa reestruturação. Qual foi a participação da senhora nesses fechamentos? E o que mudou desde então para a senhora, agora, acreditar que é possível reativar a UBS do Centro?

Não tive qualquer participação em fechamento de postos de saúde. Na época, passei meses na secretaria [de Saúde] como adjunta técnica e cabia a nós estudar como é que as pessoas seriam atendidas nas unidades. Após a decisão [do prefeito] de fazer fechamentos e reestruturação, fiz grandes esforços internos para que ele contratasse esses médicos e a gente pudesse manter as unidades abertas. E foi dito que a intenção era contratar esses médicos. Depois eu volto para a câmara e passo a ter uma trajetória de quatro anos cobrando.

LIBERAL | A senhora tem, reiteradamente, citado o ex-prefeito Waldemar Tebaldi em sua campanha. Mas temos de lembrar que, em 1998, o Tebaldi rompeu com seu pai, José Ricardo Fortunato, que era vice dele e naquele ano decidiu se candidatar a deputado estadual. Houve duras críticas naquela ocasião. Como ficou a relação do Tebaldi com a sua família depois daquele episódio? E a senhora acredita que, se estivesse vivo, o Tebaldi apoiaria a sua candidatura?

Olha, acredito e desejaria muito que ele tivesse me apoiado. Em relação a esse caso, vejo como uma questão política muito natural. Houve uma decisão na época do Tebaldi de apoiar o seu filho e o meu pai também queria seguir a sua carreira. Depois disso, as famílias sempre tiveram uma relação cordial. Eu cresci admirando o Tebaldi, foi algo natural para mim. Lembro, quando pequena, de estar em um palanque de mãos dadas com ele e depois perguntei quem era. Quando me falaram que ele era o prefeito, falei que eu queria ser prefeita. Conversei com a Helô [Tebaldi, filha de Waldemar] e falei que traria para a campanha porque ele é uma referência para mim.

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