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Campinas

Estudo da Unicamp aponta que Covid-19 causa alterações cerebrais

Pesquisa mostra que, mesmo nos casos leves, pode haver alteração, causando uma espécie de “curto-circuito” no órgão

Por Milton Paes

16 de fevereiro de 2021, às 13h43

Um estudo conduzido na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) aponta que o novo coronavírus (Covid-19), mesmo nos casos leves, pode alterar o padrão de conectividade funcional do cérebro, causando uma espécie de “curto-circuito” no órgão.

O estudo se baseia em exames de ressonância magnética funcional, com sequência de repouso, feitos em 86 voluntários que já haviam se curado da infecção há pelo menos dois meses. Os resultados foram comparados com os de pessoas que não tiveram a doença e serviram como controle.

A Covid-19 – mesmo nos casos leves – pode alterar o padrão de conectividade funcional do cérebro, causando uma espécie de “curto-circuito” no órgão – Foto: Agência Fapesp / Divulgação

A professora e pesquisadora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Clarissa Yasuda, revela o que foi detectado até o momento no estudo.

“No cérebro normal, determinadas áreas estão sincronizadas durante uma atividade, enquanto outras estão em repouso. Já no caso desses indivíduos que tiveram Covid-19, notamos uma perda severa da especificidade das redes cerebrais. Tudo está conectado ao mesmo tempo e isso provavelmente leva o cérebro a gastar mais energia e trabalhar de forma menos eficiente”, explica.

A pesquisadora integra o Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (BRAINN), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão
(CEPID) da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O estudo ainda está em andamento e o grupo tem a intenção de incluir mais participantes. A ideia é acompanhar os desdobramentos cerebrais da infecção pelo SARS-CoV-2 durante ao menos três anos.

Segundo Yasuda, ainda não se sabe de que modo o vírus causa essa alteração na conectividade cerebral, mas há algumas hipóteses a serem investigadas. “É possível que a infecção prejudique parte das redes neurais e, para compensar a falha no sinal, o cérebro ative outras redes simultaneamente. Essa hiperconectividade pode também ser uma tentativa do cérebro de restabelecer a comunicação nas áreas afetadas”, diz a pesquisadora.

Outra hipótese a ser estudada pelo grupo da Unicamp é se esse estado de disfunção cerebral tem relação com alguns dos sintomas tardios da
Covid-19 relatados por diversos pacientes, como fadiga, sonolência diurna e alterações de memória e concentração.

Segundo a agência FAPESP, através do estudo a ideia é comparar o funcionamento cerebral de pacientes que apresentam esses sintomas tardios com o de pessoas que se curaram da doença e ficaram sem sintomas. Se essa relação entre hiperconectividade e sintomas neuropsicológicos persistentes se confirmar, será possível pensar em drogas e outros tratamentos capazes de amenizar o quadro.

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